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O chefe do Super-Homem
Por Dark Marcos
29/11/2010

Como vimos anteriormente, a Era de Prata era uma época tão explosiva em matéria de criatividade que até mesmo os personagens coadjuvantes tinham suas próprias revistas mensais. Eram tantas as idéias para se colocar em um roteiro que apenas a revista mensal do super-herói principal não era suficiente para dar conta de todas. Teoricamente era isso.

Super-Homem, por exemplo, tinha, em seu universo, as revistas próprias de Lois Lane e Jimmy Olsen, respectivamente a “mocinha” das histórias do herói e seu melhor amigo (representando o leitor ao lado do personagem). Olsen talvez seja o caso mais gritante de um coadjuvante com revista própria, uma vez que seu peso e influência na “luta contra o mal” não era lá tão relevante. No entanto, suas histórias eram tão divertidas que a revista ganhou popularidade acima do esperado.

Mesmo assim, personagens coadjuvantes (até com um peso maior que o de Jimmy Olsen), nunca negaram o papel que cumpriam nas histórias. Um desses personagens era Perry White, editor do jornal onde Clark Kent (então identidade secreta do Super-Homem) trabalhava, o Planeta Diário.

White é um personagem que não surgiu exatamente nos quadrinhos do herói, mas em um programa (norte americano) de rádio que apresentava suas aventuras na década de 40. Até então, nos quadrinhos, o “chefe” de Clark Kent era o hoje pouco conhecido George Taylor, editor do jornal Estrela Diária. Perry White foi inserido discretamente nos quadrinhos como uma espécie de repórter-mor, mais experiente e líder nato da redação. Eventualmente, por suas características de liderança, acabava se tornando uma espécie de editor interino quando da ausência de Taylor.

O editor se tornou popular entre os leitores e acabou (tão discretamente quanto sua inserção na mitologia dos quadrinhos) sendo focado como principal editor da redação onde Clark trabalhava. Com a mudança, o jornal também passa a se chamar Planeta Diário.

Apesar de nunca ter sua revista própria (sim, tinha potencial para tanto, mas...), White não era um mero coadjuvante. Era “O” coadjuvante, talvez o símbolo máximo dessa posição. Tornou-se indispensável que ele aparecesse em TODAS as aventuras do Super-Homem, por menor que fosse sua influência nas histórias.

Na Era de Prata, essas aparições chegaram a ser exageradas e versões pra lá de bizarras de White apareceram, principalmente na década de 60. Vemos então uma versão futurista espacial, onde ele é editor do Diário do Sistema Solar; uma versão robô, com o seu nome, no futuro da Legião dos Super-Heróis; e até mesmo um sósia vilão (claro, não poderia faltar).

Era uma espécie de chefe ranzinza e enérgico, mas com um grande coração que ganhava o respeito de toda sua equipe. Mais do que um patrão, Perry White era tido por todos como um amigo. O próprio Super-Homem tinha imenso respeito pelo editor, dedicando uma ala de sua Fortaleza da Solidão com o seu nome.

Nos anos 70, com a absoluta popularização da TV nos meios de comunicação, que rivalizava diretamente com a imprensa escrita, Perry White viu o Planeta Diário ser adquirido pela Rede Galáxia de Televisão, tendo como novo patrão o vilanesco Morgan Edge.

O “quase-fim” do personagem levou os escritores a criarem uma trama onde White saía de cena por conta de ser diagnosticado com Mal de Alzheimer. Apesar da idéia ter sido levada adiante, com a reformulação posterior, em meados da década de 80, o editor volta a aparecer e ocupar sua cadeira definitivamente, continuando a dar seus berros pela redação até os dias de hoje.

Perry White ocupa, por direito, o lugar de um dos coadjuvantes mais importantes nas histórias em quadrinhos. Com todas suas peculiaridades e manias... que... aliás, é responsável por levarmos um puxão de orelhas ao iniciar esse artigo. Pois uma das broncas recorrentes de White, que sempre recaem sobre o pobre Jimmy Olsen, é que ele detesta ser chamado de... “chefe”. Desculpe, Sr White!

PS: Perry White recebeu uma inusitada e exclusiva homenagem no Brasil. Para quem não se lembra, o famoso programa Casseta e Planeta começou em 1985 com um tablóide de humor chamado Planeta Diário, que depois se fundiu a revista Casseta Popular e fundaram uma equipe só, a Casseta e Planeta. Com o tempo, tanto o jornal quanto a revista foram cancelados e a equipe de humoristas os substituiu pelo programa de TV, que esta aí até hoje. Mas, voltando ao Planeta Diário brasileiro, adivinhem o nome do editor que vinha estampado no cabeçalho do jornal? Lógico que era Perry White! E dentro do jornal podia-se ler inúmeras reportagens hilárias usando o pobre jornalista como protagonista. Suas reportagens fictícias fizeram tanto sucesso que acabaram virando um livro no final dos anos 80. Com certeza foi a homenagem mais bem humorada e diferente que já fizeram ao “velho homem de imprensa”, como era chamado pelo jornal!

 

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