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Resenha: Maturi – Edição Especial
Por Matheus Moura
24/07/2007

De uns dois anos para cá a produção independente de Quadrinhos brasileiros vêm retomando um novo fôlego, como podemos perceber com a crescente quantidade de revistas que surgem a cada dia. E é neste momento fértil de produção que a revista Maturi ressurge com o lançamento da Maturi – Edição Especial (formato 21 x 28 cm, 32 páginas, preto e branco, ao preço de R$ 7,00 já com despesas postais). A Maturi foi lançada originalmente em 1976 por Aucides e Enock Domingos, e possuía um formato singelo de 8 x 12 cm, sendo ela a continuação de um projeto anterior que durou apenas três números. Esse trabalho desenvolvido – e retomado agora – pelo pessoal de Natal-RN, é fruto do GRUPEHQ - Grupo de Pesquisa de História em Quadrinhos, uma espécie de associação de quadrinhistas riograndenses.
 
Bom, a Maturi – Edição Especial abre com um editorial, o qual apresenta a publicação aos novos leitores contando um pouco sobre cada história e seus respectivos criadores. A primeira HQ, Vaqueiros, foi originalmente feita em 1983 e é escrita e desenhada por Luiz Elson. Nela é contado um pouco sobre o dia-a-dia do sertanejo; os desenhos são tradicionais, algo como Mozart Couto/John Buscema. Na seqüência há as tiras de Aucides Sales, Trombstone, também feita originalmente na década de 1980 e carrega bem as características do período, com um humor social ácido e ferino. Cláudio Oliveira nos apresenta as tiras Traças, com traços e humor simples; nesta faltou a data original de publicação, mesmo que ela seja inédita deveria ter sido mencionado. A maior história da revista é Liberdade, de Márcio Coelho, feita com ótimos desenhos e textos todo em recordatórios que narram a vida de um presidiário; nesta mais uma vez faltou a data de publicação original. Pretérito mais-que-imperfeito, de Ivan Cabral, nos dá a luz de um possível futuro e as coincidências que podem ocorrer; desenhos na linha humorística marcam este trabalho.
 
Quase no meio da revista há o texto Quadrinho no RN, escrito por Emanoel Amaral, Luíz Elson e Márcio Coelho; no texto é contada a história da revista e de outros projetos do grupo, como também o significado da palavra Maturi. A tira Pivete, de Edmar Vianna, tem nos traços semelhança com Henfil, Edgar Vasques e Luscar, tendo também um humor bem especifico de final de 1970 e meados de 1980. Cabra Macho, de Gilvan Lira, é outra HQ com temática sertaneja, feita sem o uso de texto, com os balões preenchidos por desenhos, o que ficou perfeito para a narrativa empregada. As velhinhas, de Márcio Coelho, possui bons desenhos, porém o conteúdo é sem muita representatividade, com piadas um tanto fracas. Zé do Mouse, de Gilvan Lira, ao contrário, satisfaz em ambos os aspectos, fazendo uma crítica interessante a respeitos dos jovens urbanos. Mosca Zezé, de Ivan Cabral, bebe muito da fonte de Graúna, personagem do Henfil que era viciada em levar tiro do Zeferino – dentre outras coisas, claro. No cemitério..., de Williand, é sem dúvida a história com melhor acabamento gráfico, excelente utilização de sombras e, para completar, uma ferroada ao fenômeno global BBB. Para encerrar as HQs, Antônio Silvino “O Rifle de Ouro”, de Emanuel Amaral, feita em 1998 com desenhos bem tradicionais, na mesma linha da primeira história. E ao final, na contra-capa, há a Galeria Maturi, com estudos de Gilvan Lira, o qual é ainda o capista desta edição.
 
De modo geral, Maturi - Edição Especial é mais uma boa revista que merece ser conhecida pelos leitores de todo o Brasil. Para os que se interessarem em adquirir a publicação há o e-mail mjmonteiro@rn.gov.br ou o endereço físico: GRUPEHQ – Rua Minas Novas, 300 – Residencial Sevilha, casa 13 – Neópolis – CEP 59088-725 – Natal-RN. Vale a pena.

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