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Resenha: Jaguara - Guerreira e Soberana
Por Eloyr Pacheco
12/09/2005

Jaguara - Guerreira e Soberana tem tantos pontos positivos que nem merece menção qualquer problema estético, tanto de narrativa seqüencial como de letreiramento, que possa ser detectado.

Conheci Altemar Domingos, o criador da personagem, em 1999 quando ele já batalhava a publicação do que seria inicialmente uma série, e que depois acabou se tornando o álbum publicado pela Via Lettera. Decisão acertada, visto que o melhor mesmo, pelo tema inusitado, seria lançar uma edição fechada (one-shot). Qualquer editor de bom-senso hesitaria e pensaria duas vezes antes de colocar nas bancas em forma de revista um tema tão incomum aos leitores de Histórias em Quadrinhos que, infelizmente, não estão acostumados (nem poderiam estar pela ausência de obras semelhantes) a ver o nosso folclore e cultura transformados em uma.

O grande mérito de Altemar é provar que isto é possível. A índia gigante Jaguara é uma personagem forte, carismática e atraente, e não apenas pelas suas vestimentas sumárias. Uma pequena seqüência dela se recordando da sua infância é colocada excepcionalmente bem em meio a um roteiro bem-elaborado onde a Guardiã do Vale de Jaguaretama, que em meio a um ritual de passagem comandado pelo pajé Tendyberaba, precisa partir em busca da Lança de Tupã para proteger a sua tribo. Durante a busca, Jaguara enfrenta os demônios Jurupari, Saci-Aíba (que primeiro aparece como uma pantera vermelha de seis patas) e Kurupira e também acaba se encontrando com um grupo de exploradores que querem descobrir e explorar os tesouros do vale. No final, um embate entre Tupã e Jurupari fecha a história com chave de ouro.

Caso não fosse ilustrada num estilo "tão Image" e mais à la Vertigo a história causaria arrepios nos leitores. Mas, isso também foi calculado e arquitetado pelo criador e desenhista de Jaguara - Guerreira e Soberana para também buscar atingir o público mais jovem. Requadros desenhados com molduras de cipós e galhos amarrados (algumas páginas inteiras foram feitas desta maneira) ficaram ótimos. Às vezes o leitor precisa prestar atenção na ordem de leitura de recordatórios mal posicionados, o que pode confundi-lo um pouco.

A edição, muito bem cuidada, traz páginas dedicadas à "tradução" do vocabulário e expressões utilizadas na história. Para isto, o autor teve o auxílio do professor Eduardo Navarro, da área de Tupi da Universidade de São Paulo, que, além de assinar o prefácio da edição, também ajudou na pesquisa histórica para a criação do universo da Jaguara.

Também no final do álbum, um painel ecológico destacando os animais que aparecem na história, sendo que muitos deles estão em extinção, como é o caso do Jacaré-Guaçu, da Onça-Pintada e da Suçuarana.

Jaguara - Guerreira e Soberana, não só pelo inusitado do tema, mas também pela sua muito boa realização, merece lugar na coleção de qualquer fã de quadrinhos e ser descoberta por leitores não habituais da Nona Arte.

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