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Bola de Fogo
Por Antônio Luiz Ribeiro
24/04/2011

O Tocha Humana, herói que tinha o poder de literalmente se inflamar e controlar as chamas ao seu redor, surgiu nos Estados Unidos, em 1939, e ficou muito popular durante a Segunda Guerra. Apareceu, além de sua revista própria, em inúmeros "comic books", tanto nos EUA como no Brasil. Com o fim do conflito, sua chama, digo, popularidade, foi se apagando e seu gibi cancelado.

Cancelado, mas não esquecido. Tanto que, cerca de vinte anos depois, em 1967, a editora brasileira Taika resolveu lançar sua própria versão do Tocha. Criado por Wilson Fernandes, o “Bola de Fogo – O Homem do Sol”, embora visualmente igual do personagem americano, se diferenciava deste pela origem. Enquanto que o Tocha era um andróide que se inflamava em contato com o oxigênio, o Bola de Fogo era um alienígena vindo, por incrível que pareça, do Sol.

Como a vida inteligente pôde evoluir no Sol só mesmo na cabeça de Fernandes. Mas, enfim, nosso herói foi treinado desde cedo para uma missão especial: viver na Terra para nos proteger dos invasores de Zargom, um décimo planeta desconhecido pelo Homem. Os habitantes de Zargom, mais evoluídos tecnologicamente que os terrestres, conquistariam a Terra facilmente, por isso o homem do Sol, Gha-Nom, igualmente hi-tech, vem ao nosso mundo para formar a linha de defesa. Ao entrar em contato com nossa atmosfera, seu corpo sofre um efeito colateral e se inflama, permitindo-lhe, entre outras façanhas, voar e disparar chamas. Gha-Nom se torna herói da Terra e ganha o apelido de Bola de Fogo.

Os desenhos de Fernandes estavam nos “conformes”, mas o roteiro era bem fraquinho. Como se não bastasse o argumento inverossímel, a narrativa era pesadona e o herói disparava pérolas como essa: “Falta pouco para chegar à Terra. Vou aterrar na América do Sul... em um grande país, Brasil”, além de outros ufanismos típicos da época. O que compensava tudo era a arte, mesmo.

O final do primeiro número terminava com um gancho: os zargomianos atingem Bola de Fogo com uma descarga de raios, arremessando-o ao mar, aparentemente morto. Só que os leitores não viram o desfecho dessa história, pois o número 2 nunca chegou às bancas.

Bola de Fogo permanece hoje como uma curiosidade daqueles anos 60, “o herói brasileiro que durou apenas um número”, numa época em que os gibis tinham vida mais longa. Talvez merecesse melhor sorte, pois era uma HQ simpática e com desenhos atraentes.

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