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Judoka
Por Antônio Luiz Ribeiro
13/04/2011

Quem está já passou dos 35 anos certamente deve se lembrar com saudade de O Judoka. Lançado pela revista homônima da Ebal, em 1969, como substituto do herói americano Judô Master, que havia sido cancelado nos EUA, O Judoka foi uma espécie de antevisão da febre das aventuras de artes marciais dos anos 70.

Criado pelo escritor Pedro Anísio e desenhado inicialmente por Eduardo Baron, o herói tinha um uniforme bem moderno, mesmo para os padrões de hoje: um colante verde coberto por um quimono branco, com os olhos cobertos por uma máscara.

Na aventura de estréia, publicada no nº 7, era narrada a origem do protagonista: um jovem chamado Carlos da Silva, que vivia apanhando de uma turminha de baderneiros filhinhos de papai, conhece por acaso, certo dia, um misterioso mestre de artes marciais orientais, que vê no jovem uma espécie de seu sucessor. O mestre oferece ao jovem a chance de aprender a filosofia e artes marciais do oriente. Após um longo treinamento, Carlos recebe o uniforme especial e adota a identidade de Judoka. A partir de então, o Judoka vai à forra contra os Apocalipses Now e passa a enfrentar criminosos por todo o país, sempre auxiliado por seu mestre, pela polícia e, a partir do nº 22 (janeiro de 1971), por sua namorada Lúcia, que para surpresa dos leitores também se torna uma Judoka feminina.

O Judoka tinha vários desenhistas: além do citado, desfilavam pelos números os traços de Mário Lima, Sampaio, Fernando Ikoma e Fhaf (iniciais de Floriano Hermeto de Almeida Filho).

Apesar de bem desenhado, O Judoka carecia, muitas vezes de um roteiro mais trabalhado, mais amadurecido, principalmente nos números em que cada aventura se passava numa região do Brasil. O que mais irritava nessas histórias era a ingenuidade política, o ufanismo de, a cada episódio, parar a trama de modo abrupto para mostrar turisticamente nosso país. A impressão que o leitor tinha, às vezes, era que estava lendo um folheto turístico.

Mas os roteiros caretas eram compensados pelo visual das histórias, publicadas em formatão, com capas quase sempre competentes e arte muitas vezes psicodélica e surrealista.

A popularidade do Judoka na época pode ser medida pela sua versão cinematográfica, com Pedrinho Aguinaga no papel principal e Elizângela como Lúcia. O filme acabou influenciando a versão em quadrinhos: o Judoka começou a ser desenhado, em algumas ocasiões, com a fisionomia do playboy Aguinaga, que conferia ao herói uma elegância sofisticada. Além de Aguinaga, pelo menos outro ator "emprestou" suas feições ao herói – Burt Ward. Isso mesmo, Burt Ward – o Robin da série de TV Batman – "interpretou" o Judoka no nº 27 da revista (junho de 1971). O autor da homenagem foi o desenhista Fhaf.

O Judoka foi cancelado no nº 52, em 1972, época em que a Ebal começava seu declínio empresarial. Nem mesmo com o lançamento da revista "Kung fu", dois anos depois, a editora trouxe o herói de volta. E olha que material não faltava, pois muitos quadrinhistas brasileiros tinham o sonho de desenhar o personagem. Três deles, Reinaldo, Alvimar de Anjos e Júlio Bianconi, por exemplo, produziram uma HQ na época, Domínio do terror, que permanece inédita até hoje.

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