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Por Roberto Guedes 31/08/2005
Na ocasião, Colonnese vivia na Argentina, onde havia publicado seus primeiros trabalhos (como o personagem Ernie Pike), e colaborado com a revista El Tony. Fazia parte de uma geração grandiosa de quadrinhistas, figurando ao lado de Alberto Breccia, José Luis Salinas, o chileno Arturo del Castillo e o italiano Hugo Pratt. E mesmo com toda essa efervescência de estilos e qualidade artística, o traço acadêmico de Colonnese se destacou, chamando a atenção dos ingleses. Logo ele estaria produzindo material de guerra para a revista Tide War, da conhecida Fleetway Publications. Sua arte clássica, aliada ao minucioso trabalho de pesquisa realizado com vestuário, armas etc., fez com que fosse premiado com o With Compliments – um importante prêmio inglês. Mas Colonnese ainda estava impressionado com o Brasil, terra natal de sua mãe, e com a idéia fixa que aqui havia todo um mercado a ser devidamente “desbravado”. Com a criação do Código de Ética nos EUA, que cerceava a criatividade e, conseqüentemente, a qualidade dos quadrinhos ianques, uma procura maior por autores e obras nacionais tornou-se patente. Sendo assim, em 1964, Colonnese já estava definitivamente estabelecido em nosso país. E logo, sua presença foi sentida. Com experiência e profissionalismo internacional, faria “escola”, a partir de então. Começou colaborando com a Editormex, onde produziu quadrinhos de romance, muito em voga naquele período. Mas a sua já notória fama o levaria a colaborar para as mais diferentes editoras do país: Outubro, GEP, Jotaesse, Graúna, Prelúdio e Saber, entre outras mais. Em 1967, na ocasião do lançamento dos Super-Heróis Marvel no Brasil, aqui batizados de “Heróis Shell”, devido ao patrocínio dessa rede de postos de gasolina na 4ª capa das revistas da EBAL, e também nos intervalos dos desenhos na TV Bandeirantes; um verdadeiro “levante” de heróis brasileiros tomou de assalto as bancas do país. De súbito, todo mundo passou a criar super-heróis! Colonnese, sempre atento, não poderia ficar de fora, e produziu uma gama variada de heróis mascarados, seguindo o molde norte-americano. De sua mente fértil, saíram: Superargo, Gato, Pele de Cobra e Mylar “o Homem-Mistério” – talvez, o mais famoso deles. Ainda produziria o X-Man (nada a ver com os mutantes de Stan Lee e Jack Kirby), para o Suplemento de Quadrinhos, de Álvaro de Moya. Uma verdadeira raridade! Como as revistas de terror ainda eram muito populares no Brasil, o editor da Jotaesse, José Sidekerskis, sugeriu que o desenhista criasse um novo título de vampiros. Assim, ainda em 1967, nasceu Mirza “a Mulher-Vampiro”. A idéia provou ser muito boa, pois, dois anos depois, o editor norte-americano James Warren lançaria Vampirella, a sansuessuga alienígena de biquini vermelho. Mas a primazia de uma bad girl vampira pertence mesmo a Sidekerkis e Colonnese (e de tabela, ao roteirista Luis Meri). Na década seguinte, Colonnese acabou se afastando dos quadrinhos, e foi trabalhar com ilustração de livros didáticos, após seu amigo de longa data Rodolfo Zalla, o convencer que, assim, poderia ganhar muito mais dinheiro que nos quadrinhos. Embora suas HQs tivessem uma boa saída, o serviço era dobrado e o pagamento não fazia jus ao nível da produção. Trabalhou então, como diretor de arte na Editora Saraiva e, posteriormente na Editora Ática. Nos anos oitenta, voltaria a produzir quadrinhos, paralelo às suas funções na Ática, atendendo a vários pedidos dos amigos, fãs e claro, do próprio coração. A partir deste novo milênio, a Opera Graphica passou a editar vários álbuns com trabalhos do desenhista (Espírito da Guerra, Mirza: A Vampira e Morto do Pântano, entre outros); enquanto Colonnese continua em plena atividade, transmitindo seu conhecimento e experiência aos alunos da ESA (Escola de Artes de Santo André). Uma carreira irrepreensível!
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