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Plim-plins: Por quais globais os sinos tocam?
Por Ruy Jobim Neto
29/03/2006

Danou-se. O que parecia ser doce se acabou. Quando todo ano os cartunistas ficam atiçados, ouriçados com a idéia do Plim-Plim, com a idéia eterna de notoriedade nacional instantânea através do fato de aparecer todos os dias nos intervalos dos filmes... mais uma leva de plim-plins chegará à tela global neste ano; acabaram de ser eleitos... mostrando o que todos sabemos... A verdade cruel de que são sempre os mesmos cartunistas contemplados, com raríssimas exceções, o que beira a demagogia.
 
A “nomenklatura” carioca (ainda é comandada por Miguel Paiva?) do plim-plim acabou de escolher nova leva de vinhetas para 2006. De trinta cartunistas, reduziu-se para 15, para apenas a metade, 50% do ano anterior. Serão as idéias melhores que as do ano passado? Esperemos. Dos anos anteriores para cá foi caindo o número de cartunistas que enviaram idéias para a toda poderosa Rede Globo. Motivo? Simples responder: se em todos os anos pelo menos mais de 70% dos contemplados são da “nomenklatura” carioca, o que resta? Renovação não parece existir. Bairrismo no mais alto grau parece que sim.
 
E as idéias, meu Deus! Alguém viu referências a novelas da Globo, a programas jornalísticos, a desenhos, a programas infantis, a especiais, quando no ano passado a emissora carioca (diga-se de passagem) completou e comemorou seus 40 anos? Vocês lembram da menção a algum material que recordasse a riquíssima programação da Globo? Ou apenas foi uma sucessão de variações sobre o mesmo tema, ou melhor, sobre o logotipo global? Alguém viu menções a Gabriela, O Bem-Amado!, Jornal Nacional, Sítio do Picapau Amarelo, Vila Sésamo, Duas Vidas, Pai Herói, Selva de Pedra, Caso Especial, Chico City, Fantástico, Os Trapalhões ou a personagens maravilhosos como Odorico Paraguaçu, Odete Roitman, Salomão Ayala, Zeca Diabo, Gugu, Garibaldo, Ênio e Beto e os queridos Shazam, Sherife e Cia? Que quarenta anos foram esses? Só foi citado o logotipo! Ou sou eu que estou ficando velho, idoso, passado e nostálgico?
 
Sei de cartunistas que fizeram inteligentes menções ao Jornal Nacional (como o Fausto Bergocce e o Eduardo Baptistão – que são de São Paulo, não se pode esquecer -, só pra ficar com dois artistas de renome nacional) e que não foram contemplados. Sei de cartunistas que fizeram menção aos Trapalhões, aos personagens de Chico City (como Sergio Morettini, outro nome nacional, e igualmente de São Paulo, que coisa curiosa), e há outros ainda que fizeram menção a novelas. Foram contemplados? Não. Sei de gente que pesquisou em livros de História da Globo. Em vão.
 
Será que a “nomenklatura” global carioca diria que a platéia tem memória de ostra, que os elefantes lembram até de mais coisas que o público acostumado a Big Brother e que por isso qualquer programa ou personagem acima citado seria muito esforço pra memória do espectador? Que comemoração mais às avessas, essa! E afinal, indo para um novo ano de plim-plins, a Globo reduz pela metade o plantel de cartunistas, de trinta para quinze, fazendo com que se desestimule: 1) a produção local, regional, pois tudo é concentrado na “Vênus Platinada”, como a Globo era chamada pelo falecido jornalista Ferreira Netto e 2) o pessoal de tentar a fama instantânea, mesmo porque ela não existe no plim-plim, uma vez que a maioria dos plim-plinzeiros são da “nomenklatura” carioca.
 
Ou essa falácia de comemorar quarenta anos da Vênus Platinada era só para mostrar mais e mais o poder da Rede Globo de Televisão? Ou seja, todo mundo tem que se reportar única e exclusivamente a ela para garantir um espaço ao Sol? E os outros canais de TV? E essa campanha sobre a TV aberta, no exato momento em que Hélio (atual ministro e ex-repórter do Fantástico) Costa tenta garantir a TV digital? É... as coisas vão mudando, nem que seja aos pouquinhos... Elas precisam, ao menos, para nossa saúde mental.
 
Puxa, como é gostoso ver cenas de casais na cama, em conversas extensas, na TV dos bispos, destronando e arrancando audiência de Bang Bang e do Jornal Nacional juntos. O público sente. Dia desses eu estava num restaurante universitário, na hora do jantar, e na TV, era exibida a novela das 7 do canal concorrente. Todo mundo sente. Só a Vênus Platinada é que finge não sentir nada. 

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