NewsLetter:
 
Pesquisa:

Dublê de Rei
Por Dark Marcos
22/11/2010

O desenhista Al Plastino começou sua carreira anos antes da Era de Prata, mas foi nela que ficou mais conhecido, principalmente a tudo relacionado aos quadrinhos do Super-Homem. Sua arte esteve presente em momentos tão cruciais desse período, tanto que vários elementos criados nessas histórias ainda repercutem pelos dias de hoje. Tanto os fatos quanto os personagens.

Plastino criou o primeiro visual de vários personagens importantes na mitologia do Super-Homem como os vilões Brainiac, com sua aparência de careca verde com eletrodos na cabeça; o vilão com coração de kriptonita conhecido como Metallo; os heróis futuristas da Legião dos Super-Heróis (presentes nas aventuras do Superboy); e aquela que se tornou uma das mais queridas heroínas dos quadrinhos, a Supermoça, criada em Maio de 1959.

Além de estar ligado ao mundo do Super-Homem, Al Plastino também foi responsável pelas tiras do personagem publicadas em jornais, além das de Batman, para esse mesmo veículo. Era um artista eficiente e um dos poucos a arte-finalizar a própria arte, algo que era pouco comum para a época em que atuou.

O desenhista sempre mostrou carinho para com a profissão e vinha aperfeiçoando sua arte e sua técnica. Enveredou para as artes plásticas e seus quadros são obras notáveis. Apesar disso, chegou a ser taxado como “datado” pelos editores da DC e isso o afastou das revistas mensais, apesar da carreira invejável.

Mesmo sendo injustamente considerado ultrapassado, um episódio curioso em sua carreira ganhou fama justamente por seu traço marcante. Para o bem ou para o mal, Plastino acabou sendo pivô de um dos episódios mais vergonhosos da indústria dos quadrinhos.

Na década de 60, a editora DC Comics, que até então era senhora absoluta do mercado, viu surgir sua maior concorrente, a Marvel Comics, com uma força criativa, artística e conceitual que revolucionou o mundo dos quadrinhos. Até então, essa rivalidade se tornou tão evidente, que poucas vezes se viu artistas de uma trabalhar na outra.

Mas, quando se iniciou a década de 70, a DC beneficiou-se de um golpe de sorte estratégico. O desenhista Jack Kirby, considerado o Rei dos Quadrinhos, e um dos principais criadores dos personagens Marvel, insatisfeito com os rumos criativos impostos pelo escritor Stan Lee... deixa a editora e procura sua principal concorrente.

Até então, era algo para se vangloriar. Kirby era uma espécie de superastro dos quadrinhos e tê-lo em uma equipe criativa era o sonho de qualquer editora... o que dizer da principal concorrente então? Além do que, a arte dele era algo revolucionário em relação aos desenhistas da época. E é aí que começam os problemas...

Kirby escolheu trabalhar com a revista de Jimmy Olsen, personagem pertencente à mitologia do Super-Homem. Sua arte primorosa abrilhantou as histórias do homem de aço desde então. Mas os editores acharam seu Super-Homem... “modernoso” demais. Porém, Kirby já estava lá e só o fato de seu nome estar ligado a DC já era uma grande vitória. Qual a solução? Simples... chamaram Al Plastino, o desenhista com a arte tradicional (ultrapassada, né?), que simplesmente... retocava a arte de Kirby.

Kirby, o “Rei”, claro, ficou ofendido com a situação, mas continuou na editora ou por considerar-se muito novo na casa para reclamar ou simplesmente por orgulho em não voltar para a Marvel. Enfim, com o tempo, o desenhista foi ganhando mais espaço e sua arte era mais divulgada.

Mas Al Plastino teve que colocar a “cara” e a arte para bater nessa importante vitória e uma das reviravoltas mais importantes dos quadrinhos. Tudo para ser considerado antiquado em seguida. O episódio ganhou fama de desrespeitoso em relação aos editores e não a seus artistas que, cada qual em sua época, cada qual em seu período, honraram seu talento que estava acima de ser considerado datado. Tanto Plastino quanto Kirby se tornaram atemporais.

Quem Somos | Publicidade | Fale Conosco
Copyright © 2005-2024 - Bigorna.net - Todos os direitos reservados
CMS por Projetos Web