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Desvendando a Casa dos Mistérios
Por Dark Marcos
14/06/2010

Quando você lê a palavra “mistério” o que lhe vem primeiro a cabeça? Meio vago, não? O termo meio que é irmão da palavra “medo” e traz um sentimento parecido com este, algo que pode estar escondido nas trevas, desconhecido.

No cinema, “mistério” é associado ao gênero que conhecemos como suspense. Algo que pode causar medo, mas não é exatamente “terror”, já que este difere por elementos sobrenaturais. Dessa forma, o termo assume até outros caminhos, como uma história de crime policial, por exemplo. E a coisa vai tão além, que podemos chegar até mesmo a uma história juvenil, pra não dizer infantil. Afinal, o desenho animado Scooby-Doo era bem isso.

Se os quadrinhos passaram por mudanças e evoluções para se adaptarem não só ao mercado, mas a censura das décadas em que a Era de Prata floresceu, o que dizer então de uma palavra que pode ser moldada de tantas formas. Principalmente se ela está tão ligada a um título que sempre se encaixou em várias versões de si mesmo: House of Mystery, a conhecida Casa dos Mistérios da DC Comics.

A revista House of Mystery surgir no início da década de 60 mostrando uma variedade de pequenas histórias ligadas ao tema. Continha tanto histórias de terror, como também contos de ficção científica, investigação policial e até mesmo faroeste. Mas foi com o terror que a Casa começou a fazer sucesso, mesmo porque era um gênero que crescia e caía no gosto de todos os leitores da época. Fez tanto sucesso que incomodou a censura.

Devido a imposição da caça as bruxas da década de 50 (metaforicamente falando, mesmo nesse caso), muitos quadrinhos da época tiveram que podar suas histórias de terror para que ficassem mais bonitinhas. A verdade é que o gênero cada vez dava mais sangue aos leitores e isso tinha que terminar!

House of Mystery, no entanto, com “mistério” no nome para lhe dar tanta desenvoltura a se adaptar em qualquer ambiente, aproveitou o clima de ficção científica de algumas de suas histórias (gênero que não era tão sanguinolento) e rumou para esse caminho. Mais ainda! Adaptou-se ao renascer dos super-heróis, publicando em suas páginas as aventuras de Ajax, o Caçador de Marte, em 1964, herói que muito trazia do clima de ficção que pouco ofendeu os censores.

Com o tempo, a Casa dos Mistérios também abrigou outros personagens do gênero, culminando com o multi-heróico Disque H Para Herói, em que um jovem usava um discador para se transformar em um cem número de personagens. Uma curiosidade: apesar de muitos dos heróis que se transformava serem desconhecidos do grande público, uma dessas transformações serviu para reintroduzir o personagem (quase cômico) Homem Borracha para a editora DC Comics.

Mas o Comics Code Authorithy, órgão que controlava a censura e sanguinolência dos quadrinhos, foi afrouxando o laço e, em 1968, a Casa dos Mistérios nos apresentou o personagem-narrador Caim, que sempre nos contava uma nova história de terror, como nos bons e assustadores tempos passados.
Foi uma mudança com sabor de vingança contra os censores, já que o responsável por essa mudança foi o editor Joe Orlando, que vinha justamente de uma época em que as revistas pingavam sangue com seus contos de terror e foram fechadas por conta disso. A vingança foi mais além, com o passar das décadas, a revista acabaria se tornando berço de editores e criadores que ajudariam a formar o futuro selo chamado Vertigo, responsável por história adultas da DC.

A revista House of Mystery se desviou como pôde e sobreviveu a uma época de censura que levou muitas de suas “irmãs” para o cancelamento. É quase como se a revista tivesse vida própria e usasse seus editores para conduzi-la triunfante por esse período. Claro que nunca saberemos se isso é verdade. Afinal, assim funciona o termo “mistério”.

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