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Resenha: Jornada ao Oeste
Por Cadorno Teles
01/07/2008

A Revolução Cultural Chinesa, orquestrada por Mao Tse-Tung, utilizou para manter o estado constante de luta e superação revolucionário, entre a população, diversos meios, principalmente para fazer propaganda de suas causas e educar as ditas massas. Um desses meios foram os Quadrinhos, por lá chamados lianhuanhua (termologia antiga que dava nome aos Quadrinhos chineses, hoje é usado o temo Manhwa ou Manhua), que serviram como uma forma rápida  e mais eficiente de passar os conteúdos educacionais. Os Quadrinhos já eram feitos na China deste o século XIX, contudo já se fazia narrativas ilustradas muito antes, lá pelo século II a.C. , e os comunistas se apossaram da milenar cultura e os quadrinhistas são convocados para adaptarem diversas obras literárias. Entre as quais, temos Jornada ao Oeste (464 páginas, R$ 42,90), romance clássico, escrito por Wu Cheng'en, publicado no século XVI, que a editora Conrad traz pela primeira vez ao Brasil, em um dos melhores lançamentos para este ano, uma primorosa série que terá três volumes.

Wu Cheng'en se baseou no folclore e nas baladas antigas com experiências pessoais em sociedade para construir a narrativa deste clássico. Na história vemos a viagem que um monge Xuang Zang faz até a Índia em busca dos ensinamentos sagrados do budismo. Com tradução de Adan Sun, a obra e seus personagens, principalmente o companheiro da jornada do monge, o rei dos macacos Sun Wukong, influenciou diversos livros, filmes, óperas, games, peças de teatro e desenhos animados no Oriente; só para citar, o personagem de Jet Li em Forbidden Kingdom é baseado no rei dos Macacos e Son Goku, protagonista do animê Dragon Ball também é influenciado pela lenda chinesa.

A história do monge é real, sua viagem consolidou o desenvolvimento do budismo no Extremo Oriente, mas a mítica do ato reuniu diversas lendas à história real, ganhando diversas versões desta fantástica e divertida aventura, cheia dos nuances da filosofia oriental. Jornada ao Oeste é um marco na literatura mundial, comparado com o épico ocidental a Odisséia de Homero, publicado originalmente por volta de 1590, em plena Dinastia Ming. Uma narrativa divertida, cheia de intrigas, perigos e tentações; demônios, monstros e outras criaturas malignas estão atrás do monge Tang Seng, afinal, basta comer um pedaço da sua carne para ganhar a vida eterna. Para combater tais ameaças, o guarda-costas Sun Wukong vai se utilizar dos seus inúmeros poderes, dignos de um Super-Homem: imunidade contra fogo, água e qualquer instrumento cortante, pode voar montado em nuvens e névoas, carregar uma montanha em cada ombro, ficar invisível e transformar-se em qualquer coisa, seja animal vegetal ou mineral. Vemos aqui, muito antes mesmo da Marvel e da DC existir, um personagem com poderes extraordinários, que mostra a possibilidade dos chineses, além de inventarem o papel, também teriam lançado a idéia dos Quadrinhos? 

Com nove capítulos, a versão em Quadrinhos foi composta por diversos artistas, no formato de dois quadros por página, sem balões e com um texto abaixo dos quadros, o trabalho é uma HQ e ao mesmo tempo um livro ilustrado, com ilustrações detalhistas e uma narrativa bem simples. A edição da Conrad está caprichada, como muito de suas publicações, com ótimo prefácio de Rogério de Campos e introdução histórica do tradutor, será uma série de três volumes, que com certeza encantará pela narrativa e pelos desenhos. Um livro imperdível, Quadrinhos e arte, história e entretenimento.

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