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Resenha: Duma Key, de Stephen King
Por Cadorno Teles
28/05/2010

Já há alguns anos que o mestre Stephen King vem anunciando seu retiro. Em nenhum momento considerou a possibilidade de deixar de escrever ou de publicar. Ao que parece, King analisou que tudo que tinha para dizer já teria dito e o que estava escrevendo era de uma forma ou outra, repetição de fórmulas já escritas... Por suas palavras, poderíamos até acreditar, mas quando deparamos com um romance como Duma Key (Duma Key, tradução de Fabiano Morais, Objetiva, R$69,90), seu último livro, podemos chegar a conclusão: sorte nossa, leitores de bons suspenses, que King não concretizou o intuito.

Duma Key mostra o melhor de King. Mesmo que volumoso, com suas 665 páginas, é de uma leitura cativante e não podemos deixá-lo de lado após as primeiras páginas lidas. Tenho normalmente lido vários livros ao mesmo tempo: romances, sci-fi, quadrinhos, artigos de história, de filosofia, pedagogia, etc. Ao me defrontar com Duma Key, só consegui ler esse fantástico exemplo de redenção da criatividade.

A história nos apresenta Edgar Freemantle, um desses figurões do negócio da construção, que sofre um gravíssimo acidente: um guindaste acerta a caminhoneta que conduzia num canteiro de obras. Seu braço e sua mão direita são amputados, mutilação que acaba afetando sua mente, embaralhando sua memória. A raiva é praticamente tudo o que resta enquanto inicia sua recuperação. Porém, isso não é tudo, devido a seus acessos de ira cada vez mais violentos, leva a sua esposa a pedir o divórcio. Assim, Edgar vê na necessidade de recorrer a algo que parecia ter esquecido: a arte de desenhar. Seu psicólogo sugere uma “cura geográfica”, uma nova vida, longe de Minnesota.

Muda então para Duma Key, uma ilhota na costa da Flórida, para uma casa de frente ao mar, e começa a desenhar com regularidade. Logo, começa a pintar e seu talento se revela tanto como uma dádiva como uma arma. Muitos de seus quadros têm um poder incontrolável. Algo que não é inocente, que gera conseqüências indesejáveis e poderosas, convertendo-se em um instrumento de um ser maligno e inumano.

King nos permite desfrutar de uma história macabra, misteriosa, e, ao mesmo tempo, comovente. Seu talento para construir personagens nos faz sentir, uma vez mais, que estamos a frente de pessoas reais e não produtos de sua imaginação. Wireman, um homem amargurado que se torna amigo de Edgar; a idosa Elisabeth Eastlake; Ilse, a filha de Edgar e o próprio protagonista são alguns dos personagens que, depois de terminar o livro, resistem a abandonar a mente do leitor.

King nos revela a tenacidade do amor, os riscos da criatividade, os mistérios da memória e a natureza do sobrenatural em Duma Key. Entretanto há ainda aqueles que discutem sobre o talento e a qualidade de Stephen King – um certo avanço da crítica e de outros concorrentes, já que décadas atrás ninguém sequer imaginaria algo assim. Todavia, podemos deixar de criticas e comparações, leiam Duma Key.

 

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