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Resenha Tempestade Cerebral #1 e 2
Por Eloyr Pacheco
04/06/2008

Tempestade Cerebral surge num momento muito fértil do Quadrinho Independente e mostra que é possível termos acesso a boas publicações com diferentes propostas. O Brasil, por abrigar tantas culturas, pode ter tantas diferentes formas de Narrativa Gráfica. Super-heróis formaram várias gerações de leitores que, ao se tornarem quadrinhistas, não poderiam deixar de ter essa influência e, ao ter espaço para publicação, claro, colocá-los na “berlinda”.

Tempestade Cerebral #1 abriga alguns destes heróis: Redentor, de Marcos Franco e Gilberto Borba; Os Combatentes, de Danilo Faria, Alex Genaro e Luis Berbert, e Crazy Mary, de Alessandro Scrignolli. A aventura Jornada Temporal, estrelada pelo Redentor, é difícil de ser analisada por se tratar de uma HQ produzida em 1998/99. O roteiro de Marcos Franco e Gilberto Borba busca apresentar o personagem, e o faz, mas não com o impacto merecido. Há um potencial nele que não é explorado. A arte de Borba evoluiu muito desde então (Jornada Temporal está dividida em duas partes e é concluída na Tempestade Cerebral #2). As Raízes da História – Parte 1 – Sementes apresenta Os Combatentes. Infelizmente o excesso de “narrativa em off” cansa e a arte inacabada frustra ainda mais o interesse pela HQ. As marcas de lápis e a oscilação na qualidade da arte tiram o prazer de acompanhar o que está acontecendo. Há potencial, mas sugiro que essa forma de narrativa seja repensada. Crazy Mary é muito conhecida pelas suas HQs na Internet. Essa HQ, que tem roteiro e arte de Alessandro Scrignolli e arte-final de Omar Viñole, é bastante divertida (aqui há um escorregão editorial: Scrignolli está grafado errado na capa da edição. Fica aqui o puxão de orelhas ao editor Alex Mir). A arte da capa é assinada por Luke Oliver.

Tempestade Cerebral #2 tem como novidade: a capa flip flap. De um lado Alex Genaro assina uma arte de Valkíria e do outro Clóvis Valle uma de Força-Mística. As duas capas são muito boas. A pin up da segunda capa, também assinada por Genaro, foi invertida. Isso só pode ser observado porque a assinatura (também invertida) aparece. Valkíria estrela A Fonte da Juventude – Parte 1 – O Mapa. Ótima narrativa e bela arte. A aplicação de tons de cinza também valorizou o acabamento. Genaro surpreende positivamente. O roteiro surpreende o leitor com a apresentação do mundo da personagem. A “bruxa” (?) Força-Mística, também com roteiro de Mir, tem muito potencial. Nesta HQ um explorador encontra um amuleto e liberta uma estranha e poderosa criatura. Embora ainda tenham algumas deficiências, a arte de Márcio Luiz e a arte-final de Simião, mostram força e vitalidade. A arte merece parabéns pelo esforço nos cenários e a arte-final precisa cuidar melhor das hachuras. A parte final de Jornada Temporal, estrelada por Redentor, fecha a Tempestade Cerebral #2.

As duas primeiras edições de Tempestade Cerebral foram bem impressas e bem-cuidadas na parte editorial. Escorregões, como o da grafia errada do nome de um dos participantes e inversão da assinatura de um artista, são toleráveis desde que não se repitam. O papel das edições é muito bom e valoriza a arte, mas o editor não pode admitir artes inacabadas como a da HQ dos Combatentes, que tem até marcas de corte e de lápis aparecendo. O fato desta HQ não continuar na edição #2, mas somente no site Universo Germinante, também pode frustrar os leitores, especialmente os que não têm acesso à Internet. Tempestade Cerebral é um forte título e pode render muito, especialmente com a chegada de Força-Mística e Valkíria. Vamos esperar para ver!

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