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Antes que me acusem de plágio
Por Gonçalo Junior
23/02/2011

No dia 7 de dezembro de 2007, o Blog dos Quadrinhos, do jornalista Paulo Ramos, noticiou, sob o título “O terror está de volta aos quadrinhos. E em 2008 tem mais”, que eu (Gonçalo Junior) e Leônidas Greco pretendíamos lançar em breve a história em quadrinhos "A Cabeça da Noiva", com 140 páginas. “A trama transforma cangaceiros em zumbis”, resumiu Ramos.

Ele citava a introdução da trama: "Diz a lenda que você só extermina um cangaceiro se decapitá-lo". E prosseguia com uma descrição que lhe fora feita por Leônidas: "Depois de uma batalha em que dezenas de cangaceiros são mortos, três soldados são encarregados de decapitá-los, mas cometem um erro: não viram o corpo do chefe, que permaneceu com a cabeça."

O próprio blogueiro continuou: “O cangaceiro-chefe volta à vida na forma de zumbi e sai à caça das cabeças cortadas”.  Mais uma vez, Leônidas: "Isso é feito, mas falta a da noiva do chefe, que fora levada antecipadamente para o comando da polícia como prova da missão cumprida". O resultado é uma guerra entre os macacos (como chamavam os polícias) e os zumbis cangaceiros.

Ramos observou ainda que nós havíamos feito uma prévia em vídeo, disponível em duas versões no youtube desde 21 de novembro de 2007, com 403 visualizações numa delas até a noite de hoje, 9 de fevereiro de 2010.

Relembro tudo isso preocupado em me antecipar a um fato que parece-me inevitável: quando essa HQ for publicada, talvez escrevam ou digam ou apontem algumas semelhanças com o premiadíssimo álbum “Bando de Dois”, de Danilo Beiruth, publicado no final do ano passado pela Zarabatana Books. E, quem sabe, digam que chupei essa belíssima graphic novel.

Ambas as histórias trazem cangaceiros como protagonistas. Ambas falam da busca por cabeças cortadas para que cangaceiros mortos encontrem seu descanso eterno. Nas duas histórias, as cabeças são levadas para a cidade num carro de boi. Não quero com isso tirar qualquer mérito do elogiado álbum, que gostei muito. Mas sinto a necessidade de deixar esse registro aqui.

Não deixa de ser curiosa outra coincidência. A abertura com páginas mudas de “Bando de Dois” traz um cangaceiro se arrastando pelo calor insuportável da caatinga, quando ele tem a visão do seu chefe, acompanhado de outros comparsas, que lhe pedem para recuperar suas cabeças. No meu álbum “Claustrofobia”, em parceria com o mestre Julio Shimamoto e publicado pela Devir em dezembro de 2004, há uma HQ de cangaceiros que começa mais ou menos assim: um sertanejo se arrasta com a mulher no calor insuportável do sertão, em busca de água. Ela morre e ele prossegue. Até que encontra um cangaceiro morto e tem uma alucinação, na qual ele passar a fazer parte de um bando de cangaceiros.

Repito, ao que me parece, tudo não passa de meras coincidências. E antecipo aqui a minha humilde defesa.

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