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Entrevista: Alan Yango
Por Eloyr Pacheco
20/02/2009

Sua criação máxima se chama Maximus! Nesta semana ele divulgou uma arte de capa de Carlos Paul e João Silveira (veja aqui) que chamou muito a atenção dos fãs de Quadrinhos Nacionais. Crepúsculo, outra criação sua, foi publicado na forma impressa na Tempestade Cerebral #4 (saiba mais aqui). Seu universo de personagens foi batizado por ele de Yangoverso, mas ele não parece ser egocêntrico, apenas muito entusiasmado. Estou falando de Alan Yango, um dos quadrinhistas mais prolíferos no meio independente no momento. Nesta entrevista Yango comenta sobre seus projetos, suas criações, a comentada capa e dá detalhes das revistas que está prestes a lançar.

Como surgiu seu interesse e como foi que você começou a ler Quadrinhos?

Eu era garoto, ainda. Tinha aprendido a ler há pouco tempo e devorava tudo de leitura que me aparecia à frente. Sempre fui um leitor ávido. Um certo dia vi um primo meu com alguns gibis, o que me despertou o interesse de pronto. Passei então a copiar os desenhos e não parei mais. Não posso dizer qual foi, especificamente minha primeira HQ, mas a que me vem à memória de imediato é uma em que havia um combate entre o Superman e o Capitão Marvel, publicado pela Ebal, salvo engano.

Quais seus personagens preferidos?

Cara, são vários. Da DC posso citar o Capitão Marvel, o Batman e o Espectro. Em se tratando da Marvel, cito o Hulk, o Demolidor e o Surfista Prateado. Entre outros, curto bastante as HQs do Hellboy.

Já que você curte o Hellboy: o que achou das adaptações dele para o cinema?

Gostei bastante, principalmente por que admiro o trabalho do Guillermo Del Toro. O cara manda muito bem.

Quais os desenhistas e roteiristas que o influenciaram?

Entre os desenhistas: John Byrne, John Buscema, Alan Davis e Neal Adams. Já quanto aos roteiristas: Alan Moore, Neil Gaiman, Grant Morrinson e Frank Miller. Sempre curti muito o trabalho desses caras. Quando eu crescer, quero ser que nem eles (risos).

Quais os seus Quadrinhos prediletos entre estes que você mencionou?

Sinceramente, eu poderia citar tudo o que esses caras já fizeram de bom, afinal, gosto de tudo um pouco: o Monstro do Pântano, do Alan Moore; A Queda de Murdock e os trabalhos que o Miller fez com o Batman; Clã Destino, do Alan Davis… a lista é imensa!

Você é autodidata? Qual a sua formação?

Sou autodidata. Aprendi a desenhar na marra. Com muito suor, críticas e falta de apoio por parte da família. Se hoje não sou um desenhista de ponta, foi muito por desânimo da minha parte frente às várias dificuldades que se puseram à minha frente. Mas vendo meu filho de seis anos se iniciando no desenho, posso dizer que a semente que eu plantei há de frutificar. Com certeza o garoto vai ter todo o apoio que eu não tive.

E qual a sua profissão?

Atualmente estou desempregado, tentando fazer dos Quadrinhos a minha vida. Mas sou formado em Direito pela UFPA. Não atuo na área por não me achar safado e mentiroso o bastante para advogar (risos).

Como foi que você começou a desenhar Quadrinhos?

Comecei a fazer Quadrinhos em meados de 1986. Na época eu conheci uma galera no colégio em que estudava que curtia Quadrinhos, desenhava... Nos unimos e resolvemos produzir algumas HQs. A minha era algo no estilo Caverna do Dragão. Diga-se de passagem, pretendo refazer essa HQ ainda esse ano e lançá-la em revista.

Qual o primeiro personagem criado por você?

Criei meus primeiros personagens em meados de 1982, 1983. Não posso precisar qual foi o primeiro, mas me vem à memória o Defensor, que serviu de base para a Defensora, que tem uma HQ publicada no blog do Yangoverso Quadrinhos e vai ser uma das titulares da revista Yangoverso HQ que pretendo publicar nos próximos meses.

Você tem acompanhado o atual movimento do Quadrinho Independente? O que acha dele?

Não tenho visto muita coisa, mas o pouco que cai em minhas mãos me agrada. Acho bacana a iniciativa da galera de manter viva a chama do Quadrinho nacional. Espero que 2009 seja um ano de grandes revelações nesse campo.

Do que você tem visto, o que acha legal?

Acho que o Penitente, do Lorde Lobo é um personagem muito bacana. Até cheguei a escrever um roteiro pra ele, que o Lobo gostou bastante. Era uma HQ de lobisomem, que o Lobo achou melhor adaptar para um chupa-cabras. No momento estou escrevendo um encontro entre o Penitente e o Crepúsculo.

Como é seu sistema de criação de roteiros?

Bom, eu primeiro faço uma sinopse da história que tenho em mente, depois vou destrinchando página a página, quadro a quadro, da maneira que possa facilitar a vida de quem vai desenhar. Posso afirmar, com toda certeza, que meus roteiros não são nenhum bicho de sete cabeças. Como sou desenhista também, sei como é sacal ter em mãos um roteiro que, ao invés de ajudar, dificulta as coisas.

Como surgiu o Yangoverso?

O Yangoverso surgiu com o projeto de publicação da revista do Maximus por um selo independente de Quadrinhos. Originalmente ele sairia pela DTC, do meu amigo Diogo TC, mas depois, resolvi tomar as rédeas da situação e montar meu próprio negócio. Nada contra os projetos do Diogo, afinal sou fã dos trabalhos dele e torço pelo sucesso da DTC.

E como será a revista do Maximus?

A primeira edição será composta de quatro HQs curtas: Males do Mundo, na arte do Márcio Henrique; Quem é o Maioral, desenhada pelo grande Seabra, um cara que eu admiro de longa data; Isabela, feita pelo Emmanuel Thomaz, que já publiquei no blog do Maximus, mas sofreu uma ligeira repaginada para ser incluída na revista; e Sinal de Esperança, desenhada por Carlos Paul, que trabalha para a Dynamite Entertainmet. A capa foi pintada por João Silveira, que pinta as capas do Conan, para a Mythos. A revista terá 28 páginas, miolo em p&b, 17 x 26 cm e custará R$ 4,00.

Quais são seus planos para o Yangoverso?

Expandir, gradativamente os horizontes. Inicialmente lançarei a revista do Maximus, seguida pela Yangoverso HQ. Estou com uma boa equipe de desenhistas, todos de grande talento, me acompanhando em meus vários projetos. Tenho certeza que o Yangoverso vai dar o que falar esse ano.

Tem previsão de lançamento?

Isso está sendo bastante complicado. A revista já devia ter sido lançada desde janeiro, mas conseguir anunciantes para ajudar a bancar o projeto é uma tarefa inglória. Infelizmente muitos empresários ainda acham que revista em Quadrinhos é coisa para crianças, que anunciando ali não vão alcançar o público que almejam para os seus negócios. Espero que até a metade do mês de março tudo esteja resolvido e a revista nas mãos da galera.

Então você depende exclusivamente de anunciantes para lançar as revistas? Não estou sendo pessimista, mas, e se eles não vierem?

Na verdade, estou em busca de anunciantes porque seria meio dispendioso bancar essa empreitada sozinho. Se por acaso eu não conseguir fechar com nenhum, o jeito vai se encarar na raça.

Quais os principais colaboradores na produção do Yangoverso?

Sem sombra de dúvidas, minha pequena equipe de grandes talentos: Márcio Henrique, Alex Barros e Emmanuel Thomaz. Esses caras são feras que, com certeza, ainda tem muito a mostrar.

Gostei bastante da HQ do Crepúsculo na Tempestade Cerebral #4. Além do personagem ser muito interessante, o desenho do Emmanuel Thomaz é muito singular... Como será a sua participação na Tempestade Cerebral?

Na verdade, aquela participação foi única. Meus planos para o Crepúsculo o incluem na revista Yangoverso HQ, que pretendo lançar nos intervalos da revista do Maximus.

Como será feita a distribuição das revistas?

Aqui em Belém, será na base da negociação direta com as revistarias e bancas. No que diz respeito aos outros Estados, a venda será via Correios mesmo. Assim que a revista estiver pronta estarei divulgando o nº da conta bancária para depósito.

O que você acha do atual movimento de Quadrinho Independente no Brasil?

Acho que tem tudo para deslanchar. Vejo que cada vez mais autores independentes despontam com suas obras Brasil afora e isso é maravilhoso. Infelizmente ainda nos falta conquistar um público dentro de casa, haja visto que tem muita gente que curte Quadrinhos, mas só gosta de Marvel, DC, mangá… Quando se fala de Quadrinho Nacional, torcem o nariz. Precisamos muito conquistar essa galera.

Obrigado, Alan, pela entrevista. Desejo muito sucesso para seus planos e lançamentos. Valeu.

Eu que agradeço, Eloyr. Sucesso para nós. Abraço.

O Bigorna.net agradece a Alan Yango pela entrevista concedida por e-mail e concluída no dia 18 de fevereiro de 2009

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