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Entrevista: Allan Sieber
Por Eloyr Pacheco
06/09/2007

O primeiro quadrinhista a ser entrevistado pela segunda vez no Bigorna.net é ninguém mais, ninguém menos que Allan Sieber! Sem papas na língua e não poupando ninguém (risos.), Allan solta o verbo nesta entrevista concedida por e-mail. Neste bate-papo ele fala de tudo: da F, do Mais Preto no Branco, da Toscographics, do Pereio, dos Simpsons... Confira!

Quais as suas fontes de inspiração?

Eu mesmo e minhas misérias. Além da observação das idiotices alheias. É só você não ficar o dia todo com uma merda de um Ipod enfiado na orelha que você consegue ouvir muita coisa boa. "Boa" no sentido de material para o trabalho. Conversas no ônibus, no metrô, em botecos, em festas. As coisas estão no ar, é só ter a disposição - e o estômago - de capturá-las.

Como foi sua experiência com a revista F?

A revista nunca teve uma distribuição 100%, e quando teve algo perto disso, também não vendeu muito bem, mas a F realmente foi uma experiência e tanto. Era uma revista que não levava em conta o Grande Parque Temático de Maricas  - palavras do Mestre Zen Arnaldo Branco - que o mundo teima em se tornar. Não tinha editorial, não tinha porra nenhuma escrito na capa, era só o que interessava, sem digressões. Aliás, me adianto e falo logo que esse esquema das capas era inspirado diretamente na New Yorker. Se é para copiar a NY prefiro a F do que piauí. E ainda fazíamos fotonovelas. Com gatinhas... Não sei porque deu errado. Mas eu, Leonardo, e o Arnaldo seguimos firmes (??) e vamos fazer outros números. Talvez num formato livro, porque a banca realmente não tem condições, é muita revista, um caos. Melhor fazer algo pra vender na livraria. Algo no formato da - faz tempo – extinta Raw, ou falando para os aborígenes, no esquema da paulista Front. Mas não será tão ruim, claro.

Realmente as bancas de revistas estão caóticas! Falando na Front... Ela tem altos e baixos, creio que tenha sido melhor nos tempos do Kipper, não acha?!

Acho que ela só tem baixos mesmo. Já vi umas coisas do Fabio Zimbres por lá, mas faz muuuito tempo. E acho que era à revelia, porque ele é um cara sério. Eu mesmo uma vez publiquei algo lá, mas imediatamente me arrrependi. Era um saco de gatos. E a maioria deles com um discurso incompreensível. Quanto ao Kipper, acho que ele já tem problemas o suficiente. Mas a medicina está  aí pra isso.

Preto no Branco saiu pela Conrad, e Mais Preto no Branco pela Desiderata. Essa troca foi vantajosa? Seu passe é caro?! (risos)

Gosto das duas edições, mas fiquei bem satisfeito com a edição da Desiderata. Bastante criteriosa. Respeitaram o que eu pedi e ainda fizeram mais. Grande editora. O prefácio do grande Fausto Wolff é uma das poucas coisas que levarei para a cova. Ah, e meu passe é CARO.

Vi no site da Toscographics que você pretende fazer uma série de animação para TV do Vida de Estagiário. Como está rolando este projeto?

Isso é para vender fora do país. Aqui, por algum motivo obscuro, as emissoras preferem queimar dinheiro em coisas horrendas como aquele lixo das Avassaladoras (Deus...) ou num remake vagabundo de Desperate Housewives, mas JAMAIS investirão em animação. Culpa de quem faz animação no Brasil - péssima em conteúdo e boa de qualidade, mas isso só funciona em filme pornô - e culpa dos Zé Ruelas que cuidam da programação das TVs. Quando eu vejo uma coisa como aquele Mothern do GNT (a pessoa que teve essa idéia cretiníssima pro título merece uma estátua), entendo tudo. O mundo é dos idiotas.

Agora na TV a grande briga é Chaves versus Tom & Jerry!

Faz sentido. Nada que se produz na TV brasileira hoje em dia supera esses dois. Talvez só as coisas do Hermes & Renato.

Qual a crítica que você mais gosta e qual o elogio que você mais odeia?

Gosto da crítica "Allan, você enfia com muita força" (sotaque carioca, por favor) e do elogio "Allan, como você enfia com força" (sotaque carioca, por favor).

O Pereio é gente boa?

Um gentleman. Mas não falo mais com ele porque estou com vergonha de nunca ter terminado o documentário Pereio Eu Te Odeio por falta de grana e tempo. Além de ser um gentleman é uma das pessoas mais cultas que já conheci e possui um Senso de Escrotidão apuradíssimo. Um gênio.

A abertura do Sem Frescura foi você quem fez... Ele interferiu ou deixou tudo contigo?!

Não, em ambas aberturas tive liberdade total. Muito bom.

Qual o último livro ou HQ que você leu? Qual o último filme que você viu?

O último livro que eu li foi A Praia do Ian McEwan, o último Quadrinho foi O Livro Negro de André Dahmer - obra-prima - e o último filme, o dos Simpsons. Tenho critérios.

Gostou do filme dos Simpons?! Gosto muito da série, mas acho que eles nunca deveriam ter ido para a telona...

Eu adorei. Lindo mesmo. Hoje em dia o pessoal é acometido da doença – ou nevrose, como diria o João do Rio – da novidade, então tudo que tem mais de 3 anos de duração é uma merda, o melhor é sempre o próximo, o próximo, e o próximo do próximo. É a síndrome da criança mimada, têm tudo e quer mais. Mas na minha mão esse tipo de veado não se cria.

Valeu, Allan. Obrigado pela entrevista.

Beleza. Nada como dar entrevistas bêbado.

O Bigorna.net agradece a Allan Sieber pela entrevista concedida em 24/08/2007

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