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Entrevista: Allan Sieber
Por Leonardo Pascoal e Luiz Henrique
10/10/2005

Este bate-papo foi realizado com Allan Sieber há exatamente um ano. Permaneceu "engavetado" desde então e, agora, vem ocupar este espaço para, finalmente, cumprir o objetivo com o qual foi feito: externar a opinião, os gostos e preferências deste artista multifacetado que vem se destacando cada vez mais no cenário nacional de quadrinhos e de animação. Com vocês: Allan Sieber. Boa leitura!

Quais as suas referências em quadrinhos? Você possui influências no underground americano?

Gosto de vários caras brasileiros, como Angeli, Jaguar e Reinaldo, mas fui mega influenciado pelo quadrinho americano de caras como Crumb, Shelton e depois Kaz, Peter Bagge, Doug Allen e Lloyd Dangle.

Qual a sua formação (se fez algum curso ou se é autodidata)?

Completei o Segundo Grau em um supletivo caça níqueis.

Como foi o seu início de carreira? Qual foi o seu primeiro trabalho?

Meu primeiro desenho pago foi aos 18 anos, umas ilustrações para um jornal de psicólogos de Porto Alegre. Logo depois fui trabalhar no estúdio de animação do Otto Guerra, onde conheci o pessoal que estava fazendo quadrinhos, como Guazzelli, Schiavon, Adão e Fabio Zimbres.

Há quanto tempo desenha? Você começou desenhando, fazendo roteiro?

Eu desenho desde pequeno - mesmo assim nunca aprendi. Meu pai era desenhista publicitário e sempre tinha muito material de desenho pela casa toda. Eu era um quase autista e passava meus dias desenhando e brincando com amigos imaginários. Bons tempos. Sempre pensei em roteiros, nunca separei isso do desenho. Até porque meu desenho é uma merda.

Você acha que a publicação em internet tem futuro?

A internet possibilita o sujeito a expor seu trabalho para um grande número de pessoas, mas a idéia final é a publicação em papel. Ninguém leva um computador para o banheiro. Quer dizer, deve haver quem leve, mas eu prefiro não conhecer esses caras.

Há espaço para venda de histórias em quadrinhos em banca?

Acho que sim. O problema é que hoje tem uma avalanche de revistas de todos os tipos e é difícil achar as coisas na banca. É realmente muita coisa. Mas lançamos aqui no Rio uma revista chamada F e estamos ansiosos para ver o que acontece com ela.*

Entre os trabalhos que você desenhou, há algum preferido?

Gosto de todos.

Qual o trabalho que obteve maior repercussão?

Acho que foi o curta Deus é Pai, de 1999. Por causa dele decidi abrir um estúdio de animação no Rio de janeiro, onde estou até hoje.

Você se considera metrossexual?

Mas que porra de pergunta é essa?

Segundo o Eloar (Guazzelli), você é a pessoa certa para falar da cena gaúcha. Discorra sobre ela.

Eloar, veja bem, esse sujeito com nome de menina vem me recomendar para falar da "cena gaúcha", então tá. No Sul existe algo que impele as pessoas a criarem coisas interessantes e malucas, não sei bem o que é, mas o fato é que de tempos em tempos as coisas mais doentes que se vê em música ou desenho vêm do Sul. Estranho. Eu já detestei mais Porto Alegre, mas estive lá recentemente e achei uma cidade mais agradável do que me lembrava.

Você considera o texto mais importante do que a imagem?

Sim. E a coisa que mais se vê são desenhos lambidos envolvidos com textos que parecem ter sido escritos por uma criança de 5 anos.

Qual a sua opinião sobre os editores de quadrinhos no Brasil? Há espaço para crescimento no setor?

Os editores deveriam ser mais corajosos. Mas está havendo um novo levante de publicações e álbuns e vamos ver o que acontece.

Seu trabalho na Toscographics influencia o seu trabalho nos quadrinhos?

Um é decorrência do outro. O trabalho é quase o mesmo.

Cite cinco quadrinhistas brasileiros que você gosta.

Schiavon, Fabio Zimbres, MZK, Angeli e Laerte.

*A revista F, publicada pela Hy Brazil Editora/Gibiteca Editorial acaba de ter sua 3ª edição lançada durante o 4º FIQ realizado em Belo Horizonte.

Leonardo Pascoal (//inteligivel.com), Luiz Henrique (//esquindolele.blogspot.com) e o Bigorna agradecem a Allan Sieber pela entrevista realizada em outubro de 2004.

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