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Os Dez Melhores Gibis de Will
Por Marcio Baraldi
02/08/2010

O suspeito de esconder dez gibis espetaculares no baú desta semana é o quadrinhista e publicitário paulista Will. Convocado para depor, após uma denuncia anônima, Will caiu em contradição e acabou confessando onde estava o baú e quais eram os dez gibis procurados. O Departamento policial do Bigorna agradece a ajuda valiosa do defensor da lei Sideralman, que auxiliou a capturar o suspeito, bem como ao jornal Gazeta da Nova Luz, que cobriu o processo investigativo com extremo rigor e imparcialidade. Fiquem agora com os dez gibis resgatados sãos e salvos!

Os Dez Melhores Quadrinhos de Todos os Tempos
por Will

Como eu já tenho uma certa idade a maioria das minhas referências e preferências estão em publicações mais antigas, de qualquer forma, sempre é difícil a tarefa de eleger somente dez quadrinhos. Essa lista não obedece uma ordem de importância propriamente dita já que todas me marcaram de diferentes formas e eu percebi que sou um cara que aprecia mais o conjunto da obra do que esta ou aquela história em particular.
Antes, porém, preciso dizer que comecei lendo Disney, pessoas da minha geração muito dificilmente escapam deste início, meu primeiro desenho foi do Mickey só para vocês entenderem. Depois pulei pro Maurício de Sousa, lia a Turma da Mônica mas sempre curti mais Horácio, Piteco e o Astronauta, não tenho lembranças de uma história específica, talvez uma em que o Cebolinha falava "superfulo" na verdade ele queria dizer "supérfluo" daí eu fui entender o significado desta complexa palavra, coisa de criança. Faço esse destaque porque o mérito de ter lido Maurício foi o fato de ter percebido que eu também podia desenhar profissionalmente. Demorei mais que ele e não com tanto sucesso, mas tá valendo, então vamos lá:

1 – Spirit - Will Eisner
Todas as HQs de Spirit feitas por Eisner são muito boas, mas aqui eu destaco a história que me cativou de vez para o personagem e seu criador, A Mansão de Hangly Hollyer, que li numa edição do Gibi da RGE, ainda nos anos 1970. Para variar é uma HQ em que o Spirit é só um coadjuvante, como são todas as melhores histórias do personagem. Me impressionou naquela época principalmente os desenhos já que eu estava acostumado ao traço mais clássico (Marvel e DC) ou infantil. Os enquadramentos, a luz e sombra foi para mim o ponto alto e me ganhou de cara! Só para lembrar o Gibi tinha o famoso formato gigante, imaginem como era bonito de ser ver aqueles desenhos! Hoje não tenho mais a edição onde a li pela primeira vez, mas tenho a HQ numa republicação da L&PM de 1986.

2 - Major Fatal - Moebius
Sim, minha edição é aquela da L&PM, em P/B mesmo, do finalzinho dos anos 1980! Você só descobre que é a famosa Garagem Hermética depois que começa a viagem. Eu já conhecia o autor de outras coisas mas essa HQ para mim mostra como um cara consegue, sem se prender a nenhuma sequência lógica, construir uma narrativa primorosa como essa. A mudança de estilo que ele mesmo emprega durante a narrativa também me chamou atenção. Sabemos hoje que houve dificuldades de prazo para publicar o material mas isso não tira o valor.

3 - Batman, o Cavaleiro das Trevas - Frank Miller
No dia em que abri o Caderno 2 do Estadão e li a matéria sobre esse quadrinho só queria saber quando é que isso ia sair no Brasil! Lembro que mesmo em lua de mel com minha esposa eu tive que comprar o número 2 antes mesmo de voltar para Sampa porque não aguentava a expectativa para ler a continuação! Imaginem só a bronca que tomei da patroa (risos)! Isso foi numa época em que Frank Miller ainda sabia contar uma boa história e em que "crises", "noites densas" e "dias claros" não assombravam a DC. Ainda é o Batman que eu gosto!

4 - Piratas do Tietê - Laerte
Guardo a coleção completa dessas revistas com muito carinho, a publicação original da Circo/Sampa. Foi
um momento único para os quadrinhos nacionais, Laerte era um gênio! Aliás acho que ainda é, não curto tanto a fase atual, mas é!!! A cada edição que saia era um deleite, HQs memoráveis foram publicadas ali, a do "Fernando Pessoa", "Silver Joe", a hilária "O segredo do morcego","Interlúdio para 3 negões e karaokê", a do cara que vai pelado para a palestra, a do encontro dos piratas com o Fantasma então, é simplesmente brilhante! A revista marcou um período da minha vida, sem falar nos desenhos, Laerte atingiu seu melhor momento graficamente ali. Eram realmente muito bons! Nunca mais tivemos uma revista seriada nacional como aquela e, me perdoem o saudosismo, mas vendia em banca de jornal!

5 - Camelot 3000 - Mike W. Barr e Brian Bolland
Li essa série ainda no formatinho da Abril. Uma HQ que misturava lendas arthurianas com ficção científica era tudo o que eu queria, são duas coisas que eu gosto muito. E ainda vinha com uma pitadinha de "vidas passadas". O melhor da história é que apesar da maioria dos personagens estarem ligados às suas encarnações anteriores eles mantinham suas personalidades e portanto o seu comportamento não seguia a mitologia original o que provocava várias mudanças de rumo durante a trama. Essa foi uma das poucas HQs que eu comprei quando relançaram em formato americano.

6 – Sandman - Neil Gaiman
Para mim essa é a melhor coisa que permeou uma década inteira de histórias em quadrinhos! O melhor de todos os arcos da maxi-série é Estação das Brumas, mas a história individual que eu destaco é a que está na edição número 4, o primeiro confronto entre Morpheus e Lúcifer. O Inferno ser comandado por um triuvirato mostra bem ao que vem a série. A obra é claramente uma HQ de roteirista, numa época em que os desenhistas brilhavam soberanos. Na série, Sam Kieth e Kelley Jones, os melhores.

7 - Watchmen - Alan Moore e Dave Gibbons
Para quem, como eu, ainda lia quadrinhos de super-heróis nos anos 1980 foi um ponto alto do gênero. A trama elaborada, cheia de referências e sub-textos. Neste tempo, já trabalhando na área de ilustração, tive também um olhar mais gráfico para o trabalho. A forma de diagramar as páginas a apresentação do material de apoio à história principal. Acho que o Dave Gibbons foi o último desenhista com um traço mais clássico que eu acompanhei.

8 -100 Balas - Brian Azzarelo e Eduardo Risso
Mais um caso em que eu curto a obra como um todo! Quando leio este gibi parece que estou vendo um daquelesbons filmes policiais, com todos os elementos necessários a esse tipo de história. Para destacar, o arco que eu mais gostei foi o do "Cara de Múmia". O personagem é sacaneado de tudo quanto é jeito, sua identidade é um mistério, mesmo vencendo, ele perde! Pena que no Brasil, quem curte a série ficou a ver navios com a interrupção da Opera Graphica e a não continuidade ou uma continuidade muito irregular pela Panini.

9 - Estórias Gerais - Flávio Colin e Wellington Srbek
Pode parecer puxação de saco mas não é! Sou amigo do Srbek mas essa HQ é um dos trabalhos que considero uma lição de como fazer bom quadrinho. Sempre admirei o Colin, infelizmente cheguei tarde nesse mercado e não pude conhecê-lo pessoalmente. Li o material de uma vez só, a narrativa flui primorosamente, o estilo visual do Flávio não te deixa parar de ler. É um deleite, pena que ele não tenha tido o devido reconhecimento em vida que merecia!

10 – Hellboy - Mike Mignola
De novo aqui eu curto o personagem seja onde for e como for, para mim uma das grandes criações
recentes no mundo dos quadrinhos! Em 16 anos o personagem se transformou num sucesso, Mignola conseguiu unir mistério, terror, suspense, fantasia, mitologia e fatos históricos numa mesma narrativa sem embolar as coisas. Também criou um universo de personagens que o acompanham dando o suporte certo para as tramas. Esse foi outro caso em que li sobre o personagem e fiquei na expectativa da sua publicação no Brasil. Acho que a HQ que eu vou preferir destacar é a da origem mesmo, Sementes da Destruição, que já apresenta todos os elementos que dão o tom da série. É preciso dizer que nesta primeira história o roteiro é do John Byrne.

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