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Artigo: 300 e a revolução dos épicos
Por Fábio Azevedo*
30/03/2007

Parece óbvio que uma trama como a de 300 faria sucesso, mas Hollywood esperou mais de 40 anos para dar crédito e recontá-la nas telonas: Os 300 de Esparta, de Rudolph Mate, foi filmado em 1962. O longa 300 conta a batalha das Termópilas, grande episódio histórico das Guerras Médicas, em 480 A.C., e tem o Rei Espartano Leônidas (Gerard Butler) como líder da resistência, que diga-se de passagem, merece atenção neste fenomenal papel, que certamente o levará ao topo da lista de astros de Hollywood.

Ver o audacioso Rei de Esparta enfrentar, com apenas 300 homens, centenas de milhares de soldados persas que tem como líder o imponente Rei-Deus Xerxes (Rodrigo Santoro), é realmente de tirar o fôlego. O filme é um show de efeitos visuais, com cenas monumentais ao melhor estilo sandálias e espadas. O diretor de 300, Zack Snyder que veio do mercado publicitário e dos videoclipes, surpreendeu a todos, depois de ter refilmado um dos clássicos do terror, O despertar dos mortos, de 1978, e agora ganhou todas as atenções adaptando uma das obras em Quadrinhos mais cultuadas do mundo, a graphic novel Os 300 de Esparta, de Frank Miller.

Todos nós sabemos que não é nada fácil agradar ao universo de aficionados em Histórias em Quadrinhos, mas Snyder não deixa a desejar, melhor, ele refaz o gênero e reformula o conceito dos épicos em Hollywood. Com closes e takes que mais parecem páginas da própria obra de Miller, o diretor consegue ser fiel ao primoroso cult das HQs. Os filmes baseados em Histórias em Quadrinhos estão ganhando espaço, e vem quebrando o preconceito dos estúdios americanos, afinal, não é para menos, tendo em vista as arrasadoras bilheterias mundiais sempre que as películas envolvem algo relacionado com as tão cultuadas HQs, sejam elas do gênero super-heróis ou até mesmo épicas.

Tudo neste filme parece surpreender, a riqueza visual é latente, e o roteiro possui uma narrativa que não se via há muito tempo nos cinemas, o filme parece causar emoções primárias, dando a sensação de termos sido transportados para a pungente Grécia central de 480 A.C. Depois de sua última obra adaptada para os cinemas - Sin City - Cidade do Pecado (2005) -, Frank Miller apresenta ao mundo um de seus mais belos trabalhos nos Quadrinhos; é empolgante ver cenas fiéis que parecem ter sido copiadas em uma incrível transposição das folhas de papel para a tela de cinema. Outra grande e bem recebida surpresa é a atuação de Rodrigo Santoro (Xerxes), que fica praticamente irreconhecível, tamanha é a qualidade da caracterização, sem falar na voz do ator, que foi alterada digitalmente para dar a sensação de um verdadeiro e imponente Rei-Deus do oriente. Santoro tem muitos diálogos, e representa de maneira grandiosa o Rei dos Persas.

Snyder e seu co-roteirista Kurt Johnstad seguem sua trilha, abrindo caminho em meio à crítica internacional, provando que o cinema também pode viver de Quadrinhos. Com toda certeza Frank Miller deixou sua marca mais uma vez, e após ter dado nova cara ao universo quadrinístico de Batman, em O Cavaleiro das Trevas, e modificar conceitos com Sin City, ele revoluciona tudo o que vimos até hoje, criando um verdadeiro épico, e ao melhor estilo espartano, Miller não conhece o significado das palavras derrota ou rendição e coloca os conhecidos Tróia e Gladiador definitivamente na segunda fila.

* Fábio Azevedo é editor da ND Comics, que publica a revista em Quadrinhos Guerreiros da Tempestade

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