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Uma mulher chamada Tianinha
Por Laudo Ferreira Junior
10/09/2007

Tianinha bem à vontade no seu sofá acompanhada de seu bonequinho de estimação Darkinho - Clique p/ampliar

Há alguns dias a Editora Rickdan, que publica a revista Sexy, colocou no ar um portal de voz (já noticiado aqui no Bigorna.net e em outros sites sobre HQs). Lá, você liga e escuta alguns relatos de garotas que posaram para a revista, histórias e a Tianinha, a loirona mais safada dos Quadrinhos, contando suas aventuras.
        
Tianinha, para quem não sabe, é uma personagem que criei para revista Total, da mesma Rickdan. A revista foi criada no ano de 2000 com intuito de ser uma versão menor, mais barata e de mais fácil assimilação por parte dos leitores. Um sucesso desde seu início. Foi a primeira no gênero (que eu saiba, pelo menos) a publicar no formatinho, contendo, óbvio, mulheres nuas, reportagens, dicas de interesse masculino, contos e... Histórias em Quadrinhos. Sim, por mais incrível que pareça, essa editora que nunca teve tradição ou grandes interesses em publicar esse segmento, achou por bem que nessa nova publicação deveria ter Histórias em Quadrinhos. Na ocasião, o editor da revista, Licínio Rios, um dos profissionais mais competentes e direitos com quem pude trabalhar, me chamou e informou desta nova empreitada da editora e queria que eu criasse a parte de Quadrinhos. Só que, ao contrário do que se vinha fazendo, ele queria investir em personagens. Me apresentou a idéia de três personagens e um deles, seria uma “falsa loira, com raiz do cabelo preto e tudo” chamada Tianinha.
          
A proposta da série era boa, porém a coisa da falsa loira, tipo varzeana, que o Licínio inicialmente propunha não havia entrado na minha cabeça de jeito nenhum. Alguns dias depois voltei pra editora com os esboços dos três personagens e apresentei a minha versão da Tianinha. Num bate papo numa lanchonete no prédio da editora expus a Licínio que julgava que o leitor gostaria de ver uma gata, uma mulherona, e principalmente uma verdadeira loira. Licínio não se opôs e partimos literalmente pro pau, embora as HQs da personagem e seus amigos nunca foram explícitas. Na ocasião, chamei para trabalhar junto comigo o roteirista Marcos Pereira, ou Dark Marcos, como assina, que colaborou para tecer alguns pontos da personalidade da personagem, além, é claro, dos roteiros. E lá se foram passando os anos. Tianinha venceu em seu primeiro ano de publicação a possibilidade de se ter a série de HQs cancelada, como disse, pela falta de interesse de publicação do gênero Quadrinhos dentro da editora. O público, o leitor, provou o contrário em pesquisas feitas (até hoje por sinal), que a personagem havia caído no agrado e lá se passaram sete anos e logo estaremos entrando no oitavo ano de produção da personagem.
           
Tianinha, em seus primeiros anos, tinha alguns roteiros encomendados dentro da pauta que a editora passava, o que me levava, juntamente com o Dark Marcos, a escrever coisas triviais dentro do gênero erótico. Com o passar do tempo, começamos a constatar de perto, e nisso a Internet foi de uma auxílio imprescindível, que poderíamos tomar as rédeas da série, lógico, dentro do que fosse a linha editorial da revista e moldar um pouco essa personagem do nosso jeito. Afinal de contas, qual pai que não quer ver sua filha trilhar caminhos certos?  E foi o que fizemos, eu, com a ajuda do Dark Marcos, como disse, no roteiro, do parceiro de sempre Omar Viñole na arte-final e cor, fora de colaboradores esporádicos-freqüentes como Daniel Brandão, José Salles, Mister Zinerman, e mais recentemente, Leonardo Santana, nos roteiros, e participações de artistas de grande peso convidados como Mozart Couto, Eugênio Colonesse, Seabra, Emir Ribeiro, Daniel Brandão, Hélcio Rogério, entre alguns, que deram sua versão da Tianinha. Eu do meu lado, como criador e pai da criança, babei com cada uma dessas HQs que me caiam às mãos.
          
Durante esses anos ela morreu e ressucitou (não no terceiro dia, mas na parte três da história); ficou morena; perdeu a memória; foi perseguida por senhoras protetoras da moral e bom costume; teve uma rival loirona; teve uma história sua toda contada como um cordel; virou vovozinha contadora de histórias; participou de uma reality show; já bancou a detetive e casou... mas isso, confesso que não atrapalhou muito seu ritmo de vida não. O que sempre foi presente nas HQs desde sempre, tanto com roteiros meus como de todos os outros. Sempre o prazer. Sempre a curtição. Sempre o humor. Nada é forçado. Ninguém faz contra vontade. Com dor. O astral tem que ser outro. O que inicialmente era apenas um trabalho, passou a ser criação pessoal. Assim vejo e assim é essa minha querida e bem safadinha filha. O curioso é que há muita gente que insiste em fazer ligação Tianinha-Tiazinha. Coisa que quem conhece a série razoavelmente bem, percebe que nada há em comum. A começar pela cor do cabelo. O nome da personagem, que foi dado pelo Licínio, continua de certa forma uma incógnita, pois infelizmente o Licínio veio a falecer há alguns anos sem me contar qual o verdadeiro nome da loirona. Um mistério...

      Quem sabe uma mesa branca pra perguntar pro espírito do Licínio?
      -Oh, Licínio!!! Revele-nos qual o nome verdadeiro da loirona!!!!!
      Não. Definitivamente, não!
      Até porque conhecendo como o conhecia, era capa de descer e mandar esse vosso amigo aqui à m#$*@ e dizer bem no seu estilão:
      -Pô, cara, não enche!!!! Você é @#*!!! Não vê que tenho coisa mais importante a fazer aqui!!!!

A loirona coloca o cara em seu devido lugar
- Clique para ampliar

Enfim, eu e o Dark Marcos resolvemos há alguns anos atrás que o nome da Tianinha na verdade é Sebastiana e ponto final. Bem, mas voltando ao que disse no início desse nosso papo aqui, a Editora Rickdan colocou no ar um portal de voz onde tem lá uma opção em que o usuário poderá ouvir a Tianinha contando suas aventuras. Confesso a vocês que à princípio não identifiquei minha personagem lá. Não, essa não é a voz da Tianinha. Mas depois de ouvir umas três, quatro, cinco vezes, histórinhas diversificadas, claro, cheguei à conclusão que talvez aquela voz da loirona satisfaça seu público alvo. E isso, meus caros, torna-se sempre fundamental, satisfazer o público a quem se destina, pois foi e é por ele que Tianinha está há sete anos sendo publicada mensalmente, teve três edições especiais com vendagem de primeira estrapolando o que pode pensar de “vendagem de Quadrinhos”, Tianinha entra em outra parte disso. E, na história desse mês de setembro, que está nas bancas, em um roteiro do Leonardo Santana, a loirona no final da sua HQ mostra a que veio. Explico melhor, depois de brincar um pouco com um “bofe lindo” como costuma dizer, é interpolada pelo mesmo que como macho garanhão e vencedor, quer aquela mulher para si, quer ser dono de todo aquele furacão. Tianinha dá um bom chega pra lá, colocando o cara de volta a seu lugar. Bonita, gostosa, inteligente...vagaba... safada, claro... mas com quem ela quer e quando ela quiser. Como uma grande amiga minha, escritora disse certa vez dela: Não é ela que é comida, é ela que come os caras!!!! Tianinha é fogo!    

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