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Por José Pinto de Queiroz Filho 07/09/2010
Quaisquer que sejam, tais paixões tornam as pessoas mais felizes e lhes proporcionam um passatempo ou meio de vida que podem ser divertidos e, até, terapêuticos. Neste artigo, tentaremos explicar por que tantos colecionadores cultivam a arte de colecionar, preservar e restaurar, e como ela diverte, gratifica e enriquece a todos que o fazem. Boas Lembranças Recordações felizes ativam reações positivas. Por isso, as pessoas adoram colecionar reminiscências dos (bons) momentos dourados, tais como: férias, romances, amizades, eventos esportivos, filmes, espetáculos de televisão, revistas de quadrinhos e assim por diante. O colecionador dedica-se a adquirir, preservar, consumir e estudar - para inteirar-se acerca das coisas relativas aos eventos passados, particularmente os de sua infância. Observe um colecionador, em estado de graça, contemplando um gibi antigo: irrompe, irresistível, o impulso para aproximar-se, tê-lo mais perto de si. O objetivo, enfim, é de possuir, assenhorar-se, de alguma forma, desse objeto usufruído na infância. Neste momento surgem exclamações dos tipos: “Tive um destes quando era criança!”, “Estou fascinado!”, “É uma sensação encantadora!”, “UAU!, pagarei qualquer preço por ele!”, Como teria sido bom, se tivesse conservado a minha coleção!”. Entretanto, se todos que possuíram gibis os tivessem guardado, provavelmente não haveria colecionadores e esse artigo não precisaria ter sido escrito. Na verdade, o ponto central que nos interessa é o de como um objeto do passado sensibiliza o colecionador do presente. Quando alguém se confronta com algo que toca a sua memória, a provável reação é enlevar-se, envolver-se emocionalmente, experimentando vivências que emergem dos confins de sua memória. Então, para, encantado, examina o objeto, toca-o, se lhe for permitido, suspira, recoloca-o no lugar, olha para todos os lados, e provavelmente o apanha outra vez. Necessita, ardentemente, tê-lo o mais próximo de si.
Mas, afinal, porquê tudo isso? Provavelmente porque através da posse do objeto de desejo, o colecionador redescobre a juventude de outrora. Tais sentimentos produzem o milagre de fazer uma pessoa, de qualquer idade, voltar à infância, tornando-o capaz de saborear o passado através de objetos sobreviventes, tão mais preciosos quanto mais antigos e difíceis de serem achados. Desejos Múltiplos
Em busca do Santo Graal Ás vezes, completar uma coleção converte-se num problema de difícil solução, principalmente quando não se consegue encontrar aquela objeto raro – verdadeiro Santo Graal - necessário para completá-la. Pode ser qualquer coisa: uma revista, um fragmento, uma página, uma história ou uma capa. Uma vez encontrado, o resultado produz inexcedível sensação de triunfo no colecionador, pelo menos até a o aparecimento de outro objeto raro, difícil de ser encontrado.
Para a maioria, a investigação nunca termina; para muitos, não existem limites de tamanho pois a sua busca nunca terá fim... até que ele – o colecionador - se finde. São os chamados mega colecionadores que adquirem, acumulam, tantas unidades quantas podem encontrar. Tamanho é o acervo de suas aquisições, que, às vezes, exigem o acréscimo de uma nova residência - é o caso do colecionador baiano Aimar Aguiar, que possui três casas, mantidas para guardar a sua imensa coleção de revistas em quadrinhos. Outros fazem doações, contribuindo para a abertura de museus (foi o caso do falecido fanzineiro, Ionaldo Cavalcante, autor do seminal livro Esses Incríveis Heróis de Papel). Muitos adquirem conhecimentos profundos sobre o tema, vão escrever livros, teses, ou se tornam negociantes de gibis; existem os que se transformam em experts em quadrinhos (Álvaro Moya e Waldomiro Vergueiro são dois desses exemplos, ambos professores universitários, especialistas em HQs); alguns publicam fanzines, e outros limitam-se a continuar colecionando. Enfim, os caminhos são variados, mas todos compartilham de um tipo especial de alegria esfuziante, que jamais sentiriam se não fossem os quadrinhos. Paixão pela história Muitos colecionam com o objetivo de pesquisar as histórias em quadrinhos, buscando dados que não somente os deixem informados, mas, também, fiquem preservados para o usufruto das próximas gerações. Vestem a camisa de especialistas, investigando profundamente, compartilhando seus achados (Adolfo Caldas, Valdir Dâmaso, José Magnago e Kendi Sakamoto, dentre outros, são exemplos elogiáveis de tal prática). Esforçam-se para conferir autenticidade aos registros, compartilhando com os demais interessados todas as informações da forma mais ampla possível. Orgulham-se do trabalho de preservação de suas coleções, pensando em repassar, para a posteridade, o conhecimento entesourado, acreditando que permanecerá (e crescerá) mesmo depois de sua morte. Lucro O lucro inspira muitos colecionadores a comprar e vender, mas para colecionadores apaixonados, o valor monetário de um artigo é secundário, quando comparado com os valores sentimental e histórico. Aliás, os que visam unicamente o lucro não são, habitualmente, bem vistos por esses colecionadores. Na verdade, o valor primeiro de uma coleção, o afetivo, é dado pelo dono e por seus pares. Se você ama os seus gibis, esse amor embute neles o valor essencial de sua posse. Muitas coleções podem, eventualmente, ficar mais valiosas, mas o melhor conselho, dado por peritos, para qualquer colecionador, é de que sempre deve comprar guiado pela emoção, orientado pela paixão, pelo carinho, pela satisfação que o objeto de desejo lhe proporciona, buscando, concomitantemente, a melhor condição possível. Desta forma, nada pode dar errado e a sua coleção terá sempre um valor nostálgico inestimável. |
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