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Por Caio Luiz 25/08/2010
Porém a empreitada foi feita em um período difícil para o país, que estava mergulhado na 2ª Guerra Mundial. Em 1947, com o término da guerra, as vendas não estavam boas e a EC não ia bem das pernas. Pra piorar as coisas Max faleceu repentinamente, vítima de um acidente de barco, e deixou a editora para o filho Willian "Bill" Gaines, na época com 25 anos.
Contudo, com o mudança brusca em sua vida, Gaines filhoviu-se diante de um legado que estava fraco e necessitava de revigorização. Nessa época a EC estava diversificando seu público e possuía vários títulos convencionais de western, romances, guerra e crime, porém o desempenho de todos nas bancas ia mal. Mas em 1950, Bill deu ouvidos ao fã de programas de rádio de suspense e terror, o desenhista e escritor Al Feldstein, que teve o insight de transpor as histórias que ouvia no rádio para a linguagem das HQs. Como Bill estava desesperado para sair da crise, resolveu arriscar na ideia. A decisão não poderia ter rendido melhores frutos! Acabava de nascer um novo gênero, um dos mais influentes nos quadrinhos: o Horror! Educação e Entretenimento
Rapidamente, as capas repletas de sangue e imagens horripilantes invadiram as bancas de jornal e farmácias norte-americanas (onde também se vendiam gibis na época) e atraíram o público jovem que consumiu 250 mil exemplares de cada um dos três principais títulos! Bill ainda manteve os títulos de suspense, crime e fantasia, que não davam tanto lucro mas ajudavam a impulsionar a Entertaining Comics. Isso mesmo! A editora mudara de nome, afinal, as publicações mudaram totalmente de direcionamento e mereciam um nome mais adequado! Não que as novas histórias da EC fossem isentas de conteúdo instrutivo. Elas já não eram bíblicas ou inocentes como antes, concebidas com o propósito didático. Agora elas traziam lobisomens, vampiros, múmias, mortos-vivos, assassinos e criminosos roubando, matando, decepando e esquartejando. A mudança foi drástica, da água para o vinho ou melhor, para o sangue – sendo mais infame. Todavia, uma lição sempre era ensinada ao fim de cada história, sempre a mesma, contada de formas diferentes. Basicamente, os roteiristas mostravam que o mundo dá voltas e que o que aqui se faz, aqui se paga. Eram contos sobre o bem e o mal com reviravoltas e desfechos irônicos que punham os malfeitores em seus devidos lugares: o caixão, o fundo do mar, embaixo da terra ou com algo pontiagudo e letal cravado em partes vitais do corpo.
Os gibis educativos da EC foram desbancados pelos de entretenimento, isso é fato. Pra se ter uma ideia das novas tendências do mercado, em 1953, um quarto de tudo que era produzido pela indústria dos comics era do gênero horror! Apesar de toda a violência, sensacionalismo e sentimentos negativos como vingança e ódio, Bill descrevia o horror como algo inofensivo e prazeroso, para os que tinham estômago, claro! Muitas críticas comportamentais e sociais da época vinham embrulhadas em quilos de vísceras que poderiam até disfarçar o objetivo do conto, mas a moral sempre vinha inteligível no final. Um exemplo célebre desta maneira de trabalhar com o horror é o diretor de cultuados filmes de zumbis George Romero, autor de Night of Living Dead e Dawn of the Dead .Criador de uma antologia que utiliza mortos-vivos como prisma para analisar a sociedade, Romero é fã confesso da EC e se diz influenciado pelo material lançado no meio do século passado. Bring out the Gore
Pra piorar as coisas, a era Macarthista havia chegado e em 22 de abril de 1954, Bill Gaines testemunhou voluntariamente no Subcomitê de Investigação da Delinquência Juvenil porque moralistas acreditavam que os gibis poderiam influenciar crianças a cometerem crimes semelhantes aos que encontravam nas páginas que liam. A audiência marcada pelo senador Kefauver, famoso por adorar auto-publicidade, e com a participação do psiquiatra Fredric Wertham, autor do livro Seduction of the Innocent, que depreciava quadrinhos e exaltava partes negativas da arte, se dedicou a esmagar Bill, o único “publisher” de horror que deu a cara a tapa e chamou toda a bronca para si ao dizer que foi o primeiro a imprimir aquele tipo de história. Com isso a EC passou a simbolizar o "Mal" impresso e fogueiras foram literalmente acesas para queimar seus gibis em praça pública. O código de censura Comics Code Authority passou a vigorar decidindo o que poderia ser mostrado ou não nos Quadrinhos americanos. Bill se recusou a adotar a nova “norma” e continuou fazendo o que bem entendia, mas os distribuidores, com medo de encalhe ou alguma retaliação, se recusavam a comprar suas publicações. Quando Bill finalmente cedeu ao código censor, o gênero horror já estava "queimado" e não foi possível reavivá-lo como antes. Por conta da decadência do gênero Horror, Bill foi obrigado a pensar em outro tipo de quadrinho para não fechar as portas. E foi aí que teve outra ideia brilhante: uma revista de humor escrachada e tão agressiva e chocante quanto o horror. Seu nome? MAD!!! Mas isso já é outra história... PS: Quem ri por último ri melhor! Prova de que a EC levou a melhor, mesmo depois de tanto tempo, foi a série produzida pela HBO na década de 1990, que seleciona histórias das publicações de horror da EC e as transforma em episódios dirigidos por Walter Hill, Robert Zemeckis e Richard Donner (diretor de Superman com Christopher Reeve) com produção de Joel Silver. A essência das histórias foi preservada no seriado e é uma ótima homenagem a lendária fábrica de Horror chamada EC comics! |
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