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Por Marko Ajdaric, do Neorama dos Quadrinhos 21/06/2010
A Caros Amigos, que divide com a Piauí o posto de ser uma das melhores revistas do Brasil, acolheu uma proposta de jovens criativos e começou a publicar uma série em quadrinhos sobre a Bolívia em preto e branco (originalmente, a obra foi concebida em cores). Pra que você corra pra banca, primeiro, sugerimos a leitura do comunicado de imprensa, claro e objetivo. Na sequência, vamos ao lado sub-jetivo: o saldo do e-papo que mantive com 3 dos criadores. Sigam-me os bons! 1) O salar está café A reportagem em quadrinhos “O salar está café” (clique aqui para lê-la) foi uma iniciativa dos jornalistas Natália Viana e Alexandre Casatti após uma longa viagem pela Bolívia, em que cobriram as eleições presidenciais de dezembro de 2009. Além de escrever para sites e revistas (Opera Mundi, Retratos do Brasil, Revista Fórum) a dupla, acompanhada pelo fotógrafo Chris Von Ameln, elaborou um guia turístico sobre o país andino para a editora Abril. Mesmo assim, faltava algo; durante o trajeto, algumas situações e cenas revelavam outros grandes problemas da Bolívia hoje em dia: uma conversa com um antigo morador do Salar de Uyuni, uma frase de uma turista estrangeira, uma senhora vendendo frutas nas ruas de La Paz. E principalmente, o fato do Salar estar marrom, coisa que muitos moradores do país nunca tinham visto – efeito da estiagem causada pelo aquecimento global. Mas seriam essas cenas e testemunhos material jornalístico? Acreditamos que sim, mas não no formato tradicional. Por isso decidimos aliar a intimidade e a liberdade dos quadrinhos com a informação e a apuração jornalística. Usamos trechos de entrevistas, estudos sobre o fenômeno climático e sobre as eleições para o roteiro. O fotógrafo Cris Von Amels usou como base para as ilustrações, fotos que ele tinha tirado no caminho, retratando a cada quadro uma cena real e presenciada pelo grupo. A editora de arte Marina Chevrand encarou outro desafio: fazer o design definitivo da história, mantendo o fluxo da narrativa e valorizando as imagens. O formato de reportagem em HQ permite muitas soluções, e também muitos desafios. Permite, inclusive, um efeito de dramaticidade e de proximidade raramente encontrado em reportagens da mídia tradicional. No final, o interessante é que os quadrinhos podem tratar de temas muito relevantes para um público mais amplo. E o projeto não para por aí; já estamos trabalhando em outras “reportagens” em quadrinhos, afim de explorar as potencialidades desse casamento entre jornalismo e novelas gráficas – algo ainda bastante novo no Brasil. 2) Nunca vai ser o mesmo que presencial, mas eu conversei online com 3 pessoas da entusiasmada turma: Natália, Alexandre e Marina. Natália nos contou que já era sua quarta ida ao país, para acompanhar a (re)eleição de Evo Morales e - segundo ela - os avanços sociais do país vizinho. Mas a experiência de ver uma montanha que era um local de esqui em 1996 sem nenhuma neve deu um click nela: como mostrar, com personalidade algo que não sumisse entre as hard news...? A ideia de fazer uma HQ que contagiou o fotógrafo e desenhista Chris Von Ameln e, no final. Marina fez a 'produção'. Para quem quiser se entusiasmar, vale lembrar o que Alexandre nos revelou: a negociação não foi fácil. Aliás, o processo inteiro em si é lento. Mas é preciso desovar as ideias da cabeça, como lembrou Marina. O interessante (ou re-levante) é que foram os jornalistas de mais longa trajetória (e não os menos experientes). Imagino que isso tenha a ver com o raro viés que Natália colocou: além do interesse há de se ter presencialidade, empatia, e atenção. Assim, o Brasil não tem só um e-group, tem também, uma porta aberta. Vamos que vamos! Foram só as três primeiras de muitas páginas. |
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