![]() |
![]() |
|
Por Ruy Jobim Neto 15/04/2009 Os Gritos que o Silêncio traz
Quando se chega à platéia de A Maçonaria do Silêncio, o clima é de estranhamento e reverência. Quatro atrizes estão quase imóveis em cena, vestidas de quimonos brancos, rostos maquiados também de branco e alguns objetos dispostos. Assim se inicia mais uma viagem para dentro do universo feminino, forjado pelo texto e pela direção sensibilíssimos de Eduardo Ruiz (de Alucinose). No elenco, estão as atrizes Almara Mendes, Roberta Alonso, Gisele Valeri e Mirella Tronkos. A peça reestréia nesta quarta-feira, dia 15 de abril, às 21h30, no Teatro Plínio Marcos, Sala Nobre (ao lado do SESC Pompéia, Zona Oeste de São Paulo).
Como diz o próprio release da peça, “falar naquilo que não se fala ou falar de todas as coisas para exatamente fugir de se aprofundar nelas”. É curioso, pois as atrizes estão vestidas de quimono, trazendo à lembrança o tão conhecido silêncio sepulcral das orientais. A atmosfera é, portanto, densa do começo ao fim. A iluminação (de Frederico Foroni, que foi o preparador de elenco do filme Nome Próprio) pontua cada vão momento destas vidas distantes. O cenário, de Eduardo Ruiz, foi idealizado em tons de marrom e remete a uma sala de estar da casa de interior. Os figurinos, de Priscila Passos, inspiram a exposição da falta de comunicação neste lar. As atrizes vestem quimonos brancos com adereços em cores vibrantes. A sonoplastia, de Tiago Armani, concebida com a idéia da universalidade musical, foi a ferramenta encontrada para ilustrar de maneira metafórica o tema central da peça.
No quesito adereços, reparem na quantidade de patinhos de borracha que aparecem em cena. Lembram bóias, sim, mas lembram a infância em resgate, algum momento de ternura que se perdeu sabe-se lá em que banheira. Estranhas vivendo sob o mesmo teto, algo muito comum de se encontrar em nossa contemporaneidade. A trilha enfoca um momento curioso – um tango argentino é dançado com quimonos japoneses. Impossível maior discrepância e, ao mesmo tempo, mostra o universal desta montagem. O autor e diretor Eduardo Ruiz formou-se em Interpretação pela ECA-USP, em 1997. A partir daí, tem atuado e colaborado de diversas formas em montagens de textos próprios como Ophélias e A Casa Antiga (ambas com direção de Ruy Cortez), Fiz Água para Lavar Teu Rosto (que Ruiz co-dirigiu com Melani Halpern) e diversas outras. O último espetáculo de Ruiz foi Alucinose, que cumpriu temporada no Espaço dos Satyros 1 (também com a atriz Mirella Tronkos no elenco). Ruiz é também compositor (tem parceria com a cantora Fernanda Porto) e roteirista de cinema. Em suma, A Maçonaria do Silêncio é vigorosa, e sua “montagem busca a limpeza cênica, a simbologia enxuta dos objetos e a verticalização interior na construção das personagens.” O resultado é belo. Um delicado momento de silêncio para assistir. Serviço (Fotos: Robson Almeida - Assessoria de Imprensa: Amália Pereira) |
Quem Somos |
Publicidade |
Fale Conosco
|