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Teatro: Crítica da peça A Maçonaria do Silêncio (SP)
Por Ruy Jobim Neto
15/04/2009

Os Gritos que o Silêncio traz

Roberta Alonso, Giseli Valeri, Mirella Tronkos e Almara Mendes

Quando se chega à platéia de A Maçonaria do Silêncio, o clima é de estranhamento e reverência. Quatro atrizes estão quase imóveis em cena, vestidas de quimonos brancos, rostos maquiados também de branco e alguns objetos dispostos. Assim se inicia mais uma viagem para dentro do universo feminino, forjado pelo texto e pela direção sensibilíssimos de Eduardo Ruiz (de Alucinose). No elenco, estão as atrizes Almara Mendes, Roberta Alonso, Gisele Valeri e Mirella Tronkos. A peça reestréia nesta quarta-feira, dia 15 de abril, às 21h30, no Teatro Plínio Marcos, Sala Nobre (ao lado do SESC Pompéia, Zona Oeste de São Paulo).

Almara Mendes

No palco, quatro pessoas de uma mesma família. Duas irmãs, sua mãe e sua tia. No cardápio, muita fala, pouca conversa. A incomunicabilidade está colocada em mesa. As gerações gritam e não se ouvem. Há um isolamento estampado em cada gesto, cada olhar. Quando essas pessoas voltam a morar juntas, o embate não se traduz em compreensão mútua, mas antes em estranhamentos sobre manias alheias. Uma Babel feminina, portanto, onde escolhas sexuais, pequenas e grandes traições, um rol de elementos despeja essas quatro jogadoras numa vala comum.

Como diz o próprio release da peça, “falar naquilo que não se fala ou falar de todas as coisas para exatamente fugir de se aprofundar nelas”. É curioso, pois as atrizes estão vestidas de quimono, trazendo à lembrança o tão conhecido silêncio sepulcral das orientais. A atmosfera é, portanto, densa do começo ao fim. A iluminação (de Frederico Foroni, que foi o preparador de elenco do filme Nome Próprio) pontua cada vão momento destas vidas distantes. O cenário, de Eduardo Ruiz, foi idealizado em tons de marrom e remete a uma sala de estar da casa de interior. Os figurinos, de Priscila Passos, inspiram a exposição da falta de comunicação neste lar. As atrizes vestem quimonos brancos com adereços em cores vibrantes. A sonoplastia, de Tiago Armani, concebida com a idéia da universalidade musical, foi  a ferramenta encontrada para ilustrar de maneira metafórica o tema central da peça.

Giseli Valeri e Almara Mendes

No quesito adereços, reparem na quantidade de patinhos de borracha que aparecem em cena. Lembram bóias, sim, mas lembram a infância em resgate, algum momento de ternura que se perdeu sabe-se lá em que banheira. Estranhas vivendo sob o mesmo teto, algo muito comum de se encontrar em nossa contemporaneidade. A trilha enfoca um momento curioso – um tango argentino é dançado com quimonos japoneses. Impossível maior discrepância e, ao mesmo tempo, mostra o universal desta montagem. O autor e diretor Eduardo Ruiz formou-se em Interpretação pela ECA-USP, em 1997. A partir daí, tem atuado e colaborado de diversas formas em montagens de textos próprios como Ophélias e A Casa Antiga (ambas com direção de Ruy Cortez), Fiz Água para Lavar Teu Rosto (que Ruiz co-dirigiu com Melani Halpern) e diversas outras. O último espetáculo de Ruiz foi Alucinose, que cumpriu temporada no Espaço dos Satyros 1 (também com a atriz Mirella Tronkos no elenco). Ruiz é também compositor (tem parceria com a cantora Fernanda Porto) e roteirista de cinema.

Em suma, A Maçonaria do Silêncio é vigorosa, e sua “montagem busca a limpeza cênica, a simbologia enxuta dos objetos e a verticalização interior na construção das personagens.” O resultado é belo. Um delicado momento de silêncio para assistir.

Serviço
Maçonaria do Silêncio
Reestréia dia 15 de abril de 2009, quarta-feira, às 21h30
Texto e Direção: Eduardo Ruiz
Elenco: Almara Mendes, Roberta Alonso, Gisele Valeri e Mirella Tronkos
Duração: 65 minutos
Recomendação: 14 anos
Ingressos: R$ 20,00 (Estudantes, maiores de 60 anos e classe teatral têm 50% de desconto)
Quartas e quintas, às 21h30. Até 21 de maio
TEATRO PLÍNIO MARCOS – ESPAÇO 2 DE ARTES – Sala Nobre – Rua Clélia, 33 - Pompéia (dentro do shopping Pompéia Nobre, ao lado do Sesc Pompéia), tel: (11) 3864-3129 a partir das 13h
Capacidade 90 lugares
Reservas para a peça por meio do e-mail
reserva.msilencio@gmail.com
Bilheteria aberta a partir das 20h:15 –  uma hora e quinze minutos antes do início da peça
Acesso para deficientes
Ar condicionado 
Café no local (no piso térreo do shopping)
Estacionamento no local a R$ 10,00

(Fotos: Robson Almeida - Assessoria de Imprensa: Amália Pereira)

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