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Teatro: resenha de O Natimorto (SP)
Por Ruy Jobim Neto
20/10/2008

O mistério na caixinha de cigarro

Em O Natimorto, o texto original é do quadrinhista Lourenço Mutarelli. No palco, além de Marta Nowill (no papel da esposa, com faca e tudo), estão os ótimos Nilton Bicudo e Maria Manoella. A direção - e a adaptação do texto - é de Mário Bortolotto. O palco, o Parlapatões (sábados, às 21h, domingos às 20h, em reestréia). A peça também estará nas Satyrianas 2008, sendo apresentada no sábado, dia 25, às 21h.

Nilton é a cara do autor, e isso quase confunde. Aliás, Mutarelli - o próprio - está novamente diante das câmeras de cinema exatamente neste papel. O quadrinhista já esteve em O Cheiro do Ralo, baseado em seus escritos. Falta Bicudo aparecer na platéia. Ou no elenco. Maria Manoella é linda e sua presença e interpretação marcantes fazem com Bicudo um "tour de force". O tom é de uma (quase) comédia amarga.

A trilha é ótima, e o palco - a princípio nu, com duas banquetas num dos cantos, e duas molduras vazadas de parede e porta devidamente alçadas do chão marcam o cenário - vai se desconstruindo com a presença de duas caixas vermelhas que são trazidas pelos atores no meio do espetáculo. Muita coisa vai rolar. Ou quase. É uma quase vida a dois. O box de cigarros, com indicações (no verso) sobre asma, bronquite e outras coisas que o fumo traz, é o ponto de partida e de inspiração para o texto. O personagem que Bicudo interpreta vai ao talo de suas interpretações quase místicas ou quiromânticas sobre essas imagens e fatos. O Natimorto, assim como os arcanos do tarô, é simplesmente uma dessas imagens.

Maria Manoella interpreta uma cantora que não emite som enquanto canta. E a partir daí um clima de insânia se instala. Aos poucos. O espetáculo sempre foi muito comentado, a platéia quase sempre retorna para ver. Vale o ingresso.

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