Um jovem de nome Thomas Thorn promete capturar uma estrela cadente para conquistar o coração de sua amada, Victoria Forester. Esse é o argumento de
O mistério da estrela – Stardust (
Stardust, tradução de Waldeá Barcellos,
Rocco Jovens Leitores, 280 páginas, R$ 35,00), escrito pelo aclamado
Neil Gaiman, publicado originalmente em edição ilustrada por Charles Vess, deu origem ao filme homônimo que chegou às telas em 2007, com Michelle Pfeiffer e Robert De Niro no elenco.
Thomas, para completar a promessa, terá que ir para uma terra encantada, conhecida como Faerie. Morando no vilarejo de Muralha, um lugar incrustado "
num alto afloramento de granito no meio de uma pequena região de floresta", na Inglaterra vitoriana, o rapaz irá cruzar o Portal da fronteira. A pequena aldeia fica na fronteira do nosso mundo para a Terra Encantada, por isso seu nome. Poucos ousam cruzar o portal, exceto durante a Festa da Primavera, que acontece de nove em nove anos. Nessa época, uma grande feira se instala no local e os moradores de Muralha, bem como visitantes de todas as partes do mundo, entram em contato com os seres que habitam o outro lado. Foi o que ocorreu muitos anos antes, quando Dunstan Thorn, o pai de Tristran, cruzou o portal e conheceu uma bela e misteriosa jovem de olhos cor de violeta, a verdadeira mãe de Tristran, uma elfa.
Em seu caminho encontrará seres fantásticos, benévolos como maléficos que vivem num mundo regido por leis próprias e viverá suas aventuras na maneira dos contos de fadas, sendo recompensado ou não por suas ações segundo a lógica da Terra Encantada, e descobrindo sua herança. E sua saga é temperada pelo bom humor, a ironia e a visão singular do bem e do mal, do certo e do errado, do real e do imaginário, da vida e da morte que caracteriza a obra de Neil Gaiman. A história é uma encantadora narrativa adulta, aos moldes de um conto de fada sob um olhar moderno, alguns críticos até a colocam como tal, comparando com A
Princesa prometida (
The Princess Bride) ou
A História sem fim (
The Neverending Story). Gaiman atenta sua narrativa a partir clássicas histórias infantis, finalizando no melhor estilo Andersen, Perrault e dos Grimm. Mas usa a crueldade em certas situações para acentuar as versões antigas destes contos e faz ainda nuances pós-modernos, irônicos e reflexivos no argumento.
Em linguagem que flui, que não se perde em descrições desnecessárias, sem se estender muito. Personagens e cenários convencionais do gênero, mas que se transformam ante as reviravoltas que Gaiman produz. Fantasia é o que o leitor encontrará na jornada de Thomas, um reino mágico, onde o jovem amadurecerá, conhecerá pessoas e seres de todas as classes e raças, encontrará o verdadeiro amor, assim como seu verdadeiro destino.