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Teatro: Isadora Duncan faz a passagem da beleza para os palcos
Por Ruy Jobim Neto
08/05/2007

A diretora Fernanda Levy

Fernanda Levy é pequenina, a simpatia em pessoa, e também é a dramaturga e diretora de um espetáculo contundente, comovedor, com um texto enebriante, tanto quanto o vinho tinto que é servido à platéia que vai assistir à sua criação. No palco de quatro paredes decadentes, lindas, decoradas com echarpes, velas, uma vitrola antiga, discos de música de concerto, uma moringa de água e outros apetrechos, está a maestria do domínio cênico da atriz recifense Izabela Pimentel. O espetáculo em questão é Isadora Duncan, produção da Cia. Independente de Teatro, que tem suas sessões em exibição aos sábados, sempre às 17h, no segundo andar do belíssimo casarão da Rua Major Diogo, 91, o mesmo que abriga a peça A Casa, do Grupo Redimunho, de cujo elenco Izabela também é integrante.

Isadora Duncan

A personagem narrada no espetáculo é a bailarina norte-americana Isadora Duncan, que prendeu a atenção e o carinho dessas duas artistas. Nascida em maio de 1877, em São Francisco, na Califórnia, Isadora foi a precursora da dança moderna, criadora de todo um método de dança que se contrapunha à Belle Époque e às exigências da era vitoriana. Ela dançava ao som de Chopin e Beethoven, numa época em que isso seria considerado uma heresia artística. Figura excêntrica e extremamente sensível, Isadora teve filhos com o cenógrafo britânico Gordon Craig e com o magnata Paris Singer (das máquinas de costura), teve caso com o poeta russo Iessenin, conheceu figuras como Auguste Rodin, Lênin e Stanislavsky, viu o nascer da Rússia comunista, ela também esteve no Brasil e bailou em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na sapatilha dela, Oswald de Andrade bebeu champagne. Alguns meses depois do lançamento da sua autobiografia Minha Vida, a bailarina morreu trágica e instantaneamente quando a sua echarpe ficou presa nas rodas de um carro em alta velocidade, em Nice, na França, a 14 de setembro de 1927. Em 1968, o diretor tcheco Karel Reisz dirigiu Vanessa Redgrave protagonizando o belíssimo Isadora, mostrando como ela era uma mulher adiante de seu tempo, uma das mais extraordinárias figuras da dança no século XX.

A atriz Izabela Pimentel e uma cena da peça Isadora Duncan

Dentro da imensidão do material costurado para a dramaturgia de Isadora Duncan (até com dores de parto por Fernanda Levy, graças ao que ela precisou tirar de assuntos sobre a lendária dançarina para moldar seu espetáculo em 70 minutos), Izabela Pimentel - dotada de um senso de timing, fina ironia, inteligência cênica, carisma inabalável e um delicioso bate-bola com os espectadores – dança, chora, reflete e faz refletir ao som de Wagner, Beethoven e Tchaikovsky, tecendo um painel vivo da cultura ocidental a partir do olhar da grande personagem. Numa palavra: Isadora Duncan é imperdível.

Serviço
Isadora Duncan
Dramaturgia e Direção: Fernanda Levy
Interpretação: Izabela Pimentel
Cenografia, Figurino e Trilha Sonora: Izabela Pimentel e Fernanda Levy
Fotografia e Projeto Gráfico: Eduardo Sofiati
Produção Executiva: Denise Cruz
Produção: Cia. Independente de Teatro e Sociedade da Sucata
Local: R. Major Diogo, 91, Centro de São Paulo (casarão da Escola Paulista de Restauro)
Quando: aos sábados, às 17h.
Lotação: 25 pessoas
Reservas e informações: (11) 3208-5939/8136-1101
Ingressos: R$20,00/R$10,00 (meia entrada)
Até 16 de junho

(fotos: Eduardo Sofiati)

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