Nos anos 1970, Mirco é um garoto de 10 anos de Toscana que perde a visão por causa de um acidente. Pelas leis locais, ele não pode estudar junto com "crianças normais" e deve ir para um internato onde aprenderá os ofícios de tecelão ou telefonista – profissões tidas como "apropriadas para cegos". O menino, um apaixonado por Cinema, acha um velho gravador que utiliza para criar fábulas sonoras com outros internos.

Há um tema recorrente no Cinema contemporâneo que se pode perceber em Vermelho Como o Céu (Rosso Come Il Cielo): crianças que utilizam sua imaginação para criar um mundo de fantasia onde as dificuldades que encontram no cotidiano são vencidas. É o caso dos ótimos Ponte para Terabítia e O Labirinto do Fauno. Está mais do que provado que o público para prestigiar a temática é abundante e diversificado. Filmes pequenos tendem a ter uma injustificada despreocupação com a área promocional. Sendo arte ou sendo completamente comercial, um filme é um produto a ser vendido.

Fugindo da sina, o cartaz de Vermelho Como o Céu consegue reunir as duas virtudes principais de uma peça dessa espécie: é atraente aos olhos e expressa o clima de ternura do filme. Em um roteiro onde o protagonista sofre de deficiência visual, espera-se um certo cuidado com a parte sonora. Felizmente, a demanda é atendida de forma plena: há um grande cuidado com os ambientes e apresentam-se todos os artifícios que podem ser explorados para criar ruídos em narrativas sonoras. Um belo presente para os amantes dessa área por vezes desprezada do Cinema.

O começo do filme pode ser um pouco enfadonho e arrastado. Pede-se que o espectador tenha um pouco de paciência que será muito bem recompensada. Depois de passados os primeiros 30 minutos da fita, fica difícil não se comover com o drama de Mirco e não se apegar a seus amigos. A emoção rola solta em várias cenas, trazendo lágrimas aos olhos dos mais sensíveis. O final é bem resolvido e não decepciona.