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Por Ruy Jobim Neto 27/02/2007
Tanto é que a palavra "finalmente" tem sido a mais usada pela Imprensa mundo afora, tamanha a quantidade de indicações que o diretor novaiorquino já teve – seis. Nada mais justo. Scorsese é dono de uma filmografia invejável (de Taxi Driver a Os Bons Companheiros, de O Touro Indomável a A Cor do Dinheiro, A Última Tentação de Cristo e tantos outros filmes de altíssimo calibre). Não foi à toa. Scorsese foi aplaudido de pé por toda a platéia presente. Não sem razão. No mesmo raciocínio politicamente correto, a Academia deu mais um Oscar ao ex-vice-presidente Al Gore (que era vice de Clinton) pelo eco-documentário Uma Verdade Inconveniente, que conclama o mundo a lutar por uma solução frente ao aquecimento global. Gore foi categórico em afirmar que estava muito contente pelo prêmio, o que significa um sinal positivo de uma mudança de mentalidade. O filme, inclusive, ganhou o Oscar de Melhor canção para I need to Wake up (Eu tenho que acordar), de Melissa Etheridge.
Por outro lado, dois Oscars foram concedidos a duas personalidades da vida real - a rainha Elizabeth II da Inglaterra e o ditador Idi Amin Dada - ou melhor, para seus dois intérpretes, respectivamente a atriz inglesa Helen Mirren (por A Rainha, filme dirigido por Stephen Frears) e Forrest Whitaker, por O Último Rei da Escócia. Parece mesmo que a Academia caiu de amores por duas personagens controversas e não menos exóticas, e que foram levados à telona através de interpretações impecáveis. Mirren e Whitaker eram francos favoritos, não houve surpresa alguma, apenas a mostra de que eram favoritos mesmo, imbatíveis. Sobre Mirren, já tínhamos falado aqui sobre sua grande atuação em A Rainha. E olha que ela, que é veterana no cinema e na TV (ela já interpretou até mesmo a rainha Elizabeth I, aquela da época de Shakespeare), teve uma pedreira pela frente: Meryl Streep (por O Diabo Veste Prada), a espanhola Penelope Cruz (com uma bela atuação em Volver, de Almodóvar), a bela inglesa Kate Winslet (pela Sarah de Pecados Íntimos, outra maravilhosa atuação) e dame Judi Dench (em Notas sobre um Escândalo). Pesos pesados, mulheres tarimbadas e com várias indicações nas costas. Forrest Whitaker não ficou atrás em matéria de concorrência, tinha de tudo, de Will Smith a Leonardo DiCaprio, isso sem falar em Peter O'Toole (por Vênus). O ator escocês, astro de Lawrence da Arábia, se ganhasse, seria mesmo um outro Oscar pelo conjunto da obra, menos pelo filme pelo qual concorria. O cinema independente americano também não fez feio, o que demonstra que o Festival de Sundance não só faz História como também está cada vez mais afinado com o que a Academia começa a pensar sobre a sétima arte. Pequena Miss Sunshine recebeu duas estatuetas. Alan Arkin, o ator veterano novaiorquino, e Michael Arndt (pelo roteiro original) foram os contemplados. Bons sinais dos tempos. Será mesmo tendência? Por sua vez, um dos grandes perdedores da noite foi Mel Gibson. O seu fiasco pré-colombiano Apocalypto realmente não levou nenhuma estatueta a que foi indicado, bem como o drama de Segunda Guerra Mundial levado às telas por Clint Eastwood, Cartas de Iwo Jima, parece mesmo que não atraiu as atenções de Hollywood e ficou somente com um Oscar técnico, da área sonora. E olha que Eastwood, outro veterano diretor (já premiado por Os Imperdoáveis e Menina de Ouro) era o mais forte nome disputando com Scorsese. Mas a Academia tem dessas coisas de pesar e equilibrar as balanças. Deram uma colher de chá para o diretor de Os Infiltrados, como já dissemos, menos por este filme do que pelo restante da magnífica obra. Babel, de Alejandro Gonzalez-Iñarritu, foi o grande perdedor da noite, disparado. Era o mais favorito entre os favoritos para abocanhar o Oscar de Melhor Filme. Teve que se contentar com o Oscar de Melhor Trilha Sonora para Gustavo Santaolalla, o mesmo compositor argentino de Diários de Motocicleta (de Walter Salles Jr.). E falando em música, nada melhor do que o lendário compositor italiano Ennio Morricone ter recebido o seu justíssimo Oscar (das mãos de ninguém menos que Clint Eastwood) pelo conjunto da obra. Explica-se: Morricone fez a trilha do primeiro filme de Eastwood como protagonista: Por um Punhado de Dólares, dirigido pelo não menos lendário Sergio Leone. Indicado cinco vezes à estatueta, Ennio Morricone ganhou o Oscar mais do que merecidamente. Ele já compôs mais de 400 trilhas para o Cinema, incluindo filmes como Os Intocáveis, A Missão, Cinema Paradiso, Era Uma Vez na América e tantos outros. Ele dedicou o Oscar à esposa Maria. E assim que a cantora canadense Céline Dion (aquela, da canção do Titanic) terminou de cantar uma das faixas do belíssimo Era Uma Vez na América, de Sergio Leone, o compositor entrou no palco do Kodak Theater e foi aplaudido de pé. Em 1991, o maestro Henry Mancini gravou um CD de homenagem a Morricone e Nino Rota, dois dos maiores nomes da trilha sonora do cinema italiano de todos os tempos.
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