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Artigo: Rock Balboa, do knockdown ao knockout
Por Fábio Azevedo*
26/02/2007

A vida de todos os grandes astros é feita de insights, de repente como num flash, surge uma grande idéia, e na maioria das vezes, um zilhão de pessoas contra, dizendo que tudo não passa de loucura. Sylvester Stallone foi um destes loucos teimosos, e convicto de sua insanidade em 1976 escreveu o roteiro de Rocky, Um Lutador em apenas três dias, depois de assistir uma luta de boxe em que Chuck Wepner, um mero desconhecido, se mantinha sempre afastado do grande campeão Muhammad Ali.

Mas não fica por aí, o filme foi realmente atípico, sendo filmado apenas em 28 dias; depois da imposição de Stallone de que ele mesmo interpretaria o personagem-título, os produtores tentaram alijar o autor oferecendo-lhe US$ 150 mil para que deixasse o ator Ryan O'Neal interpretar Rocky Balboa, Stallone prontamente recusou a oferta, e só então os produtores concordaram que ele interpretaria Rocky Balboa, mas com a seguinte condição, o próprio Stallone teria de conseguir que toda a produção do longa ficasse abaixo de US$ 1 milhão; assim foi feito, e a receita veio dos produtores do filme, que hipotecaram as próprias casas para bancar a produção.

O filme custou no total US$ 1,1 milhão, e só a bilheteria nos Estados Unidos arrecadou incríveis US$ 117,23 milhões. John G. Avildsen e Stallone, transformaram o personagem Rocky Balboa, em um símbolo do boxe no cinema, não existe uma pessoa que não associe o tema Gonna Fly Now a uma das cenas clássicas e inesquecíveis do cinema, onde Balboa sobe correndo a escadaria do Museu de Arte da Filadélfia, alcançando o topo com os braços erguidos vitoriosamente. O longa conquistou 3 prêmios do Oscar (Melhor Filme, Melhor Edição e Melhor Diretor), e ainda recebeu mais 7 indicações nas categorias de Melhor Roteiro Original, Melhor Canção Original (Gonna Fly Now), Melhor Som, Melhor Ator (Sylvester Stallone), Melhor Atriz (Talia Shire), Melhor Ator Coadjuvante (Burt Young e Burgess Meredith), além da conquista do Globo de Ouro como melhor Filme (Drama) e várias outras indicações.

Com toda certeza, em 1976 Sylvester Stallone entrou definitivamente para o hall da fama hollywoodiano, posicionando o ator no topo das celebridades americanas em um piscar de olhos. É bem verdade que a continuação da saga de Balboa nos ringues não foi a mais brilhante, mas certamente, a série de longas metragens marcou território e definiu o estilo "boxemovie" para o cinema mundial. Confesso que mesmo sendo um grande fã do humilde e valente Garanhão Italiano, fiquei assustado quando ouvi a notícia do início das filmagens do sexto filme da série, após um intervalo de dezesseis anos, Stallone correria o risco de encarnar novamente seu mais célebre personagem, o simples fato de ver nos cartazes dos cinemas o título Rocky VI já é de arrepiar, mas graças aos Deuses do Boxe, outros tiveram as mesmas impressões que eu, e felizmente os cinemas estrelam em seus luminosos o título Rocky Balboa.

Apesar do roteiro não apresentar nada de diferente dos filmes anteriores, desta vez Balboa não terá ninguém para impedir seu desejo de lutar, e visivelmente não hesita em aceitar o desafio feito pelo atual campeão dos pesos-pesados Mason "The Line" Dixon (ex-lutador meio-peso pesado Antonio Tarver), uma luta totalmente improvável, pois dificilmente veremos nos ringues um lutador no auge dos seus sessenta anos, lutando com um campeão com pelo menos a metade de sua idade. Esse clima retorno juntamente com o alarde da mídia, faz com que Rocky Jr (Milo Ventimiglia), tente se aproximar do velho pai, que até então vivia das memórias do passado contando suas façanhas pugilisticas aos fregueses de seu restaurante italiano.

O mote para trazer o lutador de volta aos ringues é bem sacado, após uma luta virtual entre o atual campeão dos pesos-pesados e Rocky, transmitida por um importante canal de TV, Balboa seria o vencedor, a suposta derrota de Mason "The Line" Dixon para o velho boxeador sexagenário, tira o arrogante atual campeão do mundo do prumo, levando-o a desafiar Balboa para uma luta real. Entre um pequeno romance com Marie (Geraldine Hughes), memórias da amada falecida esposa Adrian (Talia Shire), o afastamento do filho e muitos outros golpes da vida, o filme consegue rever os erros das seqüências anteriores, não os concerta! Mas consegue levar ao público uma história forte, sem muitas novidades mas com certeza poderia encerrar a saga de Rocky Balboa sem deixar nada a desejar.

Muitos comentaram que Sylvester Stallone teria acabado, e que seus últimos filmes prejudicaram o sucesso do primeiro Rocky, e que o produtor foi levado a knockout por ele mesmo; eu mesmo em alguns momentos concordei com essa opinião, mas definitivamente, o autor do maior campeão de boxe dos cinemas foi apenas levado a knockdown, uma fraqueza temporária, talvez pela sede de lucros e fama que Hollywood impõe, e se Rocky Balboa for realmente o último filme da série, Stallone estará fechando a saga em grande estilo, com um perfeito knockout, que aliás não aconteceu no filme, e acertando um severo cruzado de direita no queixo dos críticos que disseram e desejaram o contrário.

*Fábio Azevedo é editor da ND Comics, que publica a revista em Quadrinhos Guerreiros da Tempestade.

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Crítica: Rocky Balboa (tributo à lenda)

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