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Como foi: Bate-papo com Peter Kuper
Por Wilson André Filho
09/06/2006

Que jeito melhor para um artista visual falar de seu trabalho se não mostrando imagens? Foi assim que Peter Kuper (foto) iniciou sua palestra Os quadrinhos como arma de resistência na noite de ontem, dia 8, na Gibiteca Henfil (evento divulgado aqui).

Com mediação de Waldomiro Vergueiro, professor e coordenador do Núcleo de Pesquisas e Histórias em Quadrinhos da ECA-USP; presente também, Rogério de Campos, diretor editorial da Conrad Editora, que publicou no Brasil A Metamorfose, adaptação de Kuper ao livro de Franz Kafka. O quadrinhista fez uma rápida apresentação do seu trabalho através de uma série de slides que ele mesmo ia mostrando e comentando. Nessas imagens puderam ser vistas várias capas da revista política World War 3 (Terceira Guerra Mundial), da qual é co-fundador, esboços mostrando o processo de criação para as tiras de Spy vs. Spy da Mad e algumas páginas iniciais de A Metamorfose

Peter Kuper acompanhado por Waldomiro Vergueiro e Rogério de Campos


A propósito do tema da palestra, Rogério de Campos disse que o quadrinho “cresce” na adversidade, lembrou o início do chamado underground norte-americano e destacou particularmente o ano de 1968 como o momento da explosão desse gênero com Robert Crumb, Zap, a revista Pilot na França e a Frigidaire italiana, no Brasil Angelo AgostiniO Pasquim; sobre Peter Kuper, comentou que o seu trabalho se revitalizou na era Bush. Disse ainda que atualmente há um aumento no espaço para o quadrinho alternativo, ao redor do mundo, dentro das feiras e eventos do setor; “a política é o motor dos quadrinhos” finalizou. Waldomiro Vergueiro reforçou a origem crítica das HQs, chamando atenção para as experiências alternativas mais próximas de nós, citando Héctor Oesterheld, na Argentina e Ríus, no México.
 
Respondendo a perguntas, Kuper disse que “a ‘mídia industrial’ está sempre dez passos atrás ao tratar de qualquer assunto” e que a censura aumentou muito nos EUA após os atentados de 11 de setembro, apontando como solução os alternativos onde “as possibilidades são infinitas”. Sobre caracterização de personagens comentou que todo dia no metrô ele vê pessoas diferentes e isso se transforma em matéria-prima para construir novos personagens. Terminou dizendo que está feliz em fazer um trabalho fora do mainstream, comparando os alternativos como o jazz frente ao rock’n’roll.

O evento acabou no horário, como previsto, mas ainda houve tempo para os tradicionais autógrafos; quem não tinha levado nada pôde adquirir um exemplar de A Metamorfose que a Conrad, estrategicamente, colocou à venda. Kuper também recebeu, de alguns participantes, fanzines e outros materiais. O único problema foi a tradução deficiente, pois muito se perdeu entre o que era perguntado e o que ele respondia por conta dessa falha, que ficou evidente pelos comentários daqueles que, na platéia, tinham o domínio do inglês.
 
(Fotos de Gazy Andraus)

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