Eu havia ouvido falar de Crânio, personagem criado por Francinildo Sena, mas nunca havia lido nada dele. Meu primeiro contato direto com o personagem foi através da Brado Retumbante e, recentemente, através da nova série estrelada pelo personagem (e divulgada aqui).
Depois de ler as três primeiras edições de Crânio interessei-me por ir adiante rapidamente e decidi ler a minissérie Campo de Batalha, produzida e publicada na virada de 2000 para 2001, onde havia a promessa do encontro conclusivo entre o príncipe Haran (a verdadeira identidade do desmemoriado Crânio) e seu irmão Krok, ditador soberano do planeta Stron.
Francinildo explica no editorial da primeira parte da minissérie de quatro números que resolveu escrever Campo de Batalha devido às inúmeras perguntas que a revelação da origem de Crânio criaram na cabeça dos leitores.
Criados pelo próprio Francinildo, aparecem na minissérie Anfíbio, Pássaro e Réptil. Além destes, participam da HQ Retrato da Morte e Felino (de Elton Brunetti); Rastreador, Faquista, Garota Solar, Anti-Ciclone, Dr. Hipnose e O Combatente (de Gilberto Borba); Expert, Evellon, Sensor, S.O.S. e Multicor (de Sérgio Jr.); Orquídea, Penitência, Redentor e Combatente (de Marcos Franco); Pandora (de Joe Nunes); Velta (de Emir Ribeiro); Keno - o Morcego (de Alcivan Gameleira); Transmutor (de Marcelo Salaza e Luziel); Lagarto Negro (de Gabriel Rocha); Homem Justo (de Oscar Kern) e Guará (de William Pereira). Interessante e, até mesmo, engraçado é quando no capítulo dois um dos personagens comenta sobre a convocação dos heróis, agradece a todos os que compareceram e, depois de alfinetar os que nem sequer responderam ao chamado, explica que Meteoro (de Roberto Guedes) e Raio Negro (de Gedeone Malagola) "justificaram" suas ausências.
Marcelo Salaza, o desenhista da série, infelizmente foi cansando ao decorrer das edições: a parte quatro artisticamente é a pior resolvida. Algumas repetições de quadros funcionam, mas o artista acaba por exagerar com o uso deste recurso. Outro ponto fraco é o letreiramento, em alguns momentos difícil de se ler devido ao tamanho das letras, às vezes pequenas demais. Inúmeros erros de português também pontuam a edição, especialmente os de concordância.
Como escritor Francinildo surpreende ao decidir sacrificar alguns personagens durante o confronto final com Krok, algo bastante comum e próprio dos comics, mas que ainda causa bastante impacto. Sabiamente optou por levar a batalha até o planeta Stron e não fazê-la acontecer na Terra. Especialmente pelo final, até certo ponto inesperado, pelo qual optou.
Campo de Batalha é uma referência importante para o meio independente brasileiro por dois motivos: mostrar o final da saga de Crânio (personagem que já existe há 17 anos) e por reunir um grande número de personagens nacionais.
Cada número de Campo de Batalha tem 16 páginas de miolo em preto e branco e custa, incluindo as despesas de correio, R$ 3,00. Pedidos podem ser feitos diretamente para o editor no seguinte endereço: Rua Desembargador Hemetério Fernandes, 231 - CEP 59900-000 - Pau dos Ferros-RN.