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Por Marko Ajdarić 17/10/2005
Resumindo a sinopse oficial, "o enredo é baseado em um livro não publicado, baseado em fatos reais. A história acontece no Brasil e em mundos paralelos". Partindo desse pressuposto, o roteirista Marcelo Moura (o Poeta) desenvolve uma trama na qual o terror anunciado é um recurso narrativo para falar dos rumos deste planetinha, no qual (segundo um quadro da HQ): "O Homem vem destruindo a terra ao passar dos séculos. Castigou, dominou e vendeu vidas, destruiu e gerou seres humanos em série. Construiu máquinas e industrializou a si mesmo. O mundo se tornou digital e a guerra foi a alavanca para tudo isso. Muito se ganhou e muitos foram sacrificados em nome da evolução". Moura monta uma trama com elementos brasileiros (ou cariocas, como queiram) que consegue passar sem um senão no item onde a maioria dos primeiros números mais revela fragilidades: em nenhum momento há "ruídos" - algo que incomode ou sobre - apesar da ousadia de vários enquadramentos. O segundo detalhe é a pesquisa para a estrutura das páginas da HQs, que suam muitos recursos de quadrinhos, com boas soluções: o uso de chamadas de noticiário sobre a realidade brasileira em notas como se estivessem em off é muito bem empregado, o que acaba realçado pelo tratamento editorial gráfico impecável. Com erros pequenos na definição de personagens e de traços de fisionomia e acertos a granel no uso de cores, hachuras e sombras, o desenhista Fonseca se sai muito bem ao pôr em traços as seqüências imaginadas por Marcelo Moura. Para mais, o ritmo é bem dosado, e o leitor é levado a não largar o gibi antes de terminar a leitura; as variadas soluções para sustentar este ritmo, entre uma passagem e outra, são muito bem resolvidas. O maior pecado do gibi é o de mais fácil correção, com um mínimo de apoio profissional: há não poucos erros de português. Portanto, nosso maior recado é para os colegas que estão há mais tempo na seara dos quadrinhos: vale a pena conhecer, trocar idéias e fazer as próximas HQs da Baixada Fluminense serem não só um início, mas um marco para a Nona Arte brasileira. Eles têm tudo para realizar excelentes quadrinhos. E a ousadia de ter sido o único coletivo nacional de quadrinhos a bancar um stand na feira de São Paulo mostra que eles têm disposição para caminhar. Nos próximos gibis, pelo que o próprio Moura nos disse, o fantástico vai estar ainda mais presente... vamos aguardar para ver. |
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