NewsLetter:
 
Pesquisa:

Resenha: A Escrita dos Quadrinhos
Por Marko Ajdarić
04/10/2005

Em A Escrita dos Quadrinhos, seu 2º livro pela coleção João Nicodemos de Lima, do Sebo Vermelho - uma das maiores provas da resistência da cultura do Rio Grande do Norte e que está completando 20 anos - o mestre Moacy Cirne retoma temas semeados nos anos 1970, quando, juntamente com Álvaro de Moya, praticamente fundou a crítica e o estudo de quadrinhos no Brasil em termos profundos, e traz novas propostas.

Lançado durante o Intercom deste ano, o livro traz 120 páginas de textos e um belo apêndice: poemas visuais de Falves Silva (que também assina a capa) em forma de homenagem a quadrinhistas como Moebius, Milo Manara, Hugo Pratt, Guido Crepax, Frank Miller, Will Eisner, Robert Crumb, Henfil e Ziraldo, numa aproximação a outro dos temas mais caros do mestre Cirne: o poema-processo. 
 
A obra traz conteúdos variados: um texto confessional chamado meus primeiros gibis, em que Cirne conta como chegou a gostar de bons quadrinhos a partir de sua infância em Seridó (RN), 21 páginas de listas de clássicos dos quadrinhos de todos os tempos, textos de debate que não se destinam ao grande público, mas que ajudam a elevar em muito os pontos de referência a partir dos quais se pode e se deve exercer o estudo e a pesquisa sobre quadrinhos, retomando referências como o estruturalismo e a semiótica. Em outras seções, o carinho interessado de Cirne, caldeado por décadas como professor na UFF (Universidade Federal Fluminense) e como debatedor em todas as formas possíveis de eventos, brinda aos mais jovens leitores sobre HQs com dois tipos de paralelos: históricos com outras formas de expressão da cultura popular (inclusive a xilogravura e o cordel), e de possibilidades de interação com outras formas de expressão da cultura e da indústria cultural.

Como contribuição maior ao novo, o mestre Cirne nos propõe debater as inúmeras possibilidades do que ele chama de quadrinho-documentário, uma forma de expressão e de inserção na vida dos homens que pode dar aos quadrinhos a respeitabilidade definitiva ao que foi imaginado por outro homem que mudou para sempre as cabeças de quem pensa quadrinhos nos anos 1960: a nueva historieta (ou novos quadrinhos) proposta por Hector G. Oesterheld, num artigo que, por sinal, estará fazendo 40 exatos anos no mês de novembro.
 
Nossa única, porém grande, ressalva aos editores da imprescindível Sebo Vermelho é que o livro merecia e merece um prefácio e/ou um prólogo, que ajude aos novos leitores de Moacy Cirne a compreender os meandros deste belo livro, ampliando o que foi apresentado apenas na 121ª página de A Escrita dos Quadrinhos: as origens dos variados textos.

Quem Somos | Publicidade | Fale Conosco
Copyright © 2005-2025 - Bigorna.net - Todos os direitos reservados
CMS por Projetos Web