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Resenha: O Aviador
Por Eloyr Pacheco
29/07/2005

O longa-metragem O Aviador (2004) - dirigido por Martin Scorsese - foi indicado ao Oscar deste ano em 11 categorias, levando para casa os prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante (Cate Blanchett), Direção de Arte, Fotografia, Edição e Figurino. Leonardo DiCaprio, como o multimilionário Howard Hughes (1905-1976), convenceu muitas pessoas de que pode realmente se entregar a papéis profundos e densos. No caso, o seu Hughes foi estudado em detalhes antes de ser "incorporado". O Aviador revelou ao mundo o lado doentio e obcecado pela perfeição do homem que hoje faz parte da história do cinema.

Hughes iniciou sua fortuna ao herdar, aos 17 anos, a Hughes Tool Company, que detinha a patente de brocas especiais para perfuração de poços de petróleo. Até certo ponto - para não dizer totalmente - autodestrutivo, tornou-se famoso e bem-sucedido nas indústrias da aviação e do cinema. Como aviador, ele mesmo fazia questão de pilotar os aviões que fabricava e bateu todos os recordes de velocidade. Em 1938, conseguiu a façanha de dar a volta ao mundo em pouco mais de três dias e meio; para ser mais preciso, três dias, 19 horas e 17 minutos. Foi Hughes quem projetou, construiu e voou no Hércules, a maior aeronave do mundo, feita em madeira e com 100 metros de envergadura.

No cinema, produziu e dirigiu em 1927 Anjos do Inferno, que acabou sendo o filme mais caro a ser realizado pela indústria cinematográfica da época. Depois de pronto, Anjos do Inferno foi praticamente refilmado, pois Hughes decidiu que colocaria som, a grande novidade, em sua obra - o que fez com que o filme só fosse lançado em 1930 e se tornasse um clássico do cinema. Em sua realização ocorreram muitos acidentes fatais, devido à busca excessiva do diretor pela perfeição nas tomadas de batalhas aéreas. Destemido, ele mesmo sofreu muitos acidentes, não só durante as filmagens, mas também nos testes aéreos que realizava. Entre os longas-metragens que produziu estão The Age for Love (1931), The Front Page (1931), Cock of the Air (1932), Sky Devils (1932) e o conhecido Scarface, A Vergonha de uma Nação (1932). Criativo, no western O Proscrito, que dirigiu em 1943, desenhou um sutiã especial para ressaltar os seios da atriz Jane Russell.

Enquanto era um sucesso nos negócios, que não media esforços para sustentar, Hughes mantinha uma vida amorosa conturbada e cheia de altos e baixos. Bissexual e adepto a orgias, teve relações com muitas estrelas famosas, entre elas Katharine Hepburn e Ava Gardner, interpretadas no filme de Scorsese por Cate Blanchett e Kate Beckinsale, respectivamente. Morreu de uma misteriosa doença aos 71 anos, sozinho, mentalmente perturbado e fisicamente deformado.

O livro O Aviador: A Vida Secreta de Howard Hughes, de Charles Higham, acaba de ganhar uma segunda edição pela Record com um prólogo sobre como o livro tornou-se uma superprodução hollywoodiana. Biógrafo premiado, Higham, que já havia revelado as vidas de Audrey Hepburn, Ava Gardner, Marlene Dietrich e Marlon Brando, entre outras celebridades, pesquisou durante dois anos a vida do ousado aviador e cineasta de sucesso. A biografia de Higham mostra a trajetória do jovem texano até tornar-se proprietário de cassinos e fabricante de satélites espiões, o que vai além do filme, que pára no fim da primeira metade dos anos 1950. Fala de sua bissexualidade, da presença em orgias, do sadomasoquismo e da dependência de cocaína e calmantes. Higham também revela as conexões políticas do multimilionário. Por exemplo, no fim da década de 1950, seu braço direito, Robert Maheu, arquitetou com a CIA um complô para matar Fidel Castro; houve também o envolvimento de Hughes com o presidente Nixon, outro texano.

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