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Por Dark Marcos 29/03/2011 Houve um tempo em que o Batman não era exatamente um herói carrancudo e sombrio. Era uma época em que o personagem teimava em fazer piadinhas enquanto socava seus inimigos. Piadinhas infames, diga-se de passagem. Também fazia caras e bocas estranhas, enfrentava ameaças esquisitas e desvendava mistérios insolúveis com pistas absurdas e insignificantes. Roteiro? Pra que roteiro? As histórias do Batman eram feitas para divertir, quase que humoristicamente. Esse clima desembocou no infame seriado Batman e Robin, onde o ator Adam West interpretava o herói. Isso já nos anos 60. Mas essa onda "divertidinha" e "inocente" era fruto das perseguições moralistas que o personagem (e todo o gênero de super-heróis) sofreu uma década antes. Violência? Batman era muito violento. Isso faria mal pras crianças. Melhor deixá-lo mais divertido... Sua parceria com Robin? Eles dormiam até juntos!!! O que as crianças iriam interpretar? Homossexualismo, não!!! Vamos deixar a coisa mais amena. O mais paradoxal quanto a esse pensamento é que enxergava-se uma relação homossexual entre a dupla dinâmica antes. Mas, depois, as histórias ficaram tão "alegres" que o clima suspeito era evidente a cada quadro. Mas, enfim, os moralistas estavam satisfeitos por botarem os quadrinhos no seu devido lugar: na chamada cultura inútil, onde um simples gibizinho já não tinha importância literária nenhuma, com histórias absurdas e esquecíveis. Mesmo fadado a ridicula existência na "inferior arte dos quadrinhos", Batman sobreviveu o bastante para ver sua situação mudar. Em parte, catapultado pela fama adquirida através do já citado seriado televisivo. Isso deu a chance para o escritor Dennis O'Neil gradativamente colocar um pouco de seriedade nesse circo de piadinhas infames. Juntamente a desenhistas de peso como Neal Adams (com quem fez dupla na revista do Arqueiro Verde, abordando temas polêmicos como as drogas), O'Neil não fez uma revolução de uma edição para outra. Seus roteiros ainda tinham o clima leve dos anos passados. Porém, eram nos detalhes que as histórias do personagem começavam a se firmar. Um dos grandes desafios de O'Neil era criar uma ameaça para esses novos tempos. No passado, vilões como O Coringa, Pinguim e Mulher-Gato eram tão conhecidos quanto o herói e, quando apareciam, era sempre um acontecimento especial. Nos anos de ridicularização, isso se perdeu e Batman enfrentou alienígenas, piratas e criaturas que até sua imaginação duvida. Já na década de 70, o escritor tencionava criar um grande vilão, mais pé no chão, que parecesse menos absurdo que as edições anteriores. E, nesse ambiente, surgiu Ra's al Ghul. O nome, de origem árabe (apesar do personagem não ter uma nacionalidade muito clara na época), significava "cabeça do demônio". Mesmo com sua ameaçadora aparição na capa da revista Batman nº 232 (edição americana), Al Ghul pouco lembrava um vilão. Estava mais para uma espécie de ricaço excêntrico. Como referência a continuidade (apesar que continuidade não era exatamente uma regra a ser seguida pela editora DC Comics na época), o personagem revelava ser o pai de Talia, uma linda jovem que Batman salvou em edições passadas. Continua na semana que vem... |
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