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Resenha: Nevasca
Por Cadorno Teles
05/09/2008

O que seria um romance cyberpunk? Em primeira leitura, o gênero surgiu num momento em que a ficção cientifica e as tecnologias estão cada vez mais tênues em nossa realidade. Mas entre os vários pensamentos de escritores, o cyberpunk é tido como a voz do underground na sociedade moderna e o vislumbre de um novo mundo imerso na tecnologia.

Nevasca (Aleph, 440 páginas, R$ 59,90) de Neal Stephenson, é o livro que projetou o autor norte-americano mundialmente. Publicado em 1992, o título em inglês, Snow Crash, se refere à imagen de ruído projetada pela TV quando perde seu sinal, aqui relacionado na novela com o caos e a perda de informação. A editora Aleph está de parabéns por trazer mais um dos romances que marcaram fantásticamente a literatura mundial. Stephenson construiu uma narrativa original, inteligente, perceptiva e acelerada, que inspirou a criação de ambientes virtuais, famosos em nossos dias, como o Second Life e Playstation Home.

Edição caprichada, com capa em alto relevo, tradução de Fábio Fernandes, chega em boa hora: Nevasca foi eleito pela revista TIME como um dos 100 mais importantes romances em língua inglesa do Século XX. Assim como William Gibson cunhou o termo ciberespaço, em Neuromancer (livro recém-lançado também pela Aleph), o termo Metaverso foi criado por Stephenson em Nevasca, e hoje é comumente utilizado para descrever esses ambientes. Em um futuro próximo, os Estados Unidos não existem mais. O país deu lugar a vários territórios independentes, controlados por franquias privadas sob a mão de mercenários, indústrias de automóveis e corporações de toda a espécie.

A narrativa é ambientada em Los Angeles, o personagem principal, Hiroaki (Hiro) Protagonist, trabalha para uma dessas corporações um entregador de pizza da Máfia, Tio Enzo e sua Casa Nostra, que é, ao mesmo tempo, um famoso hacker tanto no Metaverso como em nossa realidade, é um exímio lutador de espadas, um samurai de katana e tudo. Na realidade virtual, Hiro é muito maior. Ele pertence à elite que criou aquele lugar, habitado por avatares de toda espécie. Certo dia conhece uma adolescente T.A., uma kourier, patinadora-mensageira, que lhe rouba uma pizza e será importante aliada para impedir um desastre envolvendo um vírus. Esse vírus, Hiro descobre no Multiverso, um poderoso vírus informativo que projeta uma imagem de ruído constante sobre um monitor e que afeta a capacidade da linguagem do indivíduo que contemple essa imagem. Em meio à investigação que inicia, Hiro se envolve em uma insólita aventura, para salvar o planeta de diversos perigos, como o maldoso Corvo, um negociata que quer conquistar a todos e um aborígine com armamento nuclear. 

O autor oferece tanta informação, que poderia deixar o leitor perdido em meio à quantidade, mas consegue assegurar a coesão em um ritmo acelerado alucinante. Um amálgama que envolve realidade virtual, um vírus, religião, mitologia, filosofia tão distinta que poderia ser uma visão trazida do nosso próprio mundo, em um futuro próximo. Para aqueles que gostam de aventura pós-moderna, investigação, planos maquiavélicos, perseguições estupendas e luta de espadas. Vale a pena. 
 
Curiosidade
O título do livro é explicado por Stephenson em seu texto In the Beginning... was the Command Line. Nele é explicado que o termo era usado quando antigos computadores Macintosh travavam em um nível tão fundamental que a CPU começava a desenhar pontos aleatórios no monitor, criando um efeito similar à uma televisão fora de sintonia ou a uma tempestade de neve, um snow crash.
 
O Autor
Neal Stephenson nasceu em 1959. O seu primeiro grande sucesso surgiu com esse romance Snow Crash. Três anos depois, Stephenson alcançou o reconhecimento internacional enquanto autor de ficção científica com o livro The Diamond Age (1995), sendo galardoado com os prémios literários Hugo e Locus e incluindo-se entre os finalistas do prémio Nebula. Cryptonomicon, de 1999 (Prémio Locus 2000) tornou-se um livro de culto para os hackers e os aficionados do universo informático.

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