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Resenha: Enciclopédia dos Monstros
Por Cadorno Teles
13/08/2008

Monstros, dependendo do tempo e do espaço, do período histórico e da cultura em que o seu próprio conceito for desenvolvido, são seres mantidos pela própria sociedade, seja por cuidado, por medo ou por tradição para aterrorizar, ou até mesmo divertir, como vemos nas últimas décadas. O livro Enciclopédia dos Monstros (Ediouro, 304 páginas, R$ 59,90), escrito pelo jornalista e advogado - e responsável pela coluna A Guerra dos Gibis no portal Bigorna.net - Gonçalo Junior, perfila as criaturas que nascidos da imaginação humana, dos mais diferentes aspectos "e que se acredita não terem uma forma física muito agradável, mas que nunca se provou que existam". Segundo o próprio autor, "o principal critério para definir monstro no livro, além de aparência grotesca, que causa algum tipo de reação de medo ou temor no primeiro momento". Mas o principal mote do livro é ser um guia divertido de consulta para curiosos e fãs.

A cada página virada, de todas as manifestações artísticas, temos verbetes bem construídos, com o perfil e o histórico de diferentes monstros. Gonçalo ampara a obra sob uma intensa pesquisa e diversas entrevistas que fez para produzir uma fonte confiável e introduz o conceito do arquétipo, nas primeiras páginas, relacionando o nome monstro à nossa realidade, como no caso quando queremos chamar alguém que se sobressai em uma determinada área o chamamos de monstro. Entre outros exemplos, a introdução nos conceitua o termo que se baseia a Enciclopédia. Como todo trabalho dessa grandeza, o autor consegue nos detalhar fantasmas, lobisomens, extraterrestres, criaturas dos pântanos, corcundas, aberrações de circos, e até mesmo monstros bonzinhos, como Shrek e Mestre Yoda ou os heróis Hulk e Fera dos X-Men. Dividido em oito capítulos, subdivididos em tópicos de referências a cada uma dessas criaturas que povoam a nossa mente. Em Monstros do céu e do inferno, o primeiro capítulo, vemos criaturas religiosas, mitológicas, míticas ou lendárias da história do homem, como a Esfinge do Egito, o Minotauro, a Medusa, o Centauro, o diabo bíblico, do folclore brasileiro, como o Saci e o Curupira, e até mesmo o Pé-Grande.

Literatura de Monstros é o assunto seguinte, onde o autor nos mostra a evolução do gênero, traçando deste os contos fantásticos das diversas mitologias até o Drácula de Bram Stoker, passando pelas criações literárias de Horace Walpole, William Blake, Mary Shelley, Robert Louis Stevenson. Henry James, H.G. Wells, entre outros escritores até chegar aos dias de hoje, com Stephen King, Anne Rice e o brazuca André Vianco. Monstros das artes, onde vemos a adoção, a partir do século XVI, na pintura e na ilustração do tema horror e teror em suas criações artísticas. Nomes como Bosch, Dalvador Dali, GoyaWilliam Blake, Gustave Doré, Picasso, Benicio Fonseca são investigados e apresentam suas criações. Gonçalo Júnior ainda descreve com maestria as principais criaturas do mundo pop em Monstros dos Quadrinhos, Monstros do cinema, Monstros da TV e aí o desfile descritivo e informativo ganha um extenso painel de criaturas e seres sinistros e divertidos, para citar alguns: o Zelador da Cripta, a Bruxa Velha, o Guardião da Câmara da EC Comics, Monstro do Pântano da DC Comics, Vampirella, os monstros que Bela Lugosi, Boris Karloff, Lon Chaney, Vincent Price, os modernos Freddy Krueger, Jason Voorhees, e o nosso Zé do Caixão entre muitos outros. Por último, o capítulo Monstro do rock, onde Ozzy Osborne e Marilyn Mason aparece junto com o Eddy do Iron Maiden, entre outros para abordar o rema na música atual.

Com uma bibliografia extensa, a Enciclopédia dos Monstros garimpa informações num enfoque multifacetado, que dá ao livro uma importância ao papelo dos monstros, como parte tanto da nossa imaginação quanto da história da humanidade, ou como Ângela Faria do site Divirta-se analisa sobre o trabalho de Gonçalo Junior, "o autor não oferece apenas um almanaque com informações ligeiras, cheio de ilustrações bonitas. Sua enciclopédia é um estudo cuidadoso das várias faces do grotesco". Curioso e rico em fotos e ilustrações, a obra é um mergulho profundo nesse rico mundo dos monstros.

O autor
Gonçalo Junior cresceu na companhia de fantasmas. Perto da casa de seu avô, numa fazenda secular nos confins da Bahia, onde ia passar férias, costuma-se ouvir o choro angustiante de uma bela escrava que foi torturada e mutilada até a morte há mais de cem anos por causa do ciúme de sua dona. É assim toda Sexta-feira Santa nas ruínas de um antigo engenho. Mesmo com medo de assombrações, refugiou-se desde criança nos gibis de terror e de super-heróis. Depois, descobriu o cinema e a literatura de horror. Nunca mais largou a companhia dessas criaturas, que considera principalmente divertidas. Autor de doze livros, entre eles A guerra dos gibis (Companhia das Letras), País da TV (Conrad), Homem-Abril e Tentação à italiana (Opera Graphica) e Claustrofobia (Devir), Gonçalo Junior também organizou outros dez volumes de autores diversos e participou de duas coletâneas sobre TV e cinema. (do release da editora)

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