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Resenha: O Monge Inglês
Por Cadorno Teles
03/06/2008

Milão, 1246. Na escuridão sombra da noite, suas muralhas são iluminadas por um sinistro brilho: um incêndio destrói a casa do mestre-pedreiro Guglielmo Salvo, um respeitado senhor que morre em meio às chamas que o pegam de surpresa. Juditha, moradora do bosque do Quadronno, que todos chamam de bruxa pelo uso de ervas e fórmulas desconhecidas, segue em silêncio a fuga do homem responsável pelo fogo criminoso.
No mesmo período, o abade Arnolfo de Sala, da abadia de San Simpliciano, terá uma difícil missão: defender a honra do monastério ante as intrigas de um mercador sem escrúpulos, Birago. Entre os dois casos, o assassinato e as intrigas do comerciante, chega na cidade o frade inglês Matthew Willingham, um velho amigo de Arnolfo. Meio a contragosto, o frade se sente obrigado a ajudá-lo, e acaba descobrindo um terrível segredo.

Essa é a sinopse do livro O Monge Inglês (Il monaco inglese, Record, tradução de Eliana Aguiar, 378 páginas, R$ 39,00), escrito pela jornalista e crítica de arte italiana Valeria Montaldi, apontada como maior nome do romance histórico da Itália. O livro é o terceiro volume das aventuras investigativas do frade inglês, a primeira foi Il mercante de Lana, ganhadora dos prêmios Ostia Mare de Roma, Frignamo e Città di Cuneo, importantes agremiações da ficção italiana. O segundo livro, Il signore del falco, também premiado, com o Selezione Bancarella, ambos foram sucesso de vendas, e que chega no Brasil, ao contrário de outras séries, pelo terceiro volume – o único ponto fraco, pois desconhecemos as aventuras passadas anteriormente, esperemos que a Record publique os primeiros volumes.

Nesta aventura, Matthew já há vinte anos estava longe da cidade de Milão, atualmente extraordinária urbes cheia de mistérios, e que durante a Idade Média era uma cidade rodeada por misteriosas florestas, diversas estradas, locais de feitiçaria e mercados. O charme do passado encontrado na narrativa de Montaldi, é alternado com a crueldade dos homens da época, dando um realismo cru para a injustiça e a opressão dos menos favorecidos de grande maioria dos moradores. É deste modo, que encontramos pouca generosidade ou nobreza nas ações de alguns personagens, mas há também a coragem e a lealdade de suas personagens femininas que conseguem superar as piores dificuldades, grande maioria criadas pelos homens. Como por exemplo, Petra, obrigada a abandonar sua filha para a patroa ou Rachel, mulher judia, sem família, que se atreve a estudar medicina e lida com aqueles que se opõem aos seus sonhos e além da bruxa Juditha, na verdade uma hábil herborista que vive sozinha, erma na floresta e que ajuda quem lhe procura, sem exigir nada em troca.

A narrativa, realmente interessante, prenderá a atenção do leitor até as últimas páginas, não pelos temas do mistério ou a sede de poder e riqueza do homem, mas pela retratação da cidade, dos aspectos sociais, de seus habitantes, da compostura, do gosto pelas roupas elegantes, algo que ainda impera na cidade atualmente, conhecida como a cidade da moda. Para finalizar, ante o paralelo da moda, não convém fazer comparações, mas a crítica já compara o personagem Matthew, pela riqueza e complexidade de criação, ao monge William de Baskerville, de O Nome da Rosa. Vale a pena ler e aguardemos os dois primeiros volumes.

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