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Resenha: O duelo, um conto militar
Por Cadorno Teles
03/06/2008

"(...) A história de um duelo, que se tornou lendária no exército, permeia a epopéia das guerras imperiais. Para surpresa e admiração de seus companheiros, dois oficiais, como artistas insanos que tentassem dourar ouro puro ou embelezar o lírio, sustentaram um combate particular durante os anos de massacre universal. Eram oficiais de cavalaria e as relações deles com o brioso mas caprichoso animal que leva os homens para as batalhas parece particularmente apropriadas. Seria difícil imaginar no papel de heróis desta lenda dois oficiais da infantaria (...) por ser de uma espécie mais laboriosa".

O escritor inglês, nascido na Polônia, Joseph Conrad (1857-1924) é admirado por colocar em seus livros sentimentos como honra, amizade e amor. O seu trato em relação aos valores humanos e o lado trágico da vida o alavancaram como um dos mais extraordinários criadores de personagens e histórias. A editora Revan está com o projeto de publicar a grande obra deste que é um dos maiores escritores de todos os tempos, e está conseguindo manter o ritmo de bons lançamentos, sempre com a ótima tradução de Julieta Cupertino, que com seus 90 e tantos anos impressiona pela lucidez de estilo e precisão literária.

O último volume lançado foi O Duelo, um conto militar (tradução de Julieta Cupertino, 140 páginas, R$ 28,00) é a história de dois oficiais da cavalaria do exército Napoleônico, cujas vidas, personalidades e regiões antagônicas chegam a um confronto que durante anos perfiraram uma sequência de duelos enquanto as campanhas e os principais momentos da Era de Napoleão Bonaparte ocorriam. A narrativa apresenta D'Hubert, alto e magro, vindo do norte francês, ponderado e tranqüilo e Feraud, robusto e mediano, natural do sul da França, impetuoso e colérico. Os dois ainda eram tenentes quando entraram em conflito, em 1801, no mesmo ano em que Napoleão chega ao poder. Ambos são orgulhosos soldados, exemplos perfeitos do militarismo francês do início do século XIX.

E, por uma bobagem qualquer, acabam se enfrentando num duelo pela honra. Como nenhum dos dois morre no combate, o código moral da época exigia que se batam novamente. Mas sempre acontece algum imprevisto e, apesar dos vários duelos sucessivos, ambos continuam vivos e cada vez mais sedentos pela derrota do adversário. Os leitores irão acompanhar esses duelos por todo o período de 15 anos que marcam a história européia, ao longo de uma seqüência de duelos que acaba quando os dois, já comandantes de sua tropas, terminam sua história. Ao fundo de cada duelo, as batalhas na Europa, a retirada de Moscou, o governo dos Cem Dias, Waterloo, a Restauração, ministros ardilosos, vinganças políticas, todo um cenário dominado pela figura daquele que se tornaria o Homem de Santa Helena.

Originalmente publicado como The Point of honour em 1908, se reuniu a outras cinco histórias em A set of six, o qual Conrad considerava aquele o seu devido lugar. Em 1977, o diretor inglês Ridley Scott transformou o enredo em filme com Keith Carradine (D'Hubeit) e Harvey Keitel (Feraud) com o nome Os Duelistas. O filme marcou a estréia de Scott, sendo vencedor do prêmio de Melhor Filme por um diretor estreante no Festival de Cannes.

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