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Resenha: Zine Royale #3
Por Matheus Moura
21/10/2008

Já fazia um tempo que estava curioso com um zine que se autodenomina de “Real” - não a moeda, claro,  mas sim o título. E recentemente tive a oportunidade de conhecê-lo e digo: dentre o zines ele possuí mesmo a panca de realeza. Estou falando do Zine Royale #3 (52 págs. papel off-set, capa em papel couchê, formato 10 x 14 cm, R$ 3,00), editado por Jorge Zugliani (o Jozz).

Nesta terceira edição a bela capa dupla é assinada por Marcatti, que também tem um bate-papo com Jozz na revista. Na conversa são abordados temas como mercado editorial, produção independente e a feita para grandes editoras, personagens desaparecidos, novidades, dentre outras coisas mais. Uma experimentação neste número é o Podcast com o entrevistado Cadu Simões. Tanto a conversa com Marcatti quanto com Cadu se completam, e para ter acesso a segunda é somente através do site do zine (aqui). A qualidade gráfica do material esta em altíssimo nível. A editoração de Jozz idem, chega a ser primorosa. Além das HQs, há diversas ilustrações espalhadas pelo zine e elas são assinadas por Beto Euchi, Gil Tokio, e Leandro Robles, todos do Estúdio Pingado.

Agora quanto às HQs. A primeira da revista é Ditador, escrita e desenhada por Luciano Tasso, e narra através dos olhar do próprio ditador as coisas que ocorrem ao seu redor. Bastante semelhante com Cuba e Fidel, apesar do desfecho do ditador ser diferente da contraparte real. Os traços são muito bons com ótima utilização do claro e escuro, os enquadramentos são feitos de maneira bastante pertinentes aos momentos e vez por outra o autor “brinca” com a diagramação e mostra bem o domínio que possui da linguagem. Na seqüência uma HQ de Gazy Andraus, é até complicado falar do trabalho de Gazy. Ele é muito pessoal. Não só para o autor mas para quem o lê também. No mais, traz os traços atuais do Dr., bastante soltos e expressivos. Esta HQ é batizada de Metrópolis e versa sobre uma grande cidade. Novidade na construção desta história é Gazy utilizar fotografia.

Gazy ainda assina uma matéria: Fanzines do século 21, ontem e hoje. O autor faz um panorama do cenário atual de zine em comparação com que ele foi. Mostra prós e contras com relação a hoje décadas passadas. Muito interessante. De HQs ainda têm Sr. Obscuro em: Comunicação é massa, roteiro e arte de Jozz, e Lubna, outra HQ de um homem só, Dennis. A de Jozz trabalha bem com a linguagem quadriníca, sem usar falas – propriamente dita – ele consegue dizer muito. Na questão gráfica, a arte dele é linda, com boa perspectiva, bom detalhamento e expressões dos personagens, sem contar o preto e branco. Já Dennis, mantém a qualidade da revista. Seus traços estilizados são bem legais, mas a história em si não agrada nem desagrada, fica aquele lance no ar. É estranho, mas não é ruim...

Zine Royale merece a oportunidade de ser lido e relido. É um material que não perde em nada, aliás só acrescenta ao cenário atual de HQBs. O único porém – apesar de ser critério editorial – é o tamanho da publicação. Ver a arte em grande escala é muito melhor do que da forma diminuta em que se apresenta aqui. Mas isso não é motivo pra deixar de ler esse zine real.

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