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Resenha: Contos Tristes
Por Matheus Moura
26/08/2008

Se final feliz em história é clichê, Contos Tristes ao menos deste está livre. Como o próprio título já diz, aqui encontramos várias histórias, cada uma com seu final triste. Apesar de sair do comum contando contos tristes, Estevão Ribeiro escorrega em outros clichês, como na primeira HQ, Bruno e Neném, desenhada por Amanda Grazini e ambientada em uma favela contando a vida de três garotos que brincam de polícia e ladrão. O clichê a que me refiro fica por conta dos ocorridos: um garoto acha uma arma em casa, acaba acertando o irmão, os pais se separam, o que atirou vira policial; o baleado, traficante e o colega narrador acaba por ser perseguido pela polícia, sendo um dos policiais seu amigo de infância. Nesta história há algo que incomoda, que é a “reciclagem” de imagens. Há quadros repetidos na HQ. Mas não é só de clichês e imagens repetidas que esta história se faz, o ponto alto dela é a ciclicidade dos ocorridos e situações à que os personagens se encontram.

Para uns pode incomodar e para outros enriquecer a coletânea. Em Contos Tristes, além de HQs há poemas e contos curtíssimos. Todos com o mesmo viés. A única coisa que faz com que um deles seja “dispensável” é o fato de haver uma HQ baseada nele. Isso acaba por dar uma impressão de repetitividade. Apesar de o conto dar maior profundidade à questão tratada. Todos eles têm ilustrações de diversos autores como  Fabrício Pirata, Júlio Tigre, Ilvan Filho e Ícaro H. Endlich. Olhando o seu Retrato, desenhada por Marcelo Castilho, narra a saudade de um rapaz por sua ex-namorada. Os traços são bem caracterizados para o clima, tendo um aspecto sujo, envelhecido, assim como as memórias do personagem.

Ao Cortar dos Cordões é a HQ baseada no conto homônimo. Entretanto, sem o roteiro de Estevão, ele conta com os textos e desenhos de Júlio Tigre. Apesar (de como já dito) ser uma história repetida na HQ, Júlio dá um folego a mais por seus ótimos enquadramentos e diagramação de quadros. O Palhaço, com traços de Douglas Fêlix, conta as desaventuras de um palhaço em um circo decadente. O ponto forte desta história é a narrativa de Estevão. Na seqüência a última HQ do álbum: A Demente, com arte de Mário César, que em minha opinião, possui os melhores traços da coletânea, mesmo não tendo muitos cenários e planos de fundo. O texto desta história também se sobressaí mostrando a versalidade de Estevão em narrar um história. A forma dada remete à poesia.

Premiado (2º lugar) no Prêmio Capixaba de Literatura, Contos Tristes merece ser conhecido pelo grande público e até por isso - além de poder ser adquirida a cópia física - foi disponibilizada para download grátis (como divulgado aqui).

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