NewsLetter:
 
Pesquisa:

Entrevista: Rodrigo Febrônio
Por Marcio Baraldi
09/05/2008

Os Quadrinhos invadem a TV! (parte 2)

Rodrigo Febrônio e a gatíssima Daiane,
do Banca de Quadrinhos

Esta entrevista é parte de uma série intitulada Os Quadrinhos invadem a TV!, que mostrará os três programas sobre Quadrinhos e afins que atualmente são produzidos no Brasil e veiculados em TVs e web TVs. Trata-se de uma marco no mercado de HQs brasileiro! Nunca antes tantos programas sobre o assunto foram produzidos, e todos 100% nacionais, desenvolvidos por profissionais de quadrinhos e/ou apaixonados pela Nona Arte. E o que é melhor: não se trata de uma febre passageira, os programas sobre Quadrinhos realmente vieram para ficar! Dando continuidade a esta série exclusiva, o Bigorna.net bateu um papo com Rodrigo Febrônio, jornalista especializado em Quadrinhos e Cultura pop que fundou em setembro de 2007 o programa Banca de Quadrinhos, levado ao ar pelo Canal de São Paulo toda quarta-feira às 20h30. O programa também pode ser assistido a qualquer hora aqui, onde estão disponibilizados todas as edições produzidas até o momento. Na próxima semana será a vez da entrevista com César Freitas, do HQ & Cia (All TV). Enquanto as grandes corporacoes televisivas ignoram os Quadrinhos e seu público, os independentes arregacam as mangas e mostram com quantos paus se faz essa nau desbravadora, cujo céu é o limite. E como diria um velho conhecido nosso: "Para o alto e avaaaannnnteeeeee!!!!".

Como surgiu a idéia de criar o programa? Você acha que o mercado de HQ no Brasil já tinha necessidade de programas assim faz tempo?

Na verdade o programa é um sonho antigo meu e do Carlão (Carlos Eduardo Novaes), o outro idealizador do programa. Desde 2003 queríamos fazer algo do gênero. Um tempo depois, conhecemos o César Freitas, que entrou no Canal de São Paulo, onde já estávamos trabalhando, para um quadro de dicas de cultura pop no Programa em Cena, lá do Canal. Então percebemos as afinidades e juntos idealizamos um programa de TV, cujo nome já era do César (HQ & Cia). A nossa apresentadora Daiane Crepalde já fazia parte da turma, ajudando nas idéias dos quadros. Insistimos em colocar o programa no Canal de São Paulo mas, pela falta de apoio, não deu certo. Em 2006, o César conseguiu espaço para levar o programa para a All TV, mas num formato de uma hora e em um formato diferente do que tínhamos bolado. Levamos o programa juntos (nós quatro) durante uns 4 ou 5 meses, mas as diferenças criativas com o César surgiram e preferimos sair de lá, já que aquele não era o formato que queríamos (lá era um programa de entrevista, sem matérias). Só que nosso projeto continuou. E em setembro de 2007 finalmente conseguimos levar nossa primeira edição ao ar. O bacana dessa separação HQ & Cia/Banca de Quadrinhos é que os fãs das HQs puderam ter dois programas bacanas com formatos diferentes. E ainda tem o HQ Além dos Balões, feito por uma turma muito do bem. É uma diversidade super saudável! Desejo sucesso para todos, pois acredito que tem muita coisa para ser feita ainda em termos de cultura pop no Brasil. Só falta fazer as editoras e  empresas variadas perceberem esse potencial e botarem uma grana, né (risos)? Fica difícil fazer tudo isso sem um bom patrocínio.

Na sua opinião,por que as grandes emissoras de TV não fizeram um programa sobre HQs até hoje, se o Brasil sempre foi um grande consumidor de Quadrinhos?

Tem um conjunto de coisas aí. Grandes emissoras não gostam muito de ousar. É mais fácil investir em fórmulas garantidas e já testadas com o devido retorno financeiro. Acredito que o fato das editoras e empresas ligadas a esse meio não investirem em publicidade complica o quadro. Acho que isso vem das turbulências que o mercado de HQs sofreu no Brasil por causa dos problemas econômicos das últimas décadas. Apesar da economia brasileira agora estar bem melhor e estabilizada, eles ainda temem investir nesses veículos que falam direto pro público deles. E as grandes emissoras devem achar que somos específicos demais. Enfim, uma falta de visão empreendedora e comercial, eu diria.
 
Como tem sido a aceitação do programa pelo público e pelos profissionais de Quadrinhos?

Sabemos da limitação de estar apenas na TV a Cabo, num canal da TVA. Por causa disso colocamos sempre as edições do programa na Internet no nosso site. Então qualquer um com Internet rápida pode ver todos os nossos programas a hora que quiser. A repercussão no meio especializado foi ótima. Recebemos vários e-mails elogiando as matérias. O mais bacana foi ter falado com a nata dos Quadrinhos no Brasil. Cara, o Mauricio de Sousa assistiu a entrevista que fiz com ele e adorou! O legal de também estar na Internet é que aparecem fãs de todo canto. Tem um cara na França, o Eduardo Barbier, que faz uma revista muito boa, a La Bouche du Monde. Ele entrou em contato dizendo que acompanha o programa de lá e até me mandou exemplares da revista. Espero que esse tipo de coisa aconteça sempre. Queremos esse contato próximo com quem gosta e com quem produz Quadrinhos.

O povo europeu consome apenas Quadrinhos europeus, o japonês, apenas japonês (mangás). Já o brasileiro sempre consumiu todos os gêneros sem preconceito. A que você atribui essa saudável "promiscuidade cultural"?

Eu não sei se a coisa é tão específica assim lá fora. E acho que essa promiscuidade é ótima. O fenômeno "mangá" é bom porque as meninas também gostam e assim o Quadrinho não fica aquele Clube do Bolinha, só para homens. Já os Quadrinhos europeus publicados aqui, costumam agradar um público mais velho, mais intelectualizado. Claro que tem vários ótimos mangás adultos, mas o Quadrinho europeu parece ter uma aura mais séria. Então acho que rola um preconceito sim entre os diversos públicos leitores mesmo no Brasil. É meio como Cinema, sabe? Tem pra todo gosto. Essa grande quantidade de títulos lançados nos últimos anos são provas de que temos gibis pra todo gosto. O lance é a segmentação.

Como você avalia o Quadrinho brasileiro atual? Considera que ele tem nível internacional? Quais seus autores preferidos?

Para o grande público, Quadrinho brasileiro é Turma da Mônica. Eu gosto muito de Turma da Mônica desde pequeno, mas é uma pena que as pessoas não saibam os ótimos nomes que temos no Brasil. Alguns dos nossos melhores desenhistas ilustram títulos de peso nos EUA (Renato Guedes, Ivan Reis, Ed Benes, Mike Deodato e outros). E fazendo coisas aqui pro mercado nacional temos uns caras brilhantes. Meus favoritos (depois do Laerte, porque Laerte não conta) são os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, dois ótimos contadores de histórias. Ah, preciso citar também o André Dahmer, criador da série Os Malvados. Meio psicótico, mas um gênio! Ah, tem aquele cara que criou o Roko-Loko. Ele também é do carvalho (risos)!
 
Puxa-saco (risos)! Vocês fazem questão de entrevistar autores nacionais e ainda possuem um quadro fixo reservado apenas  aos lançamentos independentes nacionais. Por que essa atitude?

A gente mora no Brasil. Apesar de gostarmos muito do que vem de fora, queremos saber o que é produzido aqui. E vemos sempre coisas ótimas. Uma missão do programa é ajudar a divulgar, apresentar e estimular a produção nacional. Sim, nós somos meio pretensiosos mesmo.

Quais foram as matérias que você teve mais orgulho de fazer até agora? Por quê?

Puxa, difícil escolher. Bom, em primeiro lugar, a entrevista com o Mauricio de Sousa. Eu aprendi a ler com a Turma da Mônica. Os personagens do Mauricio foram uma parte preciosa da minha infância. E a entrevista ficou bem diferente. Ele foi super atencioso e divertido. Mostramos o estúdio e eu bati um papo com ele de vinte minutos. Tivemos que colocar em dois programas pra caber tudo! Outra que destaco é com o autor do Incal, o Jodorowski. O cara é uma lenda do Cinema e dos Quadrinhos. Já foi parceiro do Fellini, do Salvador Dali e do Moebius. E eu, reles mortal, falei com ele. Foi nossa primeira entrevista internacional!

O Banca nasceu no Canal de São Paulo, uma emissora a cabo. Vocês pretendem expandir o programa para outras emissoras pelo Brasil todo? Acredita que exista público interessado em Quadrinhos em todos os estados e regiões do Brasil?

Sim, como eu disse antes, nosso intuito é chegar em todo o Brasil via TV. A Internet é uma ferramenta bem legal, mas o sonho é conseguir estar em todo o Brasil falando de Quadrinhos e cultura pop. Sei que tem gente interessada no Brasil todo, desesperada por um conteúdo diferenciado. Espero que as emissoras percebam. E se um sujeito do Acre, por exemplo, gostar do programa, ele pode contatar uma emissora local, falar do programa... quem sabe a gente não consegue acordo e manda o programa pra lá também! Precisamos da ajuda do próprio público interessado.

Quem são os parceiros do Banca de Quadrinhos?

O primeiro grande parceiro do programa foi você, Baraldi! Chegou e trouxe fôlego para o programa junto com seu quadro de Quadrinhos independentes. Estamos sempre interessados em parcerias, afinal nesse meio quando a gente se ajuda, fica mais fácil crescer. A revista Mundo do Super-Heróis é parceira desde o nosso início. Gosto demais daquela equipe e da revista que fazem. O editor-chefe Manoel de Souza é brother e já apareceu algumas vezes no programa. O Bigorna e o Universo HQ também dão uma força bacana e são sites fundamentais para quem se interessa por Quadrinhos. Além deles, as revistas Wizmania e Sci-Fi e as editoras que mandam o material pra gente analisar e comentar. 
 
Firmeza! E quem tiver um gibi ou algum produto ligado aos Quadrinhos e quiser mostrá-lo no Banca, como deve fazer?
 
É só mandar pro Canal de São Paulo, na Rua Fidalga, nº 132, Vila Madalena, CEP 05432-000, São Paulo-SP. A gente tem sempre interesse em conferir esses materiais. Também podem escrever para o nosso e-mail: bancadequadrinhos@canalsp.com.br. E pra finalizar, eu quero dizer que o grande lance da Banca de Quadrinhos é a equipe que estamos formando. Ninguém é sabe-tudo. Por isso temos tantos quadros. Tentamos trazer quem manja do assunto pra falar de cada um deles. Por isso temos o Baraldão falando dos Quadrinhos nacionais, a Gabi Franco com uma espécie de crônica sobre as HQs, Carlão e eu comentando as novidades das bancas e fazendo reportagens, a Daiane com todo o charme dela na apresentação e também nas matérias... e uma novidade que te adianto aqui. Um dos maiores dubladores do Brasil também vai fazer parte da Banca, num quadro fixo dedicado ao mundo da dublagem. Na segunda quinzena de maio a galera vai saber mais sobre isso. Como você mesmo diria:"Sucesso pra ‘nóis’!".

O Bigorna.net agradece a Rodrigo Febrônio pela entrevista, realizada em 25/04/2008

(foto: Marcio Baraldi)

Quem Somos | Publicidade | Fale Conosco
Copyright © 2005-2024 - Bigorna.net - Todos os direitos reservados
CMS por Projetos Web