NewsLetter:
 
Pesquisa:

Entrevista: Cláudio Martini
Por Eloyr Pacheco
01/02/2008

Cláudio Martini é o idealizador da editora Zarabatana que completou no final do ano de 2007 seu primeiro ano de existência (saiba mais aqui). Fã de Quadrinhos e não de super-heróis, é designer gráfico e se aventurou pelo mundo editorial para realizar um sonho que acalentava havia anos. Cláudio tem marcado seu espaço com o lançamento de ótimos HQs alternativas. Saiba mais sobre a Zarabatana e Martini nesta entrevista concedida por e-mail e surpreenda-se com o anúncio de mais dois títulos bastante interessantes. 

Vamos lá! Primeiro a minha pergunta de praxe: Como surgiu seu interesse por Quadrinhos?

Desde a infância sou atraído por imagens e histórias. Gostava mais de Disney, Sobrinhos do Capitão, Amigo da Onça, Luluzinha e Pererê, pois os super-heróis nunca me atraíram muito. Depois foi a descoberta de Tintim, Asterix e os franco-belgas. As revistas foram muito importantes para minha formação, como o semanário Pasquim e a revista Grilo – onde conheci Crumb, Paulette e Valentina –, e posteriormente as francesas Metal Hurlant e À Suivre.

Interessante! Por que você acha que os super-heróis não o atraíram?

Nunca pensei nisso, mas talvez tenha sido o maior contato que eu tinha com os outros Quadrinhos e que acabaram me conduzindo para esta preferência por HQs mais humorísticas, mas que eu considero também de autor (os Disney de Carl Barks, por exemplo), ao contrário do que era feito geralmente numa escala mais industrial no mundo dos super-heróis.

Qual a sua formação?

Estudei criação publicitária, mas sempre trabalhei com comunicação visual e design gráfico. Fiz muitos trabalhos também para editoras de Campinas, criando capas e projetos gráficos para livros e revistas.

E como foi que você idealizou e começou a Zarabatana?

É um sonho de 15 anos, mas só em 2006 ele tomou forma. Minha primeira intenção era publicar obras de grande importância dos Quadrinhos mundiais que permaneciam desconhecidas do público brasileiro. Fiz uma relação das HQs que queria publicar e comecei a ir atrás. Para as primeiras publicações, a minha experiência como designer gráfico e trabalhando com editoras ajudou muito.

Qual o primeiro contrato que fechou para a editora?

O primeiro foi O Prolongado Sonho do Sr. T., do espanhol Max, que já ganhou vários prêmios e é uma graphic novel muito legal.

Tem algum título que você não conseguiu o contrato de licenciamento e que está batalhando para lançar no Brasil?

Têm alguns que estou atrás, tentando ou iniciando contato, mas eu não poderia dizer ainda quais são. O que é certo são os já negociados e em fase de editoração, como o Clara da Noite, do espanhol Jordi Bernet com textos de Carlos Trillo e Eduardo Maicas, e o livro de tirinhas underground Underworld, do americano Kaz.

Legal. Parabéns! O que você acha do mercado de Quadrinhos no Brasil? Que tipo de público é o seu alvo?

Acho que estamos vivendo quase uma revolução e só no futuro poderemos fazer um balanço do que está acontecendo: não só está havendo o lançamento de muitas obras de fora que ficaram décadas esquecidas pelos editores e desconhecidas pelos leitores, como também uma explosão de trabalhos brasileiros de ótima qualidade. Se há espaço para tudo o que esta sendo lançado é o que vamos saber mais pra frente. A Zarabatana, como é nova, ainda está procurando seu público e seu mercado, mas estamos publicando obras de qualidade que podem ser apreciadas pelos fãs, mas também por quem não tem o hábito de ler Quadrinhos.

Você tem intenção em editar Quadrinho Nacional ou isso não está nos seus planos?

É possível, a médio prazo. Mas antes preciso editar alguns títulos já negociados e que estão na fila de espera.

Até o momento qual o seu lançamento que teve melhor aceitação?

Com os mais recentes, como Pyongyang e Escombros, não dá ainda para ter uma idéia de aceitação pelo público. Dentre os que têm mais tempo no mercado, o erótico Chiara Rosenberg e o mangá Mulheres são os títulos que estão se saindo melhor.

E a distribuição? Isso é sempre um grande problema para os editores, não?

É verdade. De um modo geral, o pequeno editor precisa formar um catálogo para ser levado a sério mesmo pelos distribuidores. Creio que está na hora de haver uma união destas pequenas editoras, estejam elas publicando independentes ou main stream, brasileiros ou estrangeiros, para a criação de um grupo que consiga se impor a distribuidores e grandes lojas, e mesmo para conseguir uma atenção maior da mídia não especializada.

Parabéns pelos lançamentos, Cláudio. Os títulos que você tem escolhido e lançado até aqui são muito bons e os que anunciou também são ótimos. Obrigado pela entrevista.

Obrigado, Eloyr, pela oportunidade de falar a você e aos leitores do site. Espero ter muitos lançamentos em 2008 e continuar tendo seu apoio e de todo o pessoal do Bigorna.

O Bigorna.net agradece a Cláudio Martini pela entrevista realizada por e-mail e finalizada em 24/01/2008.

Quem Somos | Publicidade | Fale Conosco
Copyright © 2005-2024 - Bigorna.net - Todos os direitos reservados
CMS por Projetos Web