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Entrevista: Harriot Junior
Por Eloyr Pacheco
19/07/2007

Harriot Junior é um dos editores de uma publicação independente que chamou muito a atenção quando do seu lançamento: a Cão. No seu primeiro número (ou melhor, na sua edição #0) muito experimentalismo e ousadia, fatores que certamente contribuirão para uma maior exigência e cobrança por parte dos leitores e também dos críticos. Nesta entrevista, concedida por e-mail, Harriot comenta sobre o perfil da publicação, como a equipe se reuniu, e sobre o mercado de Quadrinhos no Brasil. Confira!

Como surgiu a Cão? Por que esse nome que chama a atenção, mas parece tão sem sentido para uma revista de Quadrinhos?

A revista Cão é um projeto do Studio Vermis, que é composto por mim, HErvilha, Ko Ming e Rodrigo Taguchi, somos uma equipe e trabalhamos em conjunto em tudo, essas mesmas pessoas também são o conselho editorial da revista, sendo assim todas as decisões são tomadas em grupo, inclusive o nome. Como a maioria das reuniões acontece no bar pode parecer que a escolha é por acaso, mas não, o nome já chama a atenção pelo estranhamento, mas a idéia inicial surgiu quando lemos o livro do Conan, de Robert E. Howard, e também vimos que este "xingamento" aparecia em vários Quadrinhos como, por exemplo, Lobo Solitário, Ronin e outros. Também escolhemos esse nome devido ao fato de ter múltiplos significados: tanto pode ser o melhor amigo do homem, como pode ser o capeta e pode ser uma revista de Quadrinhos.

Qual o conceito da revista? Como você e seus colaboradores escolhem o tema de cada edição?

A revista tem como objetivo ser o veículo para a divulgação dos nossos trabalhos, escolhemos utilizar temas pra nos propor desafios, nos libertando de nossas travas, procurando nos tornar quadrinhistas cada vez melhores. Os temas podem até parecer não terem co-relação nenhuma, mas na verdade se você prestar bastante atenção verá as pistas. A decisão do tema é feito pelo conselho editorial.

O tema da primeira foi mangá, e o da segunda, ficção científica. Pode adiantar o tema da terceira edição?

O tema Japão Medieval foi escolhido por causa da proximidade das comemorações do centenário da imigração japonesa, então, ocorre um gancho para a segunda edição, que é a graphic novel Ronin, de Frank Miller. Para a próxima edição o tema escolhido é anos 1980.

Como foi que você reuniu a equipe da Cão?

A Cão é a união de alguns alunos do curso ministrado na Gibiteca Henfil por Gualberto Costa, JAL, Sonia Luyten e Waldomiro Vergueiro e alunos do curso de Design Gráfico do Centro Universitário Belas Artes.

E como é o processo de trabalho/produção de vocês?

Depois de escolher o tema, começamos a fazer uma pesquisa em conjunto, onde todos assistem e lêem as mesmas referências, isso com reuniões semanais onde o projeto vai crescendo em conjunto.

Quais são suas referências e quadrinhistas preferidos?

As nossas referências são: Frank Miller, Jeff Smith, Hiroaki Samura, Hayao Miyazaki, Bill Watterson, Kentaro Miura, Dave McKean, Bill Sienkiewicz, Ashley Wood, Neil Gaiman, Kazuo Koike e Goseki Kojima, Milo Manara, René Goscinny e Albert Uderzo, entre muitos outros.

Como é o sistema de distribuição da revista Cão? As vendas estão dentro das expectativas?

A revista é distribuída por nós mesmos, temos ao total 20 pontos de venda, a maioria em São Paulo, mas a revista Cão pode ser encontrada em comic shops do Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Curitiba. A revista tem como objetivo, no momento, a divulgação de nossos trabalhos, por isso seu preço de capa é tão baixo em relação às outras publicações.

Como você vê o mercado de Quadrinhos no Brasil, tanto o mainstream quanto o independente?

O mercado de Quadrinhos nacionais como diz Mutarelli é uma quitanda, o ideal era algo onde vivêssemos só de fazer Quadrinhos, mas para isso temos que lutar contra uma cultura que não prima pela leitura e também com um certo desleixo de certos quadrinhistas, alguns que fazem Quadrinhos por hobby, nosso objetivo é de viver disso, e isso tem mudado de um tempo pra cá onde vemos surgir revistas com alta qualidade gráfica. Acho que chegou o momento das pessoas se arriscarem e tentarem dar o melhor de si para provar a qualidade que muitos têm, não dá mais pra esperar pelo milagre de ser descoberto, temos que começar a levar os Quadrinhos a sério, isso pra quem lê e pra quem faz, prova disso é que o mercado independente está em um momento de ascensão, o que é muito bom. Quanto mais pessoas lerem, não importa se é a nossa revista, de uma editora ou um Mangá, são todos Quadrinhos, o ganho de um é o de todos. Vejo com bons olhos o futuro dos Quadrinhos no Brasil.

Obrigado, Harriot, pela entrevista.

Eu quem agradeço; o site Bigorna sempre esteve aberto para a produção nacional independente, agradeço mesmo!

O Bigorna.net agradece a Harriot Junior pela entrevista concedida em 11/07/2007

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