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O terror da EC
Por Gian Danton
03/10/2010

No início dos anos 1950, a nona arte viu nascer e morrer a melhor editora de HQs de todos os tempos: a EC.
A editora tinha surgido no início da década de 40, publicando coisas insossas, como adaptações da Bíblia e coisas do gênero. Com a morte de Max Gaimes, em 1947, seu filho, William Gaines, foi obrigado a assumir a editora. Nessa época ele foi procurado pelo desenhista e roteirista All Feldstein que tinha uma proposta completamente inovadora. Em maio de 1950, Gaines e Feldstein lançaram uma nova linha de gibis: dois de histórias de crimes, dois de guerra e três de terror. Nessas revistas desfilaram os melhores artistas da época, de Joe Orlando a All Williamson.

O sucesso foi imediato. Milhares de garotos americanos passaram a devorar sua dose mensal de horror e fantasia. Escritores famosos, como Stephen King, eram fanáticos pela EC quando crianças. No filme “Conta comigo" baseado num livro de King, um dos garotos aparece lendo uma revista da EC. Gente famosa, como o escritor Ray Bradbury, colaborava com a EC.

Até aí, tudo bem. O problema é que a EC era uma editora crítica, talvez a primeira da historia dos quadrinhos. A EC fazia propaganda pacifista durante a guerra da Coréia, questionava os heróis e as instituições americanas. Numa das histórias um homem é encontrado próximo de uma moça atropelada e é torturado uma noite inteira até admitir que cometeu o crime. No final da história o policial que o torturou volta para casa e trata de limpar a mancha de sangue no pára-brisa de seu carro. Ele era o assassino...
A revolução da EC, entretanto, não ficou só no conteúdo. Mudou também a forma. Todas as histórias da EC seguiam um certo ritmo óbvio até o final - quando davam uma guinada de 180 graus, numa conclusão totalmente imprevista. Isso desconcertava o leitor, levando-o a uma leitura critica da realidade.

A festa não durou muito. Gaines foi chamado para depor numa comissão do Senado americano liderada por Frederick Wethan e fez o que pôde para defender suas publicações. Não adiantou muito: as editoras (para assegurar suas vendas) criaram um código de ética que praticamente proibia as revistas da EC. O resultado foi uma das épocas mais medíocres da história dos quadrinhos. Os grandes artistas, desiludidos com o fim da EC, deixaram de lado os quadrinhos, indo a maioria parte deles para a publicidade.

 Das revistas da EC, a única a permanecer foi a MAD — durante décadas uma das revistas mais vendidas nos EUA e no mundo. O curioso é que ela é publicada pelo mesmo grupo proprietário da DC — a editora que liderou o levante contra as revistas de Gaines.

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