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Nick Holmes
Por Gian Danton
30/05/2010

Se tivesse apenas criado Flash Gordon, Jim das Selvas e Agente Secreto X-9, Alex Raymond já seria um dos nomes mais importantes dos quadrinhos. Mas ele ainda reservava uma surpresa para os fãs. Em 1946 ele criou Rip Kirby (no Brasil Nick Holmes), elevando sua arte e seu roteiro a um novo patamar. Se em Flash Gordon deslumbrava pela fantasia descontrolada, em Nick Holmes, espantava pelo realismo fotográfico dos personagens. Se em Flash Gordon era a ação desenfreada, sem tempo para fôlego, em Nick Holmes viria a análise psicológica dos personagens, como trama complexas e bem elaboradas.

Em 1944, Raymond foi convocado pela Marinha Norte-americana e embarcou para o Pacífico Sul, abandonando seus trabalhos em Flash Gordon e Jim das Selvas. A bordo do porta-aviões USS Gilbert Island, ele participou de várias batalhas.

Quando voltou da guerra, estava cheio de idéias. Pensava em fazer uma história policial diferente do que se fazia até então nos quadrinhos. Seu personagem principal seria Nick Holmes, um herói da II Guerra, que se dedicava a resolver crimes envolvendo a alta sociedade norte-americana. Diferente dos detetives anteriores dos quadrinhos (como X 9 e Dick Tracy), ele não é um valentão que resolve as coisas com a força bruta. Ao contrário, é um intelectual sofisticado, que resolvia crimes de maneira calma, fumando seu inseparável cachimbo. Para isso, ele contava com a ajuda do mordomo Desmond.

Nick Holmes refletia a euforia americana no pós-guerra, período em que os EUA se firmava como a grande potência mundial. Ao lado de lindas mulheres (que Raymond desenhava com perfeição) e o luxo, havia os mais misteriosos crimes. Mas não se trata de uma HQ maniqueista. Constantemente os bandidos entram para o mundo do crime em decorrência de um sistema social excludente. Muitos desses bandidos se regeneram, embora essa regeneração tenha como princípio aceitar o “american way of life”. Por outro lado, mesmo aqueles que se beneficiam da prosperidade americana também cometem crimes.

Raymond desenhava usando modelos e pesquisava as ambientações das histórias, de modo que acabou fazendo um retrato muito fiel da América naquele período. Raymond parecia se sentir finalmente realizado, chegando a declarar: "Estou sinceramente convencido de que a arte dos quadrinhos é uma forma de arte autônoma. Reflete a sua época e a vida em geral com maior realismo, e, graças à sua natureza essencialmente criativa, é artisticamente mais válida do que a mera ilustração. O ilustrador trabalha com máquina fotográfica e modelos; o artista dos quadrinhos começa com uma folha de papel em branco e inventa sozinho uma história inteira - é escritor, diretor de cinema, editor e desenhista ao mesmo tempo". Em 1952 ele começou a contar com a colaboração do argumentista e ex-repórter policial Fredd Dickenson, deixando os roteiros ainda mais elaborados.

A fase de Raymond no personagem terminaria de forma trágica. Em 06 de setembro de 1956, ele morreu em um acidente de carro. A tira continuou a ser desenhada por John Prentice, que copiou rigorosamente o estilo do mestre, embora nunca tenha alcançado sua qualidade técnica. Ainda assim, Nick Holmes continuou a freqüentar jornais no mundo todo o mundo, muitas vezes tendo suas tiras reunidas em coletâneas.

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