Quando a Warner Bros anunciou que estaria a cargo dos irmãos Wachowski a adaptação para as telas do animê Speed Racer, fiquei muito preocupado, já que os mesmos foram responsáveis pela produção e roteiro de V de Vingança; certo que a direção ficou nas mãos de James McTeigue, mas a complexidade do roteiro e as atuações teatrais de Natalie Portman e Hugo Weaving fizeram de V uma grande roubada tanto para os Wachowski quanto para Joel Silver. Diz a lenda que Andy e Larry ficaram arrasados quando o total da bilheteria de V de Vingança foi fechada em módicos 70 milhões de dólares durante sua exibição em todo o mundo, enquanto A Era do Gelo 2 mordeu nada mais do que 75 milhões de dólares no primeiro final de semana. Eles pediram uma audiência com a Warner e apresentaram um roteiro animado de Speed Racer; com um sinal positivo da Warner e sob as bênçãos de Joel Silver um roteiro começou a ser desenvolvido e elenco escalado para contar a saga do piloto do March 5.

Não poderia ser diferente, a Warner Bros deve a Silver toda e qualquer atenção para seus projetos, mesmo os mais tolos; Joel Silver é responsável por grandes filmes e bilheterias astronômicas, segundo divulgação da assessoria de imprensa da Warner, ele arrecadou mais de US$ 10 bilhões em todas as frentes da companhia. Levam a assinatura de Silver a franquia Máquina Mortífera com Mel Gibson e Danny Glover; Teoria da Conspiração com Gibson e Julia Roberts dirigidos por Richard Donner; Romeu Tem que Morrer com Jet Lee e Aaliyah; e o eletrizante A Senha: Swordfish, com John Travolta, Hug Jackman e Halle Berry sob o comando de Dominic Sena. Com um currículo desses uma negativa do estúdio é impossível, sem esquecer, é claro, o início da parceria dos Wachowski em Matrix. No primeiro filme Joel levou aos cofres da Warner a incrível cifra de 456 milhões de dólares, quebrando todos os recordes do estúdio em faturamento desde sua fundação, mas isso logo foi posto à prova quando Matrix Reloaded estreou e arrecadou absurdos 739 milhões, claro que nem tudo que reluz é ouro e Matrix Revolutions arrecadou meros 200 milhões; no total a brincadeira Matrix rendeu dividendos para a Warner na casa dos US$ 3 Bilhões (entre bilheteria, DVDs e licenciamentos), óbvio que expectativas foram criadas sobre uma nova franquia com a assinatura de Andy e Larry.

Passado o susto de V de Vingança, eles começaram a desenvolver o universo de Speed Racer; o filme narra a história de Speed (Emile Hirsch) desde sua infância, passando pelo desaparecimento de seu irmão Rex. Com uma incrível ascensão nas corridas, Speed desperta a atenção do grande fabricante de automóveis E.P. Royalton (Roger Allam), que após negativa de Racer resolve acabar com o sonho de um dia ele vencer a Liga Mundial de Corrida (LMC). Speed é surpreendido pela visita inesperada do Inspetor Detentor (Benno Fürmann) e do misterioso Corredor X (Matthew Fox): eles precisam da ajuda de Speed para vencer uma corrida em troca de informações que só o piloto Rain (Taejo Togokahn) tem sobre membros da liga. Speed conta com o auxilio de Pops Racer (John Goodman), Mom Racer (Susan Sarandon) e Trixie (Christina Ricci) para vencer todos seus obstáculos. A comédia fica por conta do impagável Gorducho (Paulie Litt) e o chimpanzé Zequinha, que dão ao filme o toque de inocência e leveza que o desenho animado proporcionava às crianças da minha geração.

Outro ponto positivo do longa é a transposição da animação para as telas, repleta de cores primárias e com desenho de produção espetacular (Owen Paterson assina o desenho de produção) e com a edição ágil de Zach Staenberg, um velho colaborador de sucessos assinados pelos irmãos Wachowski, como o elogiadíssimo pela crítica Ligadas pelo Desejo, de 1996 (primeiro filme da dupla), e editor da trilogia Matrix. Speed Racer está longe de ser uma inovação ou o melhor filme de 2008, mas uma coisa é certa: a Warner Bros volta a encher o cofrinho com mais um sucesso da dupla com a benção da grana do visionário Joel Silver. Go! Speed, Go!