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Falando sobre HQs em Porto Alegre e Canoas
Por Bira Dantas
13/07/2009

4 de julho. Enquanto os Estados Unidos celebravam sua independência (em 1776 as Treze Colônias rejeitaram a autoridade britânica e declararam-se independentes), Porto Alegre (POA) e Canoas, duas cidades do Rio Grande do Sul deram mais um passo na luta pela independência do Quadrinho Brasileiro. Não foi por acaso que lá aconteceu a Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha, a revolta republicana contra o governo imperial do Brasil. Originalmente não tinha caráter separatista, e influenciou a Sabinada na Bahia em 1837 e a Revolução Liberal em São Paulo, em 1842.

Eu cheguei no dia 3, a convite da Câmara do Livro de Porto Alegre, para participar de uma Mesa-redonda sobre Quadrinhos e Literatura com o soberbo ilustrador Rodrigo Rosa. Estava doido para conhecer os companheiros de traço e troça da lista da GRAFAR. Cartunistas combativos que trazem na veia o nanquim mais puro do humor. De cara, Eugenio ofereceu uma churrascada de chão no mais puro estilo gaúcho e me deu a dica do meu cicerone da noite: o ilustrador Pedro Alice. Morador do centro de POA, Pedro foi me encontrar no hotel e de lá fomos ao Zelig, pub bacana com um bom filé e ótimas cervejas. Conversamos sobre Quadrinhos, ilustração, punk rock e vidas de casado. Grande cara! Ótimo anfitrião e companheiro de noitada. Fui dormir às 5 da manhã. 10 horas, fui ao Caminho do Livro. As livrarias do quarteirão colocam bancas na rua, pessoas pintam Quadrinhos no asfalto, músicos tocam pela rua, famílias inteiras se divertem comprando livros. De cara, encontro Rodrigo Rosa desenhando e sendo entrevistado. Na primeira banca, uma turma de primeira: Edgar Vasques e seu filho (ótimo desenhista), Cláudio Levitan (parceiro de Vasques, cartunista, escritor e músico), Santiago (companheiro de outros carnavais, inclusive do FIQ), Rodrigo Rosa e Guazelli. 11 horas: despontam na rua Wagner Passos, vestido como habitante dos Andes (só faltou a zampona) e Alisson Afonso. Bombaram com suas revistas de tiras e ilustrações. E Wagner não esqueceu de levar gibi dos Trapalhões para eu autografar.

13 horas: eu e Rodrigo Rosa saímos voando para Canoas, para voltar em menos de 40 minutos. Pude reencontrar o amigo Marko Ajdarić (e conhecer sua simpaticíssima companheira, Ana). Ele organizou a Mostra Mundial de Quadrinhos com um belo estande com centenas de livros, exposições e debates de HQ na Feira do Livro e nos convidou para engrossar a uma boa conversa sobre a situação do Quadrinho, com as presenças ilustres de Ana Luiza Koehler (publicou o lindo álbum Awrah, La Rose des Sables na França), Fábio Zimbres, Jerônimo, Altair Gelatti, Wagner Passos, Alisson. 14h30: de volta a POA, debate mais do que legal com Rodrigo Rosa, ilustrador competentíssimo e quadrinhista de mão cheia (lançou O Cortiço e está começando Memórias de um Sargento de Milícias). E logo em seguida surge o reforço de Guazelli que recém-publicou O Pagador de Promessas. O público, de altíssimo nível, levou a discussão a característica revolucionária dos Quadrinhos, erotismo, underground e até a questões relativas aos limites do humor nos dias atuais. Na saída, conheci o grande cartunista Maumau, de quem ganhei o fantástico zine Adeus, Tia Chica! 20h00: Churrasco no Eugenio. Carne de primeira, sangrando, galeto, cerveja e caipirinha. O cartunista Bier, vestido de bota, bombacha e facão me presenteou com um lindo livro de poesias. Eugenio, Cláudia, Santiago, Hals, Ruben, Wagner Passos, Alisson, Pedro Alice e no final, chegou Edu Simch. Que noite! E só estava começando!

Saímos pra fechar dois bares: Hells e um outro que não lembro o nome. No Hells, apesar do DVD do AC/DC, Simch começou a cantar músicas de Luiz Melodia. Eu na gaita, Ruben e Edu no vocal, Alisson na percussão, Pedro Alice curtindo uma cerva, Wagner de olho numa vizinha de mesa. Ruben, além de ótimo desenhista e caricaturista (cadê a minha?) se desvendou num ótimo clone de Elvis, além de conhecer todo repertório do começo da carreira do gênio de Memphis, ele até entortava o beiço pra cantar. Era o rei do rock encarnado. Muitas cervas depois, a saideira foi às 5 da matina. E eu arrebentado, pois iria acordar 4 horas depois pra conhecer a Usina do Gasômetro, a Casa de Cultura Mario Quintana e o Museu de POA, que semana que vem abrigará a expo de impressionistas da França que veio pro MASP e já foi pra POA. Tudo isso ao lado do camarada Wagner Passos do Vagão do Humor. Escrevi tudo isso pra dizer que esse pessoal me recebeu muito bem. Com toda a festa e camaradagem que devem existir entre cartunistas e quadrinhistas. Não é a toa que eles criaram o excelente... Blog Tinta China (uma referência pra pessoas que nunca estiveram em POA, mas que acompanham o que rola no mundo do Humor). Mais fotos da viagem aqui.

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