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Mau gosto em charge tem limite? Ou: que m&#%@ estas charges do Sponholz!
Por Bira Dantas
26/05/2008

Dividimos com mais de 50 chargistas de norte a sul do país a mesma página diariamente. Como faço normalmente, posto minha charge lá e dou uma sapeada pra ver as dos colegas. Costumo ver todas e a grande maioria é extremamente crítica ao governo Lula. Tudo bem. Eu sou de centro-esquerda, reformista, pelego (rs), mas não sou mal-humorado. Tem coisas que realmente me tiram do sério e perco logo meu bom humor. Como a charge do paranaense Roque Sponholz, com um menino com papel higiênico embaixo do braço dizendo: "Mamãe, eu quero fazer Chávez na casa do Pedrinho". Quanta falta de respeito. Quanta grosseria. Fiquei indignado ao ver esta charge. Que ele seja de direita, tudo bem, qualquer um pode ser o que bem entender. Até querer o nazismo de volta, mas vai pagar o preço por declarar isso publicamente. Odiar Lula, Chávez, etc, é um direito seu e ninguém tem nada com isso. Mas a falta de profissionalismo é grave.

Compromisso com os fatos
Há alguns meses ele soltou uma charge mostrando o Lula bebendo caipirinha, deitado na rede e dizendo que o negócio dele era aumentar, por isso ia aumentar o IPTU de Porto Alegre. Espera aí! IPTU é imposto MUNICIPAL e o Lula é do governo federal. O Sponholz não sabe disso? Como? Ele é arquiteto com 33 anos de experiência, será que é um desavisado? Será que deviam caçar o CRA dele? E a prefeitura de POA tem a tucana Yeda Crusius no poder, ora essa, nada de petistas por lá.

m&#%@
Eu gosto do governo Lula (todo mundo sabe disso, a torcida do Corinthians, inclusive), do Chávez e do Morales. Gosto mesmo. São latino-americanos como nós, dividem uma mesma história de povos invadidos e colonizados conosco. São hermanos! Mesmo gostando deles, não faço charges dizendo "Lula é gênio", "Evo Morales é o maior" e "Chaves é o grande líder", pois seriam babacas, infantis, pueris. A charge do Sponholz diz que o Chaves é m&#%@, e é exatamente isso que ela é: infantil, pueril. Como um moleque que solta PUM e acha graça. Fala xixi e cocô baixinho pro colega achar que está cometendo a maior transgressão de rebeldia. As suas charges constantemente mostrando que as obras de Lula são de cocô, que Evo Morales é b#$+@, Chaves é m&#%@ é extremamente infantil, cansativo, despolitizado e de mau gosto. É um direito dele? Será? Parece antes disso, uma fixação meio escatológica, o que se comprova nesta sua idéia, expressa em seu site: “Ao invés de vias expressas, ciclovias, perimetrais e quetais, em nome dos pedestres residentes fixos ou nômades turistas, conclamamos as autoridades competentes para providências urgentes, ao menos com a construção de uma "cocô-via" destinada aos melhores amigos do homem. Que os arquitetos e urbanistas levem esta crescente população canina na mais alta consideração quando da elaboração de seus planos urbanos. Nossos calçados e nossos narizes, agradecem”.

Balas trocadas não doem?
O que ele acharia se eu fizesse uma charge de um menino dizendo: "Mãe, eu quero fazer uma charge do Sponholz na casa do Pedrinho"? Como disse Einstein "neste mundo, tudo é relativo" e outro, menos famoso: “pimenta no fiofó dos outros é refresco”.

Preconceito
É um juízo preconcebido, uma atitude discriminatória contra pessoas ou situações diferentes daqueles que consideramos nossos. Costuma indicar desconhecimento pejorativo de uma pessoa ao que lhe é diferente. O preconceito é causado pela ignorância ou pela não aceitação de que o outro é diferente. É como a Veja procede. Mete o pau em todo aquele que se posiciona anti-Bush. É só ver as capas que o Dálcio é obrigado a fazer (como esta). Eles dão a linha, o ilustrador é um mero reprodutor das idéias preconceituosas dos editores da Abril: desenhe o Lula segurando cães com a cabeça de Marx, Trotski e Stalin. Faça o Itamar de maluco e assim vai...

Em outra charge Sponholz tenta dizer que o Lula evita ir para o Sul (onde seria rejeitado por uma população mais branca, rica, inteligente e européia) para escolher o Norte (onde teria um povo pobre, feio, burro, etc). E é fácil notar o preconceito do Sponholz numa charge dos cartões corporativos em que FHC diz que a vida dele e de Dona Ruth são livros abertos e primeira-dama Marisa diz que nem livros têm. Cara-de-pau tem limite, até em charge. FHC foi conhecido por não investigar denúncias e engavetar pedidos de CPI através do Geraldo Brindeiro, procurador geral da União. Foi Lula que inaugurou o site Transparência Brasil que propiciou se localizar todos os erros cometidos e com ele a PF, que vivia às moscas na Era FHC, está dando duro para investigar todas denúncias dentro e fora do governo. Dá vontade de falar pro Sponholz: "Hellllllllllllllllllooooooooooooooo! Em que país você vive?". Por isso é fácil ver as charges de Sponholz nos blogs mais reacionários da Internet, recheados de termos como petralhas e comentários baixos como este: “Elegeram um invertebrado e agora se surpreendem? Eu quero acreditar que as urnas eletrônicas foram programadas para favorecer o invertebrado, caso contrário, fico mais perplexa ainda.” O preconceito é algo tão agressivo e intimidatório que não deveria ter espaço no Humor. A não ser no Humor de Mau Gosto...

Se eu editasse uma revista de charges, as do Sponholz não entraríam NUNCA! Não é só o desenho que é ruim. As idéias dele são raivosas, preconceituosas. Ele tem raiva do Brasil ter um presidente feio, pobre, nordestino, sindicalista, de esquerda. Esse é o problema do Roque, fazer charge tentando desmoralizar
a personagem dela. Ele não percebe que fazer charge é fazer política. Ele acha que fazer charge é chamar pro pau, é dar uma de “cansado”, sair da boutique com jogging importado e ir fazer uma passeata pelos direitos dos abastados. É jogar ovos nas empregadas domésticas que passam no calçadão da Vieira Souto (como se elas não tivessem esse direito). Ele se acha grande coisa. Que pequeno!

E não é que eu não goste de charges que critiquem o governo Lula ou a esquerda. Quando são focadas em notícias factuais, inteligentes, bem-humoradas, eu racho o bico. Quando dão pontadas, eu as acho interessantes. Afinal, quem não ri de si próprio, não ri do mundo. E quem se sente acima das críticas, não deve criticar. Por isso eu acho que tudo tem limite sim. E a gente não deve passar a mão na cabeça de quem produz arte de péssima qualidade, dizendo: "Você tem o direito de publicar isso e eu defenderei este direito até o fim". Todos nós podemos melhorar, sempre. E não é através da agressão pura e simples que vamos fazer isso.

Como isso repercutiu no meio dos cartunistas e ilustradores
Teve todo tipo de opinião. Destaco aqui as principais, prós e contras...

Julio Shimamoto: “Meu caro amigo Bira, não vale a pena se indignar com esses fascistas, que proliferam feito ervas daninhas. Faz um tempão que venho me poupando desse tipo de desgaste, ou acabamos parecidos com eles. Abraço grande!

Mário Latino: “Pelo lado ideológico, você tem razão, Bira. Eu também  repilo esse tipo de imbecilidade já que para mim o chargista deveria estar ao serviço de causas mais nobres e não ficar defendendo o caubói Bush ou o narcotraficante Uribe, como é o caso dessa charge. Mas pelo lado artístico é ainda pior. Ô, desenhinho ruim, né? Sem criatividade, sem um traço legal (algo que o cara já deveria ter adquirido, pois é velho pra burro), sem moral. Eu também gosto de Lula, do Chávez e do Evo, o que não significa que pague pau pra eles. Aliás, nunca fiz um único trabalho defendendo-os ou tentando justificar seus erros. Mas gente como esse Sponholz já fez alguma coisa criticando o FHC? Que eu me lembre, nunca, o que tira essa sua suposta capacidade crítica, né? E cartunistas de verdade, não meliantes da pena, sabem como tratar os temas com sutileza, fazendo rir com suas críticas. No caso de Sponholz, eu suspeito, em vez de nanquim ele usa a própria bílis ou coisa pior.”

Wilson Hiroshi Matsumoto: Eu entendo a sua irritação com a falta de criatividade do chargista Sponholz. Não acho que você queria discutir se a pessoa tem ou não a liberdade de escrever ou desenhar ou criticar qualquer coisa ou pessoa. Não conheço o trabalho desse Sponholz, mas também não fiquei nem um pouquinho com vontade de conhecer. Talvez você tenha se exaltado, mas eu compreendo sua irritação com o cara. Claro que você nunca iria vetar a liberdade de expressão, oras. Afinal você também faz charges. Mas falando em arte de mau gosto ou pseudo-arte, aqui vai um post do Hiro sobre isso: Acho que devem se lembrar dele. No meu ponto de vista, mau gosto deve ter limites sim! Devemos respeitar a opinião dos outros mas também devemos analisar e criticar quando necessário. Não acho que você queria discutir se a pessoa tem ou não a liberdade de escrever ou desenhar ou criticar qualquer coisa ou pessoa. Não conheço o trabalho desse Sponholz, mas também não fiquei nem um pouquinho com vontade de conhecer. Talvez você tenha se exaltado, mas eu compreendo sua irritação com o cara. Claro que você nunca iria vetar a liberdade de expressão, oras. Afinal você também faz charges, né? Abraços.”

Paulo Barbosa: É verdade, Biradantas. Não é de hoje que tenho vontade de vomitar quando vejo as charges desse cara. Ele não tem o mínimo senso de humor, faz piadas grosseiras e sem graça, sempre tendo o Lula e a esquerda como alvo. E o desenho do cara é muito ruim. Eu me pergunto quem é que ainda publica um sujeito como esse. Lembrei-me de um cartunista tão reacionário quanto o Sponholz, aqui de BH. É o Oldack Esteves, do Estado de Minas. O cara destila veneno contra o PT, contra os - pasme - menores abandonados, puxa o saco do Aécio e tem um péssimo desenho (como o Sponholz). A discussão, então, torna-se mais complexa. Esses cartunistas têm espaço nos jornais porque traduzem o pensamento atrasado desses veículos. Não se trata aqui de livre expressão, mas da expressão de idéias e interesses conservadores aos quais essas mídias estão atreladas. Eles são representantes de um viés político e subsistem, apesar do seu mau desenho, justamente por conta desse ideário (neo?)liberal.”

Mário Cau: “Realmente, o desenho é lamentável, a piada é péssima, de mau gosto mesmo. Mesmo eu não gostando do Hugo Chávez, não acho que isso foi elegante ou de um humor refinado. Foi porqueira mesmo. Mas, de qualquer forma, ele ainda tem a liberdade de expressão para fazer essas coisas, né? Mesmo que ele ofenda alguns, ou muitos, ele ainda deve ter (por incrível que pareça) um público.”

Fernando Moretti: “Tem um tipo de piada que é boa contada, Outras são boas na forma escrita e existem aquelas que são boas desenhadas (humor gráfico). Para qualquer uma que seja, o bom senso é fundamental. Se existe o 'simancol' de não contar uma piada duas vezes, deve existir o 'simancol' de não se contar uma má piada uma vez. Mas o ser humano é livre e tem seus diretos. Nós, meros apreciadores do bom humor, temos direito de não rir.”

Rafael Dourado: Eu particularmente sou flexível demais quando o assunto é humor. Gosto de piadas mais "baixas" e "rasteiras" como esta, mesmo que ela esteja com um discurso aparentemente "doutrinado". Também gosto das mais elaboradas e sutis. E acho que existe espaço pras duas, quem dera eu conseguisse fazer ambas. Como reducionismo da questão, sem dúvida, esta charge é um mau exemplo, já que ela não cumpre seu papel primordial que é o de fazer rir e refletir. Neste caso, só faz rir, e nem a todos, já que o próprio Bira não achou graça nenhuma... Hehehehe. Minha preocupação maior é o quanto de paixão ideológica está envolvida na charge em si (nenhuma, arrisco dizer, ali parece apenas uma manifestação de pouca reflexão - embora retratando uma certa "postura" do leitor alvo - embora eu não saiba em que mídia o artista citado publique). Ou, pior, paixão na crítica, já que o Bira é alguém que sabemos que veste a camisa e luta o combate em que acredita. O que é extremamente válido em seu trabalho, mas não lhe permite avaliações isentas. No geral, a charge não merecia sequer um comentário, já que é uma banalização que não faz tão mal quanto o Bira acredita, já que nossos vizinhos não precisam de nossa ajuda pra ganhar antipatia popular. Mas serve para uma discussão sobre limites, desde que estes sejam sempre de imposição pessoal (o tal "bom-senso") e não algo mais parecido com censura, que é onde acabamos chegando quando tentamos regular o bom senso por senso comum... O melhor "chargista de direita" da atualidade é o Diogo Mainardi, que faz rir, com absurdo, e não traça uma linha sequer. Isso, claro, pra quem entende as piadas.”

Fábio Chamusca: “Piadinha fraca e óbvia. Desenho muito mais ou menos. Acabamento bem ruinzinho. Comento assim de forma crua porque quem agüenta tirar sarro da maneira que foi feita na charge, agüenta ouvir críticas nesse tom também (risos).”

Antonio Santos: “Bira, não entendi uma coisa: ele tem direito de fazer charge ruim (porque são sim TECNICAMENTE ruins! Mas não tem direito de falar o que pensa, e ter idéias que alguém discorde, Bira? O que te causou desconforto foi o tema e não a qualidade artística? Meu amigão, a gente atura numa boa você fazendo campanha ideológica aberta há anos! E ao contrário do que você possa imaginar muita gente discorda frontalmente das tuas idéias. E ainda assim esta disposta a lutar de todas as formas pelo teu direito de expressá-las. Trate os outros como gosta de ser tratado. Concordo com o Felipe: 'Sim, é um direito dele. Assegurado pela constituição, e ainda bem'.''

Monica Fuchschuber: “Pois é... Eu concordo com o colega. Também acho que tem campanha ideológica por trás dessa indignação.”

Faoza: “Essa específica que o Bira postou, eu não curti. Nem o desenho, nem o conceito, nem da pegada do humor e nem das soluções gráficas do autor - apesar de achar que o Chávez não é um político sério, nem nenhum exemplo de democracia. Mas é só uma opinião, a minha. O importante mesmo, de verdade, é o direito dele e de todo desenhista desenhar o que quiser e como quiser. TODO e qualquer policiamento ideológico é ruim para a liberdade, para o humor, para a arte e para o homem, seja de direita ou de esquerda. cercear é cercear não importa o porquê. Quem quiser fique olhando, comentando, imprimindo, enquadrando, moldurando... Quem quiser vire a página, jogue no lixo, delete, não jogue luz sobre... Quem quiser fale mal, critique, jogue na fogueira, faça macumba, coloque na boca do sapo e amarre. (risos) Aquela velha continua nova: (é mais ou menos assim): não concordo com nada do que diz, mas morrerei defendendo o direito que você tem de dizê-lo. Também achei a charge bem ruim (não só o desenho), mas não esquento com o fato do cara fazê-la, pelo contrário, torço para que ele amadureça como artista, como homem e como ser político. Bacana que você mesmo gostando de um político x ou y, consiga rir do risível que ele e que todos nos temos. Parabéns atrasados, mas de coração pelo 'níver'. lhe desejo mais 100 desses, com muitas boas imagens, humor e humanidade.”

Wagner Passos: “Sobre a charge do Sponholz já se debateu outras vezes na lista da GRAFAR e todo mundo sabe que ele não é guri, tem formação e intelecto. O cara faz a charge com uma visão dele, com a opinião dele e não busca recursos naturais de informação para enriquecer o trabalho? É aquele tipo de opinião panfletária. Temos vários chargistas que abandonaram sua responsabilidade social, e analisam tudo de um lado, que também é o dos grandes capitalistas manipuladores da opinião pública. O cara não tá nem aí para sociedade. O objetivo dele é engrossar a opinião do 'é isso porque é e ponto final'".

Leandro Doro: “O pior que esse cartunista, o Sponhols, é macaco velho.”

Hals: “Bá, o Sponholz tem um mérito, o de colocar um pouco de fogo nestas listas de discussão. Não importa o lado, se de direita ou de esquerda. Não importa ser anti-Chaves ou pró-Bush. O que importa é, na nossa profissão, meter o pau com qualidade sintática e semântica. Se eu quero dizer que o Chaves é um ditador, mesmo ele tendo sido eleito pela população e tendo perdido um plebiscito recentemente e, nem por isso, ter colocado tanques na rua, que eu faça isso com qualidade, usando meus conhecimentos e habilidades desenvolvidas durante anos de trabalho e não chamando-o de m&#%@. Isso qualquer guri faz, mesmo na casa do Pedrinho. O público mediano pode até achar engraçadinho porque a propaganda (na minha opinião muito pobre e de extremo mau gosto) está na boca do povo ( de mau gosto mas eficiente, publicitariamente falando).

Zérramos: “Desculpe, caro Bira, mas eu não entendi. Você quer dizer que se o cara fizer uma piada de mau gosto contra o governo então é de direita e você se arvora o direito de dar o troco no mesmo estilo do cara? É isso? O cara passa a ser então, pra sua charge, igual aos presidentes e outros homens públicos só porque você discorda da opinião do cara? E isso me dá então o direito de perguntar se as charges que você faz favoráveis ao governo como é que devem ser enquadradas? E quanto à opinião de que 'não gostou não veja' e 'Imprensa é oposição, etc...' eu concordo e assino em baixo, mas discordo de que o cara tenha que ser chargista pra discutir sobre o assunto charge. De resto, abraços.

Marco Cortez: “Concordo com o Faoza, acho muito negativo criticar, rotular ou julgar um trabalho de um colega de profissao. O próprio mercado faz sua seleção natural. Agindo dessa forma não agregamos valor ao nosso trabalho, ao nosso mercado e nem em nossa vida. Na verdade , muitas vezes o incômodo está em algo dentro de nós mesmos. Seria muito importante trabalharmos com um olhar de igualdade e de união.”

Marko Ajdaric: “Espero que passem a outro assunto, urgente. Ainda estou com urticárias no juízo depois de ver passar batido que o tal de mercado é o árbitro... ui, como dóiiiiii!

Galvão Bertazzi: “Achei ruim, porém melhor que as charges dos Caruso.”

Felipe Duarte: “Meus 2 centavos pra quem perde o bom humor com a posição política alheia e deixa que a uma linha ideológica imaginária divida o mundo. Viva e deixe viver. a coisa mais detestável que existe é arte panfletária sem reflexão. Puxada de tapete por causa de ideologia então, faz eu me preocupar com futuro da humanidade. Fala sério, 'ser de direita' não tem nada a ver com a incompetencia da charge e sim a falha em criar uma quebra de expectativa interessante o suficiente. Eu, se for gastar os minutos (que não merecem ser gastos) pra descobrir onde me encaixo no escopo PRETO E BRANCO dessa visão política, seria de extrema esquerda. Continuo achando o Chávez um boçal. Mas bom, no fim das contas tem jeitos mais interessantes de dizer que o Chaves é um merda e a charge não é exatamente defensável, mas fiquei chateado de ver o trabalho de alguém criticado pelo motivo errado.”

Leonel Domingos da Costa: “Bem, bem... sem 2 centavos... apenas comentando por comentar. Existe um documentário muito bom, embora já um tanto antigo, ainda possível de se achar em grandes locadoras. Chama-se "Arquitetura da Destruição". Garanto que vale bastante à pena assistir, sobretudo para nós, artistas. E, só para fazer ligação com o que foi dito por aqui, Uma das primeiras atitudes do partido nazista, ao chegar ao poder - e ainda naqueles anos em que todos os países de direita do mundo o viam com bons olhos - foi discriminar e perseguir as manifestações artísticas que não seguiam o padrão de beleza ou ideologia que eles admitiam como 'belo', 'são', 'ideal'. Então, respondendo ao Bira, quando pergunta 'É um direito dele? Será?': Sim, é um direito dele. Assegurado pela constituição, e ainda bem.”

Fernanda Lobato: “Resumindo... o cara é tosco, primário, etc, etc....mas tem todo o direito de machucar um papel com os garranchos dele.”

Danniel Soares: “E quem deveria ser o tal árbitro, em vez do mercado - que nada mais é do que as pessoas, cada uma decidindo o que faz, livremente, com o dinheiro que cada um ganha trabalhando? Algum "conselho de notáveis" escolhido pelo governo para um formar algo como o Ministério do Bom-Gosto, visando impedir a degeneração da qualidade da produção cultural, a despeito do que as pessoas quiserem consumir? Sobre a charge: achei ruim para caramba. É quase como se desenhasse só o Chávez, fizesse ele banguela e com bigode, vesgo, banguela, com óculos quebrados e umas mosquinhas indicando que ele é fedido, e tivesse a legenda como 'o Chávez é um bocó'".

Newton Verlangieri: “Pelo seu texto eu imaginei uma charge racista ou nazista, o que eu abominaria também. Mas quando vi a charge, achei engraçada. Bobinha, mas engraçada. Não coloque seus óculos petistas para analisar a charge, coloque os óculos de chargista profissional.”

Rodrigo Martins: “É um direito dele. Tem gente que pega mais leve, outros mais pesado, uns mais cabeça, outros mais diretos. Acho que o importante da charge é pegar.”
 
Gabriela Martins: “Também sou da opinião de que o cara faz charge do que quiser, desde que agüente as pedradas que vierem depois (liberdade de criticar é a mesma que aquela que ele tem pra desenhar). Mas sabe qual é o pior nessa charge dele? É que ela nem tem graça, de tão boba e infantil que é. Chamar alguém de cocô? Chama então de feio, bobo e cara-de-mamão de uma vez."

Rogério Caetano: “Tudo bem que é um direito dele. Não sou a favor do Chávez também (só gosto do que passa no SBT), mas acho que o grande lance da Charge ou da Caricatura é passar as coisas com sutileza e de um jeito que não agrida ao leitor. Essa charge me lembrou uns livrinhos de piadas que vendiam nas bancas antigamente, tudo em um nível duvidoso, algumas até eram legais, mas outras... Pode-se passar a mesma mensagem de formas diferentes, pelo menos é minha opinião. Eu particularmente sou flexível demais quando o assunto é humor. Gosto de piadas mais "baixas" e "rasteiras" como esta, mesmo que ela esteja com um discurso aparentemente "doutrinado". Também gosto das mais elaboradas e sutis. E acho que existe espaço pras duas, quem dera eu conseguisse fazer ambas. Como reducionismo da questão, sem dúvida, esta charge é um mau exemplo, já que ela não cumpre seu papel primordial que é o de fazer rir e refletir. Neste caso, só faz rir, e nem a todos, já que o próprio Bira não achou graça nenhuma... Hehehehe Minha preocupação maior é o quanto de paixão ideológica está envolvida na charge em si (nenhuma, arrisco dizer, ali parece apenas uma manifestação de pouca reflexão - embora retratando uma certa "postura" do leitor alvo - embora eu não saiba em que mídia o artista citado publique). Ou, pior, paixão na crítica, já que o Bira é alguém que sabemos que veste a camisa e luta o combate em que acredita. O que é extremamente válido em seu trabalho, mas não lhe permite avaliações isentas. No geral, a charge não merecia sequer um comentário, já que é uma banalização que não faz tão mal quanto o Bira acredita, já que nossos vizinhos não precisam de nossa ajuda pra ganhar antipatia popular. Mas serve para uma discussão sobre limites, desde que estes sejam sempre de imposição pessoal (o tal "bom-senso") e não algo mais parecido com censura, que é onde acabamos chegando quando tentamos regular o bom senso por senso comum...”
 
Leonel Domingos da Costa: “Olhe, Bira. Desculpe-me por discordar, mas entenda que não estou fazendo avaliação da obra dele, nem da sua, nem de ninguém. Estou apenas indicando que a liberdade de expressão é um direito de todos, sem excessão e sem que haja um pré-julgamento. Acha que toda a luta pelo fim da censura no Brasil foi o quê? "Queremos o fim da censura, mas só para aqueles que são inteligentes e bem-humorados. Os que forem pueris, de mau gosto, etc, pode cortar"? Não é assim que funciona. Se lutamos por direitos iguais, é isso que eles têm que ser. Iguais. E precisam ser salvaguardados, mesmo nas mais
insignificantes manifestações. Imagine isso como uma fronteira, um limite claro e sem brechas. Deixar que esse direito à liberdade seja violado, não importa por quem ou por quê, é romper esta fronteira, e isso pode levar aos anos negros que todos já sabemos muito bem como são, ou porque vivemos esta época, ou porque vimos em livros de história. Que você não goste do estilo do Roque, que ache o humor dele o ápice do mau gosto, é um direito seu. Que diga, para quem quiser ouvir, que acha que a arte dele é de péssima qualidade, em todos os sentidos, direito seu também. Que jamais o chame para uma revista que você edite, é um direito seu. E não há absolutamente nada de errado nisto. Mas ao questionar desta maneira o direito dele em se expressar daquela forma, ao afirmar que: " Por isso eu acho que tudo tem limite sim, a gente não deve passar a mão na cabeça de quem produz arte de péssima qualidade, dizendo: "Você tem o direito de publicar isso e eu defenderei este direito até o fim"." Então você está se posicionando a favor de censurar uma expressão. Não posso, de forma alguma, concordar com isso. Direito de publicar ele tem, sim, tanto quanto qualquer um de nós, tanto quanto qualquer brasileiro
.”

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