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Mestres do Quadrinho Nacional: Zezo
15/12/2005

 O Frankenstein de Zezo

Zezo
, ou José Rivelli Neto, foi um dos melhores desenhistas do território nacional. Isso pode ser uma frase vazia e repetitiva, mas no caso de Zezo é uma grande verdade. Com traços simples, limpos e modernos (para o final dos anos 1950), muito influenciados pelo grafismo da propaganda, Zezo desenvolveu um estilo único entre os quadrinhistas da época.

Nascido em São Paulo, em 20 de fevereiro de 1929, iniciou seu trabalho em uma pequena agência de publicidade em 1953. Dois anos mais tarde, começa a publicar HQs na editora La Selva. Histórias de cowboy, românticas e infantis, mas principalmente de terror. Eram HQs avulsas e de, geralmente, oito páginas, sempre explorando bem as possibilidades do claro e escuro, das formas e sombras, que adquiriam vida própria, num estilo marcante.

Zezo produzia de 20 a 30 páginas por mês, com desenho e arte-final, utilizando desde o pincel até a pena (tendo inclusive fabricado sua própria pena de bambu). Já as capas, sua marca registrada e sua produção mais destacada, eram em média de dez por mês, pintadas e assinadas.

Nos quadrinhos de terror o destaque fica para os 12 números da revista Frankenstein (1960 e 1961). Criado em cima de um pré-roteiro (na verdade uma sinopse) desenvolveu um personagem onipresente, que muitas vezes só aparecia no final da história. Explorando a ambientação da Alemanha no final do século 19, trabalhava com a atmosfera daquele país, colocando o personagem como um produto do meio em que foi criado, não como um monstro, tornando a série uma das melhores adaptações do clássico.

Zezo criou capas para revistas da Editora Outubro e para livros da Editora do Brasil. Saindo do gênero terror, José Rivelli Neto criou um personagem aventureiro para o Jornal Juvenil, entre 1961 e 1962, chamado O Tubarão Voador. Publicou também uma aventura de ficção espacial chamada Rumo ao Infinito, publicada no Jornal Juvenil nº 9 (novembro de 1962) e posteriormente vendida em tiras pela distribuidora de Mauricio de Sousa.

Em 1963 entra para a empresa Duratex, na área de propaganda, na produção de folhetos e cadernos de instrução técnica. Nesse período profissional direcionou sua criação para o traço caricato e de humor. Na revista Serrote (de circulação interna e entre os distribuidores da empresa) ilustrou matérias sobre marcenarias e carpintaria, e criou personagens como Chico Minhoca, um tipo caipira que contava as vantagens dos produtos da empresa de forma cômica. Outro personagem era Bola Tudo - sempre inventando alguma coisa usando os produtos Duratex - e Mutuca, companheiro de Chico Minhoca, que acabaram tendo uma edição especial colorida, em 1966: Dois Batutas no Serrote.

Rinoboy

A partir daí, Zezo ficou mais vinculado à seção administrativa da empresa (chegando a ser diretor da área de propaganda) e se desligando dos quadrinhos. Seu mais recente trabalho foi na a tira Rinoboy, publicada na revista interna dos funcionários, a Revista da AED, entre 1976 e 1977. Era uma sátira juntando dois elementos: o rinoceronte (símbolo da Duratex) e os uniformes dos super-heróis.

Zezo faleceu no final da década de 1980, deixando uma produção excepcional, tanto em qualidade artística como em quantidade (nos tempos da La Selva chegou a produzir cerca de cem capas por ano), mas nunca deixou de lado o prazer de criar uma HQ. Embora pouco conhecido pelos leitores de quadrinhos, foi - juntamente com Jayme Cortez e Miguel Penteado - um dos melhores capistas de terror nacional e que marcou um breve, mas importante, período de nossa produção quadrinizada.

Por Worney Almeida de Souza
Artigo publicado originalmente na revista Pau Brasil #5 (1993) e transcrito com autorização do autor.

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